Meu rosto inteiro dói.
A visão do meu olho esquerdo esta obstruída e sinto como se o meu globo ocular fosse saltar das órbitas.
Meu maxilar parece deslocado mas não quebrado.Dói respirar e rezo para que minhas costelas não estejam quebradas.
Mas apesar de tudo o que mais me preocupa são as minhas mãos.
Não consigo movê-las
Tento erguer minha cabeça do asfalto mas pesa mais de uma tonelada então a deito novamente no chão, pelo menos não está mais chovendo. E enquanto faço um inventário dos meus machucados de novo e de novo, a escuridão me engole.
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Sinto uma picada no braço direito mas o resto do meu corpo parece anestesiado.
Abro os olhos. Na verdade só um deles.
Em meio aos meus pensamentos embaralhados esperava ver um teto branco acima de mim em companhia das luzes frias de um teto de hospital, mas o que vejo é um céu azul pitado com nuvens brancas e um ventilador de teto. Olho em envolta tanto quanto posso sem mexer a cabeça e reconheço os moveis, a cor das paredes
Meu quarto.
Meu quarto de infância na casa dos meus pais.
Não faço a menor ideia de como vim parar aqui.
Então minhas perguntas ficam em segundo plano quando um nome me vem a cabeça.
Ana.
Eu a deixei naquele quarto. Naquela pensão ridícula. Sozinha.
Meu coração se aperta ao lembrar da noite que passamos juntos.
Minha respiração sai mais pesada e faço força para levantar, mas quando apoio meu peso nos punhos uma dor nos ossos me faz cair de volta nos travesseiros. Levanto meu braço o maximo que posso e vejo meus dedos, punho e antebraço enfaixados. Não consigo mover os dedos ou as mãos de toda forma.
Estão quebrados.
Estou incapacitado. Completamente mudo. Panico me atingi e apesar da dor me agito na cama. A linha de IV rasga minha pele mas não me importo. É como num pesadelo. Em que você tenta gritar e gritar mas sua voz não sai, ninguém te escuta.
Vejo a porta do quarto ser aberta mas o panico ainda esta correndo por mim e não consigo raciocinar.
O rosto do meu pai aparece na frente e me pega pelos ombros e me sacode.
Não posso ficar assim. Minhas mãos. Como vou poder falar? Como vou poder explicar o que aconteceu?
Sinto uma outra picado no meu braço. O quarto começa girar e então tudo fica escuro novamente.⊙⊙⊙⊙⊙⊙⊙⊙⊙⊙⊙⊙⊙⊙⊙⊙⊙⊙⊙⊙⊙
Sinto uma mão acariciando meus cabelos.
Ana?
Meus olhos se abrem em fendas, não consigo fazer melhor do que isso. Vejo minha mãe ao meu lado sentada na beira da cama. Seus olhos azuis estão brilhando com lágrimas. E ao mesmo tempo percebo que os meus também estão. Não tenho mais forças para entrar em pânico novamente. Ela enxuga minhas lágrimas e beija minha testa. Acho que é o único lugar onde não há ferimentos.
Meu pai não está longe.
Está de pé do outro lado da cama me dando um olhar ao mesmo tempo clínico, como qualquer médico dá a seu paciente, mas também há preocupação e raiva em seus olhos, na linha da sua testa.
Ele senta ao meu lado e me cega por alguns instantes com a lanterna clínica. Acho que tenho sorte de meu pai ser médico.
Ele me olha por alguns instantes com os mesmos olhos azuis que os meus e sai do quarto. Quando volta traz folhas em branco e uma caneta.
Sei o que vão fazer.
Nesse instante não sei se perguntas de sim ou não serão suficiente para explicar tudo o que aconteceu e que pode vir a acontecer.
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BÚ !!
HAHAHA
POSTAGENS IN LOCO
Votem comentem
Amo ver que vcs existem
Bjs e obrigada ;)
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Medo, a Coragem [DEGUSTAÇÃO - DE GRAÇA NA AMAZON]
RomanceQuarenta e oito passos separam Jhon de Ana. Na companhia incessante do silêncio desde o seu nascimento, lhe restava apenas aquilo que a visão lhe permitia. Todos os dias seus caminhos cruzavam um com o outro. Jhon nunca havia tido coragem de agir...