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- Não vá Enny - Dyego fala tentando me segurar.
- Você amoleceu com o tempo? Está fraco! MAS... Obrigado por cuidar de mim e de minha armadura - falo andando pelos corredores.
De fato a armadura estava como antes, totalmente reluzente, exibindo sua superfície perfeitamente limpa, Dyego tinha até adaptado ela para ficarem ajustadas com minhas asas.
Quanto tempo... eu não sentia minhas asas, essas sensação de... de tê-las novamente... achei que as cicatrizes em minhas costas ficariam ali para sempre... me lembrando da dor que passei, e mesmo com as assas agora, a dor continuará em minhas piores lembranças.
- Enny por favor, você não entende... eles... eles são mais fortes, tem mais soldados, são mais habilidosos - Dyego implora.
- Cale a boca! Não posso admitir que fale assim desses seres inferiores, animais que ousam pisar em cima de nós - falo pegando minha espada que estava exposta na parede.
Está igual à antes, ele passou esse tempo todo cuidando dela, sou muito grata por isso.
- Espere mais um pouco... fique forte... se alimente um pouco - ele fala me oferecendo um copo de sangue.
Eu tomo um gole...
- Isso e... - Faço cara de nojo.
- Sangue de animal misturado com o de vampiro... foi o melhor que eu consegui... perdoe-me - ele fala.
Eu realmente podia sentir o gosto do sangue de animal e do vampiro, a que ponto chegamos? Caçar animais como seres primitivos?
- O que aconteceu com o estoque de sangue que tinha aqui? - pergunto ainda com o gosto horrível de sangue de terceira na boca.
- Acabou no terceiro ano... eram muitos vampiros e pouco alimento, e Vick... - ele para ao lembrar dela.
- O que houve com Vick? - pergunto já me preocupando.
- Ela queria enfrenta-los, queria honrar sua morte, disse que você nunca aprovaria nos escondermos como ratos - ele diz olhando para baixo - então ela foi... foi sozinha, disse que vingaria a morte de Éric, nunca mais voltou.
- Éric morreu? - falo com os olhos cheios de lágrimas.
- No dia do ataque, era pra ele ter vindo pra cá junto com os outros novatos na primeira evacuação, mas ele quis lutar, disse que era forte, que era capaz, mas não era... eu devia ter o impedido, mas precisávamos de mais vampiros... e... - ele fala com culpa.
- Ouve um tempo em que bebíamos do melhor sangue... que tínhamos um exército... que tínhamos um clã poderoso e temido nos quatro cantos desse mundo maldito, foi só eu desaparecer que tudo acaba? Que meus soldados morrem? E os meus testes? As experiências? Nossos lobos... nosso mundo!
- Eu tentei... eu juro que tentei, mas aquele ataque na última lua era só um teste Enny... depois que você "morreu" eles vieram com tudo, o triplo de lobos e bruxas... muitos pra nós... até pra nós - ele fala olhando para o chão - eu... não tinha um plano... você não acordava, os vampiros queriam formar uma rebelião, eu não sou como você... e não consegui fazer as coisas do seu jeito.
- Não estou reclamando do SEU jeito de governar Dyego... obrigada por tudo, eu terei a MINHA vingança - falo olhando para minhas asas.
- São... lindas - ele sorri.
- Obrigada, presente de Gabriel - falo.
- O Anjo!
- Sim...
- Seria uma pena desperdiçá-las se jogando para morte - ele fala.
- Dyego...
- Enny não! Por favor, eu lhe imploro, todos esses anos fiquei olhando para você, imaginando quando acordaria... acariciando suas asas, e agora... não posso te deixar ir... não posso ter mais uma morte em minhas mãos... por favor - ele começa a chorar - eu... eu te amo!
Ele fica de joelhos.
- Dyego eu... eu não sabia... - falo me ajoelhando na frente dele - mas... você errou alimentando esse sentimento por 16 anos...
- Enny! - ele tenta me impedir de passar pela porta.
- Me desculpa - falo abrindo a porta e deixando o sol entrar.
A pele dele começa a queimar e ele e obrigado a voltar para as sombras.
- Por que... você não... - ele fala olhando para mim.
- Agora sou meio anjo... - falo e começo a voar em direção ao castelo.
Eu conheço esse abrigo, eu mandei fazê-lo para casos de emergência à muitos anos.
Nunca pensei que realmente fossemos precisar, espero que Nick me escute... dessa vez...

Um Passo Para As Trevas (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora