Estou sempre cuidando de você.

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Contei até dez mentalmente ao me deparar com a face que na minha mente era a própria personificação do diabo. Olhei para Carl e o mesmo mantinha uma cara carrancuda.

— Se mantenha calma, Alessa. — falei comigo mesmo ao vê-lo se aproximando com aquele negócio nas mãos.

— Alexandria fez bem para você, Luci... — ele veio com a mão em direção ao meu rosto, mas o brequei antes que aqueles dedos nojentos  tocassem minha pele.

— É Alessa! — falei entre dentes, com o maxilar cerrado.

— Eu prefiro Lucille. — retorquiu sorrindo.

— Foda-se o que você prefere. — o peitei sem me deixar  intimidar.

— É bom ver você de novo, garoto caolho. — Negan bateu com as pontas dos dedos no chapéu de Carl e se virou — Nada como um lugar de paz e tranquilidade, não? Fiquei até meio retraído quando seus amiguinhos resolveram se comunicar conosco. Poderia ser uma brincadeira de mau gosto... — ele me olhou de soslaio — Mas acredito que nenhum de vocês queiram brincar comigo, certo?

— Muito menos você deve se meter com a gente. — Daryl surgiu ao lado de Rick com sua crossbow.

— É um acordo de paz, correto? Quem sou eu para arrumar confusão?

— Um assassino? — respondi.

— Viver longe de mim fez de você uma boca suja. — Negan passou a mão pelo queixo e voltou a me olhar — Isso apimenta as coisas... Eu gosto bastante. — umedeceu os lábios enquanto fixava seus olhos nos meus.

— Se afasta dela! — Rick veio até nós e se colocou entre mim e ele — O acordo foi claro, Negan. Siga-o ao pé da letra, ou se não sabe bem o que pode vir a acontecer.

— Então está traçando a minha garota? 

Meu queixo caiu ao ouvir aquilo. Daryl também se aproximou ao ver que estava acontecendo algo.

— Sua garota uma ova! — tentei partir para cima dele, mas Rick me impediu.

— Quero respeito. Será que pode fazer isso?

— Qual é... — Negan deu risada — Ela é boa de cama? 

Não consegui dizer nada, mas Daryl socou o rosto dele sem pensar duas vezes.

— Você sabe o que significa a palavra respeito? Ahn? — ele queria atacar Negan, indo para cima feito um galizé, mas novamente Rick impediu, tentando a todo custo fazer daquilo um convívio normal.

— É melhor manter esse seu amigo longe de mim. — Negan mexeu seu queixo — Rapazes, vamos para a casa. — chamou os restantes dos Salvadores — Temos uma, não temos?

— A última da segunda rua. — Rick não esboçou nenhuma reação, apenas respondeu.

Negan assentiu, porém não tirou os olhos de cima do Daryl.

Ficamos ali observando a trupe dele seguir para o fim da rua feito cachorrinhos, nos olhando como se fossemos a atração deles e não o contrário.

— Quero meter uma bala na cabeça de cada um. — murmurei e Daryl fitou meu rosto.

— Droga... — o mesmo disse e chacoalhou a mão na qual acertou o soco em Negan.

— O que aconteceu? — perguntei, chamando a atenção de Rick.

— Nada, não foi nada!

— Para de ser um bundão teimoso e me mostra! — revidei sem paciência.

— Anda logo, sabe que ela pode cuidar disso. — Rick tomou a palavra.

— Foi só um corte. — Daryl cedeu e mostrou a mão.

— Só um corte, mas precisa de curativo. — falei ao examinar superficialmente o machucado.

— Vá com ele para a enfermaria, vou cuidar de algumas coisas aqui. — Rick disse e eu concordei, mas antes dele ir, dei um beijo nele.

— Se cuida, por favor. — pedi.

— Pode deixar. — Rick deu um meio sorriso — Venha, Carl. — chamou o filho que não hesitou em segui-lo.

***

— Isso está ardendo! — Daryl reclamou de novo, pela quinta vez só naquele minuto.

— É claro que está, isso é um corte, pequeno mas continua sendo um.

— Pensei que enfermeiras fossem delicadas.

Arqueei uma sobrancelha e o encarei.

— Somos delicadas, mas só quando os pacientes ficam calados. — pressionei em cima do curativo e fui até a prateleira de remédios.

— Ah! — grunhiu.

— Vamos ver... Aqui. — voltei com uma caixinha. — Beba esse toda noite. — o entreguei.

— Posso tomar com álcool?

— O que você acha, Dixon? — cruzei os braços.

— Pela sua cara, a resposta é não. — com um pulo ele se colocou de pé. — Obrigado por cuidar disso.

— Estou sempre cuidando de você. É uma sina que tenho que enfrentar todos os dias.

— Você fala como se eu fosse um bebê chorão.

— Bom, você não chorou, mas reclamou bastante enquanto eu fazia esse curativo. No fim, é a mesma coisa. — zoei com a cara dele, tendo a plena certeza de que o vi esboçar um sorrisinho de canto de boca. — Enfim, não precisa por sua vida em risco por minha causa da próxima vez.

— Ele te desrespeitou, era o mínimo que eu poderia ter feito.

Andei até ele de braços cruzados e parei na sua frente.

— Você poderia ter morrido.

— Negan não me mataria, pelo menos não enquanto o trato valer. — rebateu, olhando para mim.

— Mesmo assim... — tirei os fios da frente dos olhos dele — Não me perdoaria se algo acontecesse contigo. E creio que Rick também não.

— Se preocupa tanto comigo? Ou é só por pena, mesmo?

— É claro que eu me preocupo com você. Eu fui salva por ti também, então... Meio que te devo tudo.

— Posso te confessar uma coisa? — perguntou deixando o que eu tinha acabado de dizer de lado.

— Pode? — dei de ombros.

— Com certeza esse não é o momento certo para...

— Alessa, pode me acompanhar? — Aaron chegou ali — Não estou atrapalhando, estou?

— Não, imagina. — falei — Depois conversamos, Daryl. Cuida desse machucado, por favor. — pedi e segui Aaron até o lado de fora.  — Negan já aprontou o quê?

— Calma, ele não fez nada, ainda. Só que o mesmo está pedindo sua ida à casa dele o mais rápido possível, para poderem conversar a sós.

— Eu e ele não temos o que conversar. Nada. O que ele está achando? Que vai vir aqui e começar a mandar em mim? Se Negan está achando isso, está muito enganado!

— Novamente... Calma. Eu só vim dar o recado.

— Eu sei, desculpe. — passei a mão pela testa e suspirei. — Avisa que apareço lá quando me der vontade. — falei e o deixei ali, se perguntando como alguém teria coragem de desafiar uma pessoa daquelas.

Mas já não tenho o medo de antes, pra mim ele não passa de um babaca.

Ela é tudo | The Walking DeadOnde histórias criam vida. Descubra agora