Capitulo 7

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Toda minha energia estava voltada para a conversa que eu teria com as Pequenas. Assim que a Helô chegou nós quatro saímos para tomar sorvete e tentar converasr, exatamente como havíamos combinado ontem. Escolhemos uma famosa rede de Fast Food próxima á escolinha. Após muito escolher fizemos o nosso pedido e aguardávamos que tudo chegasse a nossa mesa.

As Pequenas não paravam de falar, estavam inquietas e com uma disposição inacreditável. Eu estava sentada diante delas em silêncio escolhendo cuidadosamente cada palavras para começar a dizer o que tanto me angustiava, foi quando a Betina de forma espontânea perguntou:

- Tia Fê, por que a gente nunca fez isso antes? A gente nunca tomou sorvete junto, né!

Completamente emocionada com a sua fala respondi com a voz embargada:

- Nós não tivemos tempo, por isso não fizemos antes! Porém estamos aqui hoje todas juntas, eu preciso dizer uma coisa para vocês.

Elas me olhavam com uma cara séria e com aqueles olhos mais carinhosos do mundo, prestando atenção em cada palavra dita por mim elas nem piscavam. Eu sem saber como começar, olhei para a Helô e perguntei:

- Você quer dizer?

- Não, diz você Fê.

- Bom, meninas eu não vou mais trabalhar na Escolinha. Na próxima semana estarei em outro lugar, tenho um novo trabalho.

As duas se entre olharam e pareciam estar assustadas ao me ouvir e perguntaram:

- Por que Tia Fê? Você não gosta mais da gente? Você não gosta de trabalhar na Escolinha! Mamãe não deixa a Tia Fê ir embora.

Deixando o sorvete sobre a mesa, ambas foram para o colo da Helô, a Betina com uma cara fechada, me olhava com um olhar de raiva. Eu não queria que elas me odiassem e deixei a Helô falar com elas, como mãe saberia explicar melhor a situação para as duas e com a maior calma do mundo a Helô começou a falar:

- Filhas olhem para a Mamãe! Antes da Tia Fê começar a trabalhar na Escolinha, ela já havia feito uma prova para trabalhar em outro lugar. Foi o Tio Rodrigo que trouxe ela para me ajudar por um tempo e este tempo acabou.

- Não Mamãe, a gente não quer que ela vá embora. Por que ela precisa ir? Perguntou a Clara.

- Por mais que a gente goste da Tia Fê e eu sei que a gente gosta muito, não é mesmo, meninas? Não podemos impedir ou pedir pra ela ficar!

- É eu gosto um montão dela, respondeu Betina.

- Ela merece ter um trabalho melhor. Acalmem - se, ela não irá sumir das nossas vidas, sempre que a saudade doer, ela virá nos visitar. E nós podemos ir ao trabalho dela sempre que vocês quiserem, completou Helô.

-É verdade, respondi sorrindo.

- Tia você vai trabalhar em que? Perguntou Betina.

- Eu vou continuar tomando conta de um monte de gente, vou ser policial agora!

- Nossa, que legal isso Tia, comentou Betina com aquele sorriso banguela mais lindo mundo.

- Meu pai também era policial, vou ser como ele. E sempre que vocês quiserem podem ir me ver, vou adorar recebe- las em meu novo trabalho.

E aos poucos foram acostumando-se com a ideia e nós mudamos de assunto. Ainda era muito difícil falar sobre a minha partida, este assunto nos causava dor e era visível para nós quatro o quanto era difícil ir embora. Eu olhava para aquelas três e pela primeira vez estávamos fora da Escolinha, em um ambiente diferente do habitual. Nós nos olhávamos e como era mágico aquilo tudo. Passei noites em claro imaginando se isso poderia dar certo, nós e elas? Em como seria isso e cá estamos nós, todas juntas.

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