Capítulo II

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Há um mês atrás eu nunca poderia imaginar que isso seria real. A plenitude. A sensação de se perder no espaço. Perder qualquer noção das horas, mas que de fato, apesar de tudo, eu contava na ponta dos meus dedos. Isso fazia toda a diferença. Eu contava apenas as horas que brilhavam a sua volta.

Eu nunca havia deixado alguém entrar em minha casa. A única exceção eram meus pais. Minha casa era minha fortaleza, como um jardim fechado cheio de espinhos que formavam uma dura proteção. E agora em meio a toda a bagunça que era esse jardim, estava a mais bela flor que eu poderia encontrar: Ana. Minha bela Ana.

Quarenta e oito.

Quarenta e oito passos eram o que separava minha casa da dela. Agora minha tortura durava mais alguns passos para que a levasse ate o interior da minha casa, ate o interior do meu quarto, ate a minha cama.

Estamos deitados aqui a há um bom tempo. Tempo o suficiente para meu braço direito estar totalmente dormente. Mas não me importo, é onde ela deve estar.
Seu corpo pequeno e quente se aconchega ao meu, e ela traça com as unhas semicírculos sem qualquer coerência na minha barriga e peito.
Sim... mencionei que estava sem camisa e ela tambem? Entende agora quando digo que conto apenas as horas que brilham a volta de Ana?

Apesar de estarmos a vontade, não haviamos feito sexo. Não era assim conosco. Pelo menos não ainda. Exploramos o corpo um do outro, sentimos aquilo que não podia ser dado voz e que não poderia ser posto em palavras. Ela respeitava minhas limitações.

Então acima de tudo ela arrumou uma forma de se comunicar comigo sem usar a linguagem de sinais ou o inconveniente papel e caneta.

Não entendi muito bem qual era seu objetivo quando me pediu para tirar a camisa e muito menos quando começou a tirar a sua própria camiseta. Mas não questionei. Posso ser surdo e mudo, mas sou homem.

Até que ela me pediu que eu me deitasse na cama, levantei as mãos e disse:

- Você tem certeza?

Ela me deu um sorriso doce, mas um olhar que me deixou com os pelos da nuca ouriçados.

Então agora estávamos aqui, com seus dedos formando palavras, porém de uma forma totalmente nova.
Suas unhas fazem cocegas mas me concentro no que ela quer dizer e não na sensação das suas mãos em mim... ou do cheiro doce de seus cabelos... ou dos seus seios macios roçando na lateral do meu corpo.

- Você me ama? - É o que ela diz.

Finalmente movo meu braço direito debaixo de sua cabeça, e ela deita de lado virada para mim olhando com expectativa.

Eu levanto as mãos para dizer mas ela balança a cabeça e apontando para o próprio corpo.

Não posso dizer que me incomodo com isso. Pensei sorrindo.

Traço a letra S no meio da sua testa... desenho um I ao longo do seu nariz... e antes que eu delineie a letra M sobre seus lábios cheios ela me beija.

Dificilmente poderia mencionar com exatidão tudo o que dissemos no corpo um do outro. Mas entre as palavras que formamos demos mais sentidos a elas naquele beijo.

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Voltei! Sei que é um capítulo curto mas é uma prévia do que está por vir. A fofura esta no ar.... mas Nem tudo são flores pra esses dois.

Posto mais capítulos mais cedo do que vcs esperam
Não se esqueçam de deixar uma estrelinha e um comentário. Isso só me motiva a escrever mais.
Obrigada por ler, hj e sempre ♡

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