Eu imediatamente achei que era alguma brincadeira.
- Então eu to no céu, inferno ou purgatório? - Brinquei. - No limbo, no nirvana, nos campos elíseos, no tártaro, no paraíso... onde?
Yoongi apenas suspirou.
- Você está na mesma terra de sempre, Taehyung. Nunca ouviu falar de ciborgues?
Eu abri a boca em choque. Não acredito...
- Eu... sou...?
- Sim, Taehyung. Você é um ciborgue agora. Só que totalmente reconstituído. Precisaram de muito tempo para fazer suas peças... mas... - Yoongi pousou a mão sobre meu braço esquerdo, e a deslizou até minha bochecha. Seu toque era quente, quase uma tortura para mim. - Você... me sente?
Eu ponderei por vários segundos. Não sentia nada diferente em mim. O calor das mãos de Yoongi, a textura das cobertas, a maciez do colchão... sentia absolutamente tudo.
- Sim... eu sinto. - tanto por dentro quanto por fora. - Mas como assim... não que eu não confie em você, hyung, mas... tem alguma prova?
Ele sorriu desanimado.
- Você realmente quer ver? - Ele deslizou o dedo pela minha bochecha, me fazendo estremecer. Eu assenti e rezei para que ele não visse meus braços arrepiados.
Ele bufou e pegou um envelope cinza de papel, e o entregou para mim.
- Por favor, não se apavore. - Ele pediu. - a polícia cedeu essas fotos.
Eu respirei fundo e abri o envelope. Mas não estava preparado para as fotos.
A primeira era só da cena do acidente. O trator, com a parte da frente ensanguentada, dentro de uma área cercada. A segunda... era a pior de todas.
Era eu, mas... apenas o que sobrou de mim.
Eu estava contorcido num ângulo doloroso... meu braço esquerdo e as duas pernas... separadas do resto do meu corpo... meu crânio aberto... e tudo terrivelmente ensanguentado...
Joguei a foto longe, horrorizado. Já sentia lágrimas descendo pelo meu rosto. Yoongi rapidamente as secou e me abraçou.
- Não chore... água pode fazer seu sistema pifar. Mas... eu sei como se sente. É horrível, eu sei. - ele me apertou contra o peito. - essa já é de você reconstruído. Porém, a pele não havia sido colocada.
Ao olhar a foto, fiquei surpreso novamente. Minha metade esquerda era praticamente toda mecânica, com um fluido azul brilhante percorrendo-a. A outra metade era o que tinha sobrado do meu corpo no acidente. Se pelo menos eu pudesse esquecer aquela foto...
A outra foto foi de como eu fiquei depois da reconstituição. Parecia o mesmo Taehyung de sempre...
- Então... eu não sou humano? - perguntei, com medo. Não suportaria perder minha humanidade. Era ela que me fazia amar.
- Claro que não, Taehyung. Você é apenas um humano com algo a mais agora. - Ele sorriu. - algo muito bom que se esconde aqui. - Ele pôs a mão no meu coração.
- Mas e se eu não for mais humano?
- Você é, Taehyung. Porque é capaz de amar.
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Mechanical Heart
FanfictionEu podia não ser humano, porém sentia... Eu podia ser considerado inanimado, porém... eu o amava. Acima de tudo, o amava.