A salvo.

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Eu estava cansada, praticamente acabada após correr vários quilômetros com a perna machucada.

Não havia nada além de árvores a minha volta, o que acabava sendo preocupante. Zumbis apareciam de surpresa me obrigando a movimentar meu corpo mais que o necessário, intensificando a dor que se instalava pela minha coxa.

Maldito apocalipse!

Avistei uma grande árvore e me aproximei dela, era melhor parar um pouco e descansar antes que os malditos chegassem em bando.

Coloquei minha mochila ao lado junto da minha foice e escorreguei pelo tronco até o chão, mantendo a perna esticada.

Fazia alguns dias que eu me encontrava só. Infelizmente todos que conheci morreram ou estão por aí andando como mortos-vivos.

Só dessa breve imagem invadir minha mente, já engulo seco, é triste ter a consciência de que não existe mais ninguém que você conheça.

As folhas balançando lá no alto trazia um pouco da paz que deixei de ter há algum tempo, era relaxante. O frescor da brisa bateu contra o meu rosto e acabei fechando os olhos, apenas por alguns segundos.

Nem mesmo assim a dor ia embora. A cada movimento era uma fisgada diferente que paralisava toda a extensão da minha cintura para baixo. Odeio me sentir impotente... Devo isso graças aos caras que topei pelo caminho. Sorte a minha escapar ilesa. Quer dizer, quase.

Não demorou muito para que meus ouvidos captassem passos vindo ao longe. Tentei encontrar qualquer vestígio, mas aqueles troncos e amontoados de folhas impedia a minha visão de trabalhar.

Droga, meu corpo estava pesando cada vez mais.

Não era hora e nem lugar de apagar.

Tentei me levantar e acabei ouvindo novamente, só que agora eles estavam ainda mais próximos. Os batimentos do meu coração se intensificaram e já podia sentir o suor escorrer pela minha testa.

Agora pude ouvir conversas, pessoas se comunicando em palavras curtas. De algo agora pude ter certeza, não eram zumbis.

O desespero começou a tomar conta de mim, quase me dominando.

Que bom que aquelas bestas não podem sentir o cheiro do medo, se não já estaria sendo devorada.

Quando passei a ver silhuetas, tudo a minha volta girou e foi piorando na medida que aquelas pessoas se aproximavam, queria muito correr, mas minhas pernas estavam respondendo por si mesmas e negando o meu desejo.

Minhas pálpebras começaram a se fechar.

— Olhem ali... — ouvi dizer antes de tudo se tornar um borrão escuro e apagar rapidamente.

Você matou sua família. Você os deixou morrer. Covarde.

Acordei abruptamente, me sentando. Desde que passei a ter esses pesadelos, acordar assim era como correr uma maratona, sempre estaria ofegante.

Olhei em volta e não reconheci o lugar onde me encontrava. Era um quarto em uma provável casa abandonada, e eu não tinha ideia se estaria sozinha ou não.

Pensei em me levantar, mas ao tentar colocar a perna para baixo sinto uma pontada na coxa. Fitei o local da dor e bem onde estava o machucado havia uma faixa branca.

Sem deixar de ressaltar a minha calça rasgada.

Quem é que fosse as pessoas que me trouxeram para cá, eu estava inteiramente agradecida, pois eles cuidaram de mim.

— Que bom que está acordada.

Encaro a minha frente me deparando com uma mulher de cabelos curtos e brancos.

Ela é tudo | The Walking DeadOnde histórias criam vida. Descubra agora