Capitulo 4

1.1K 39 15
                                    


Incertezas era tudo que passava dentro e fora de mim, mais uma vez estava eu sem saber ao certo como me portar diante da Helô, cá estou eu aqui no trabalho e tentando não dar muita importância aos meus pensamentos. Olhava no relógio de cinco em cinco minutos e o tempo parecia ter parado e me perguntei o porquê delas ainda não estarem aqui, mudando a rotina de todas as segunda feira?

Eu tentava buscar uma razão, a compreensão de o que foi aquele bilhete? Milhares de perguntas e poucas respostas passavam pela minha cabeça. Será que eu estava criando coisas? Será que aquilo significava exatamente o que eu estava pensando? Era tão complicado na minha posição acreditar em qualquer uma das possibilidades que se apresentavam diante de mim, mas confesso que era impossível não enxergar o que estava acontecendo, porém eu não queria parecer tola com a realidade dos fatos. Que situação delicada essa em que me coloquei! Controlar meus pensamentos estava além das minhas forças.

A manhã se passou e não tive noticia algumas delas, o silêncio imperava e cá entre nós, neste momento ele era o melhor conselheiro. A ausência de qualquer sinal, aliada a distancia eram interpretados pela minha mente de forma diversas, a conclusão mais obvio me levava a perceber que as coisas não eram exatamente o que eu estava pensando. Será?

Peguei o telefone algumas dezenas de vezes e disquei o número da casa dela, mas não tive coragem de esperar completar a ligação, confesso que fiz isso. Travei uma batalha épica com a minha ansiedade, ela teve como aliada as minhas centenas de expectativas que a alimentavam esse dilema. Eu precisava me acalmar e deixar que as coisas acontecessem a seu tempo.

Perto das treze horas ouço o barulho de chaves no portão e as vozes das Pequenas, enfim elas haviam chegado. Minha dupla predileta me encheu de beijos e desapareceram no corredor das salas de aula, a Helô por outro lado, passou direto pela secretaria, indo para o refeitório cheia de sacolas e logo pensei:

- Poxa, ela não quis ir comigo ao supermercado, como fazemos todas as segundas- feiras? Isso não é um bom sinal.

Tudo parecia ser mais sério do que eu pensava, temi que as minhas dúvidas apontavam certeiramente para o fato de que nada estava acontecendo e que tudo não passava de fruto da minha imaginação mais que fértil. Coloquei-me em meu lugar, afastei os pensamentos e aguardei que a Helô viesse falar comigo. Assim que escutei o barulho do salto caminhando pelo corredor, saí pelo outro lado, eu estava sem condições psíquicas de encará-la. Fui para a casinha de bonecas, meu refúgio predileto em dias de tormentas e lá fiquei, tentando organizar meus pensamentos.

Fechei meus olhos com toda a minha força buscando equilíbrio, respirei fundo seguidamente e quando me dei conta, novamente ouvi aqueles passos se aproximando de mim, a porta da casinha se abriu e a Helô entrou sentando-se a minha frente, meu coração batia em uma velocidade fora do normal, minha respiração ofegante transparecia meu estado de inquietação. Ela me olhou com aqueles olhos de jabuticaba, num ar de puro questionamento, perguntando-me sei lá o quê. Eu estava tão nervosa que não consegui ouvir nada, eu estava atônita, completamente inerte...paralisada!

Pela primeira vez ousei reparar um pouco mais naquela "pequena grande mulher" que estava diante de mim. Seus longos cabelos negros estavam presos num coque alto, com alguns fios soltos perto da orelha. Ela usava uma camisa de um tecido leve com alguns botões abertos onde deixava a mostra à renda da sua lingerie, usava também uma saia que nem de longe se parecia com uma saia de tão curta que era. Fiquei imaginando o tempo que ela levou para escolher aquela roupa! Não sei como alguém consegue dar aula para crianças com aquele "modelito". Ela sempre usava salto o que tornava seu caminhar único e característico, aquilo mexia comigo. Seu perfume rapidamente tomou conta do pequeno espaço onde estávamos, e eu fiquei surpresa com a minha curiosidade. De repente ouço ela perguntar:

Vidas pra ContarOnde histórias criam vida. Descubra agora