Capitulo 5

1.5K 35 14
                                        


As horas foram passando e eu fiquei com aquele silêncio, não recebi uma ligação se quer, sem notícias e amparada pelo silêncio que misturando-se com a minha sensação de culpa, inundaram minha alma. Matizes de sensações e perguntas foram ganhando espaço é eu não sabia o que pensar e nem como agir. Creio que assim como eu, ela deveria estar sentindo exatamente a mesma coisa, com algumas diferenças gigantescas, acho! O que estaria passando pela cabeça da Helô?

Não fui capaz de ligar, ligar em busca de respostas. Mil coisas passavam pela a minha cabeça e uma delas, era que eu poderia estar sendo egoísta, egoísta por pensar que talvez uma das Pequenas não estivesse bem, coisa natural na idade delas, tentava de alguma forma, justificar aquela ausência, mas ela poderia ter ligado, dito qualquer coisa, mas dito, me dado notícias.

Por outro lado, talvez, fosse melhor assim, deixar que novamente as coisas se acalmassem para sabermos como agir. Mesmo porque, isso não iria dar certo mesmo, não poderíamos permitir sentir ou querer qualquer coisa além do que tínhamos. Isso não seria possível! Nós não poderíamos existir. E que pretensão a minha pensar que sim! Eu já estava vislumbrando nós, é isso mesmo? Como assim?

Fui tomada por estes pensamentos e não fui capaz de pensar em mais nada, eu precisava ver a Selma e apagar aquele beijo o mais rápido possível de mim e da minha cabeça, eu não poderia dar espaço para estes sentimentos! Busquei mil justificativas para tentar diminuir o que eu estava sentindo, meus sentimentos eram um misto de surpresa, medo, angustia e um desejo maluco de possuir.

O silêncio da Helô reverberou em mim de uma maneira ensurdecedora, uma sensação de rejeição que jamais havia vivido fez-se presente. Será que ela caiu em si e se arrependeu? Ela poderia estar enojada com o beijo. Ela não tem cara de quem vive aos beijos por aí com outras mulheres. Será que anda? De qualquer forma eu estava inquieta com aquilo tudo, não sabia como ser eu, sem transparecer o que estava sentindo.

Ao sair do trabalho dei de cara com a Selma parada na frente da Escolinha a minha espera, entrei no carro com um sorriso amarelo e ela prontamente perguntou-me:

- Seu dia não foi bom? Que cara é essa? Aconteceu alguma coisa?

Eu me mantive calada, pensando o que responder. Mesmo tendo ensaiado esta conversa por horas ao longo do meu dia, não sabia o que responder. Respirei fundo dizendo:

- Ando cansada, preocupada com a demora do meu concurso. Só isso!

- Tem certeza que é isso mesmo? Você está sempre feliz neste seu mundinho infantil e colorido. Estranho encontrar-te assim, depois de um dia de trabalho, abatida e triste.

- Selma é desnecessária essa sua fala, não fala assim! Ninguém é feliz o tempo todo, existem aqueles que fazem de conta que são, estes devemos temer.

- Só você Fernanda!

- Vamos falar um pouco de você, como está o seu trabalho? Raramente te ouço falar do seu dia, só falamos de mim. Como estão as coisas?

- Está como sempre! Uma loucura, mas eu gosto do que faço, você sabe como é isso!

- Eu sei, sinto falta daquele lugar às vezes! Do uniforme, da pressão e todo aquele universo.

- Sério, achei que você tinha o melhor trabalho do mundo?

- Será que você pode parar de ser tão sarcástica comigo? Hoje eu estou precisando de carinho. Será que você pode parar com este clima. E cuidar um pouco de mim.

- Nossa só estava brincando com você! Nunca te vi falando assim! Diz-me, o que houve Fê?

- É, tem dias que é assim. Quero ser cuidada, posso?

Vidas pra ContarOnde histórias criam vida. Descubra agora