Capitulo 6

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Tentei dedicar-me ao trabalho, porém a cena vivida no banheiro horas atrás não me saia da cabeça, o gosto dela permanecia em meus lábios e eu tremia só em pensar. Depois de algum tempo as irmãs apareceram na secretaria, a Helô pegou sua bolsa e me deu tchau a distância, a Renata parecia escoltar a irmã, eu fiquei sem entender aquela cena toda. Elas saíram juntas batendo o portão, eu fiz questão de ir até a casinha para ver se escutava o que elas conversavam, mas as duas entraram no carro e saíram em completo silêncio.

Eu por bem achei melhor não me meter nesta história, elas eram irmãs e deveriam acertar suas diferenças sozinhas. Se o problema for eu, elas deveriam encontrar uma maneira de me colocar neste dialogo, buscando entendimento para que as coisas fossem esclarecidas da melhor forma possível.

Será que a Renata ouviu alguma coisa? A Helô não seria capaz de compartilhar o que estava acontecendo entre nós com ela? Por mais parceiras que as duas possam ser, penso que não são amigas o suficiente para compartilharem este segredo.

Convivo pouco com elas para saber o grau de confiança existente nesta relação. Pelo comportamento apresentado pela Renata, ela não sabia o que estava acontecendo, poderia até desconfiar, agora ter certeza, acho que não.

As horas passaram e o meu dia de trabalho teve fim, a Helô não ligou e eu não tinha com falar com ela. Dando-me por vencida fui para casa angustiada com o clima quer estava instalado entre as irmãs e era impossível negar que isso cresceu, pelo fato dela não ter me ligado como fazia todos os dias.

Chegando em casa fui tomar meu banho e logo o telefone tocou, era a Selma. Ao ouvir a voz dela no outro lado da linha a minha culpa veio à tona. Eu não poderia continuar mantendo a nossa relação, precisava ter uma conversa honesta e colocar um fim nesta relação, porém não sabia como ela iria reagir diante de tudo. Assim que atendi ela foi logo dizendo:

- Fê senti sua falta! Por que você não me ligou?

- Boa Noite Amor, tive um dia corrido e não sabia se poderia ligar, nunca sei como as coisa estão na sua casa. Porque você não me ligou no trabalho?

- Ah! Sei lá, não queria te atrapalhar, te incomodar no seu trabalho. Como foi seu dia?

- Foi tranquilo. Como está seu pé?

- Estou com um pouco de dor, não aguento mais usar essa bota!

- Calma, você sabe que se não usar vai demorar mais para sarar! Tenha paciência.

- Você fala como se fosse fácil.

- Eu sei que não é, você não consegue ficar parada. Nós precisamos conversar.

- Sério? Sobre o que?

- Sobre a gente!

- Aconteceu alguma coisa?

- Não, não que eu saiba. Vou esperar você ficar boa e nos falamos.

- Ok, mas você está bem? Adianta-me alguma coisa por telefone mesmo.

- Calma mulher curiosa. Estou bem, está tudo bem! Estou cansada, nos falamos amanhã pode ser?

- Pode, estou com saudades! Não esquece tá!

- Não esqueço! Boa noite e te cuida! Beijos.

- Beijos Amor, durma bem!

Tentei dormir, porém meus pensamentos eram um emaranhado de sensações e dúvidas, tudo parecia ressoar em mim com uma força além do normal, meus desejos por alguém que mal conhecia, juntamente com a minha culpa por permitir que isso acontecesse me atormentavam de certa forma. Eu pensava na conversa que teria com a Selma e tentava elaborar perguntas e respostas que poderiam surgir durante a nossa conversa, eu não poderia ser pega de surpresa sem saber responder algo que me fosse perguntado e este diálogo parecia não ter fim.

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