Ela é tudo | The Walking Dead

Certidão.

Somente uma saída daquele lugar poderia me dar a paz que eu estava procurando desde horas atrás quando meu caminho voltou a se cruzar com o daquele crápula.

Com a minha foice em punho, preparada para qualquer zumbi, comecei a andar por entre as árvores, conseguindo por todos os meus confusos pensamentos em ordem.

Estar sozinha acaba te obrigando a repensar nas coisas que acontece no seu dia a dia, e infelizmente o acontecimento recente foi a chegada de Negan em Alexandria.

Pois é.

Quem diria que eu, novamente, ficaria no mesmo lugar que o embrulho do tinhoso.

Isso soa tão ironicamente horrível. Minha vida estava entrando nos eixos novamente, mas parece que ela me olhou, riu e disse "Não dessa vez, Alessa." É... Não dessa vez mesmo.

— Olá, zumbizinho. — encarei o resto de ser humano em decomposição que continha larvas e crostas nos variados buracos expostos sobre aquilo que antes era considerado sua pele. — Você não é nada perto do que tenho que enfrentar. — fui certeira com a foice no meio da testa daquela coisa. — Deve ser ótimo quando alguém acaba com o seu sofrimento, certo? — empurrei o corpo já realmente morto com o pé, vendo-o rolar pela ladeira. — Ótimo... Estou enlouquecendo mesmo! Falando com zumbi?

Continuei a caminhada e cada vez mais me afastava da comunidade. Era um ótima hora para fugir caso não houvesse nada me prendendo lá, mas há.

Abandonar Rick seria como arrancar seu coração fora, e faria de mim um monstro também, por deixar alguém de bom caráter que cuidou de tudo para que a minha pessoa se recuperasse, sem falar nos sentimentos que nós dois nutrimos um pelo o outro.

E tem o Carl também... Ele se tornou meio que um sobrinho para mim, irmão seria estranho considerando que seu pai e eu estamos em um relacionamento. Judith está no mesmo tópico.

Maggie é a irmã que nunca existiu e a que substituiu Aline em todos os aspectos.

E não posso deixar de mencionar Daryl. O turrão, bruto e de poucas palavras que acabou conquistando a parte sensível que habita em mim. Não existe explicação esclarecedora capaz de nomear o que sinto em relação à ele, ou quando ele se aproxima. O jeito misterioso no qual me olha faz com que inúmeras questões cresçam dentro do meu subconsciente, igual ao sorriso tímido e seco que só vejo acontecer raramente. Ele é uma versão fechada de Rick, que causa um turbilhão de emoções dentro do meu ser e acaba deixando tudo confuso.

— Era só o que me faltava! — exclamei após perceber as besteiras que estava passando pela minha cabeça.

Permaneci do lado de fora por umas duas ou três horas mais ou menos, matando um ou outro zumbi que aparecia, podendo descontar minha raiva.

Os barulhos de corujas estavam ficando cada vez mais alto, mostrando a mim que já era hora de voltar.

Refiz o caminho de volta, só que com mais paciência e menos vontade de chegar. Negan está lá. Os salvadores estão lá. Todos estão juntos das pessoas boas que mantinha Alexandria de pé.

Ao passar pelo portão, vejo Carl correndo na minha direção.

— Onde se meteu? — perguntou ofegando.

— Fui espairecer. — continuei andando.

— Por três horas?

— Algumas pessoas levam tempo.

— Negan está atazanando meu pai por horas também. Ele quer conversar contigo. — Carl fez com que eu parasse e respirasse fundo.

— Aquele antílope já falou comigo hoje. O que tanto ele quer? — a irritação voltou a tomar conta da minha voz, fazendo aquelas horas fora buscando por serenidade, desaparecer.