Ship & Diagnosis

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  MEU ANIVERSÁRIO PORÉM O PRESENTE É DE VOCÊS

  (Capítulo MUITOO curtinho, desculpem :( )

Xx

  "Sabe que isso é errado, né?" Sentado em uma cadeira de estofado preto e com o celular em mãos, Ed observava seu amigo enquanto o mesmo se deitava na maca também acolchoada. Em seu braço havia o desenho transferido pelo papel carbono e esperavam pelo responsável do lugar. Um mínimo sorriso brincava nos lábios do cacheado ao revirar os olhos por conta da repetição da pergunta.

  "Sim Ed, eu sei, ok? Mas ninguém precisa saber" esbravejou, voltando a posição em que deveria ficar e sentindo seu coração acelerar ao ver o tatuador invadir a sala. Uma mistura de felicidade e medo o preenchiam, afinal Harry sabia a dor, assim como sabia a beleza dos traços em sua epiderme.

  "Cedo ou tarde alguém vai descobrir" murmurou, ignorando os fatos e bloqueando o celular, guardando-o no bolso. Enquanto o zumbido irritante se iniciava, Ed aproveitou para conversar sobre Louis: "Nós não repassamos a última consulta. Como ele está? Todos na recepção escutaram os gritos."

  "Foi um surto psicótico. Minha fala o lembrou de alguma cena no passado e isso serviu como gatilho. Mas eu não acho que tenha sido inédito" admitiu, fazendo uma careta ao sentir a agulha entrando na superfície de sua pele.

  "Não pode se basear apenas no achismo" Sheeran repreendeu-o, balançando uma de suas pernas por conta da ansiedade em entender a mente do jogador. "Tem alguma ideia sobre o que era?" seus olhos se encontraram apenas para observar a decepção nas orbes verdes por falhar em descobrir o motivo. Harry negou, completando: "É difícil. O passado dele é um segredo e aos poucos estou descobrindo. Mas a fragilidade em falar sobre o amigo me faz pensar que seja algo sobre eles."

  "Novamente, isso é algo que você acha. Nós precisamos de fatos. O que te faz pensar assim?" Uniu os dedos, se curvando na cadeira. O tatuador, que ouvia a conversa, sorriu com a afronta. Sheeran e Styles haviam iniciado um debate. "Sua respiração perde o ritmo, existem sinais de nervosismo nos movimentos de seu corpo e nas expressões faciais. Além disso, a voz aumenta vez ou outra ao falar seu nome. Isso me faz crer que houve um forte envolvimento emocional entre ambos."

  Sua seriedade e a forma como organizava os argumentos apenas contribuiu para a tensão no cômodo. "Envolvimento?" Ed repetiu a palavra, sendo respondido com um aceno em concordância e perguntando com dúvida: "Como um relacionamento?"

  "Um acordo."

  "Isso não faz sentido. O que é tão importante ao ponto de se fazer um acordo?" a indignação em sua voz era notável e em partes, o interrogatório do ruivo ajudavam Harry a criar uma linha de pensamento mais clara sobre o mistério que Louis parecia ser. "Eu não sei! Mas tem a ver com o passado dele. Um segredo que vem tirando meu sono." 

  "Não só os segredos como o dono também, não?" Ed riu descontraindo. Quando o cacheado entendeu a piada, o acompanhou, sendo repreendido pelo tatuador por se mover. "O que mais você sabe?"

  Suspiros escaparam por seus lábios até estar pronto para responder. "Sei que Louis está sendo dominado pelo subconsciente."

  "Como assim?" O ruivo arregalou os olhos por um instante, mostrando total interesse pelo assunto.

  "O subconsciente é atemporal. Logo, o passado que nós conhecemos é também o nosso presente. Ele não sabe distinguir a ficção da realidade e se essa dominância acontecer, torna possível recriar cenas antigas em qualquer momento." explicou com cuidado, completando: "É provável que os surtos psicóticos dele estejam em uma união com o subconsciente. Então, voltar a viver o próprio passado seria algo fácil, pois qualquer ato ou palavra pode servir como auxiliador para tal."

  Impressionado com as palavras e também com o caso, o ruivo precisou de um tempo para assimilar a informação, resumindo em seguida para ter certeza: "Isso quer dizer que Louis não sabe distinguir o que é passado ou presente?"

  "Não exatamente. Ele até sabe, mas a dominância do subconsciente sobre a capacidade racional é tão grande, que acaba ignorando esse fato" corrigiu Sheeran, dando uma pausa para observar como a tatuagem estava ficando. O mastro já havia sido feito.

  "E o que pode acontecer?" Perguntou curioso.

  "Eu não sei... Nunca tive nenhum caso assim antes, Ed. Mas se ele ficar preso no passado, é possível que enlouqueça" Harry deixou que a pena transparecesse em sua voz e olhar. "Meu único medo é não conseguir ajudá-lo antes disso acontecer."

  O silêncio dominou a sala após sua fala. Sheeran pensou por minutos até seu celular vibrar no bolso da calça e o tatuador indicou para o ruivo onde ficava o banheiro. Sua agenda fora fechada apenas para atender o psicólogo que havia o ajudado a vencer a depressão.

  "Como está no trabalho?" Mark perguntou enquanto limpava as sobras de tinta. "Apesar dessa confusão toda, bem" sorriu, olhando para as paredes onde estavam coladas diversas folhas com desenhos tribais e realistas. Styles era um amante das tatuagens em aquarela, mas nunca tivera coragem de fazer nenhuma. "E você? Está melhor?"

  "A cada dia" respondeu orgulhoso. O lugar onde antes era estampada a cicatriz de sua tentativa de suicídio, agora era preenchido por um desenho de sua filha. Sem querer se aprofundar, o cacheado se manteve quieto, batucando os dedos em sua perna.

  Ao ouvir a voz do homem careca anunciar que a tatuagem estava pronta, um olhar impressionado fora direcionado para seu braço. A pele ainda estava avermelhada e como procedimento, Mark lhe disse tudo o que devia ser feito; como evitar comer carne de porco e se expor ao sol. O navio era estampado em seu bíceps e protegido por uma fina camada de plástico transparente. Harry pagou pelo trabalho e material, andando com o assistente até o carro.

  "Você devia contar pra ele" o ruivo murmurou no meio do caminho, apontando para o braço do outro.

  "Ah, claro. 'Olha Louis, eu tatuei os desenhos que você fez porque sou um fanático maluco' " ironizou, fazendo aspas com os dedos e largando o volante por alguns segundos. Ed riu, revirando os olhos em seguida. "Não precisa ser assim. Você mesmo disse que ele é egocêntrico. Talvez fosse gostar" deu de ombros.

  Por um momento o psicólogo chegou a aceitar a ideia, mas descartou-a rapidamente, tirando sarro de si mesmo e mudando de assunto. "Soube que vai ter um jogo semana que vem, Niall comentou com você?"

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