Fatal

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" Teu gelo queima tanto quanto a chama, que destino que nada, cada um faz seu caminho, teu amor é o que me basta e o que me falta, que escolha que nada, cada um tem seu destino "

Ele definitivamente não era o cara mais simpático do mundo, mas o Anthony tinha sua participação significativa nos meus planos, odiava vir aqui mesmo que pela minha mãe, é que ela não entende que ele é como um câncer, quanto mais presente em nossa vida mais nos destrói.

— Oi princesa, precisa de mais alguma coisa? -ele perguntou lambendo o lábio.

Era o tipo de cara que faz o seu estômago querer colocar o café da manhã pra fora, para minha sorte eu não tinha tomado café da manhã.

Cruzei os braços sobre o peito e fiz a minha cara mais séria, com ele se você exigisse respeito não tinha, e se não exigisse...  Bem era pior.

— Eu só vim para pegar a quantia que ela acertou com você. -falei entre os dentes.

A loira seminua entrou pela mesma porta que eu e veio mascando um chiclete enquanto me olhava de cima a baixo,  atitude que me irritava mil vezes mais que ter que vir nesse bar idiota.

— Anthony a novat...

— Não tá vendo que tô ocupado porra! Volta lá e resolve isso seja lá o que for. -ele gritou para ela.

Mesmo sabendo que a mulher era mesmo uma vadia eu tive pena, se alguém gritar assim comigo eu não vou saber fazer outra coisa que não seja chorar.

Ela saiu com a cabeça baixa sem sequer encará-lo, como alguém pode ser tão submisso dessa forma?

— Onde estávamos bebê? -perguntou sorrindo para mim.

— Não me chame dessa forma,  você sabe eu não vou repetir nada.

— O dinheiro da sua mãe? -ele disse estalando os dedos.

— Lembrou? -perguntei irônica.

Anthony pegou um envelope marrom na gaveta da mesa e me estendeu, eu recebi o pacote e dei meia volta implorando para que ele não fizesse nenhum comentário, mas ele era simplesmente ele certo?

— Você sabe que ela vai morrer logo não sabe? -ele disse com meio sorriso nos lábios.

— Vai pro inferno! -mandei.

Saí dali o mais rápido que pude  com os olhos cheios de lágrimas, minha mãe e eu sabíamos que o caso dela era grave, ela estava com um rin completamente parado e outro funcionando só quinze por cento, mas isso não importava,  eu tinha certeza que o universo sabia o quanto eu precisava da minha mãe lá e ele não faria tal crueldade comigo, todo dia vinte do mes eu tinha que ir pegar com o Anthony o dinheiro da conta do hospital, isso porque a minha mãe vendeu nossa casa parcelada para ele, era o único motivo para eu ter que ver aquele meio homem todo mês, fora é claro as vezes que eu cruzava com ele por ai. O Anthony era dono de um sexy Bar onde garotas serviam as mesas completamente sem roupa, bem dependia do dia da semana, minha mãe trabalhava na cozinha para ele e uma ou duas vezes fui obrigada a entrar ali,  não me agradou nada essa situação mas pela minha mãe eu venho fazendo coisas que não quero a muito mais tempo do que consigo recordar, esse tipo de negócio vinha crescendo muito em Amsterdã e as pessoas lotavam essas casas noturnas e bares de segunda a segunda, homens casados, empresários, médicos, advogados...  Se via de tudo por  lá.
Quando ela ficou doente trabalhava em um escritório comercial em outra cidade, despediram minha mãe sem sequer dar algum tipo de auxílio para ela, estamos com a causa na justiça mas vai levar algum tempo para resolver.

       Passo pela avenida das flores mais bonitas que tem aqui e pego uma margarida amarela, coloco-a em meu cabelo apoiada em minha  orelha. Ando mais rápido e mais rápido, faço uma boa caminhada até chegar ao hospital.
Eu já estou com meu cartão de visita por isso não tenho que passar tempo na recepção, Quando eu entro no quarto pego o final da conversa da minha mãe com a enfermeira.

A garçonete do Sexy Bar Onde histórias criam vida. Descubra agora