A garçonete do Sexy Bar

Emprego?

"Crescer é entender que não pode mais correr dos seus próprios medos "

Os pingos d'água caem sobre o tapete vermelho do escritório do Anthony enquanto eu olho o meu reflexo na porta espelhada, quase caio quando ela se move e o próprio demônio passa por ela me encarando com ar de satisfação e triunfo.

__ Liss! Eu estava me perguntando quanto tempo você demoraria para bater na minha porta.

'Agora, nesse exato momento eu sou um cão, com raiva e vontade de morder, mas também sou um cão com fome, então não posso morder quem tem a comida '

__ Eu não tenho como devolver o dinheiro, mas você já sabe disso, tanto quanto deve saber sobre a casa, que não tenho lugar pra onde ir- ele passa a língua imunda por sobre os lábios, isso me enoja- então seja direto.

__Como não tem lugar para ir? Sabe que pode vir para a min...

__ Não! Anthony, eu não vou ceder a nenhuma chantagem, ameaça ou tipo de proposta indecorosa que você tenha para me oferecer- cerro as mãos em punho - você se aproveitou da fragilidade dela, e da minha distração, pelo meu erro agora eu devo você, isso significa que por algum tempo, eu vou ter que suportar essa sua cara, mas quando isso acabar, eu nunca mais vou precisar respirar o mesmo ar que você!

É assim que eu desejo que seja.

__ Eu tinha planos pra nós Liss, esperava que você entendesse que eu sou o seu príncipe encantado, mas você quer do jeito mais difícil então...

Essa pausa me dá medo, e me deixa com o coração apertado, mas não vou deixar que ele me abale.

Sustento meu olhar segura de quem sou, sou filha de uma guerreira, uma lutadora genuína, estou no ringue agora é minha vez de enfrentar os demônios que me cercam.

__ Anda Anthony, diz logo como vai ser, em qual dos seus bares eu devo trabalhar?

Uma pausa de palavras, mas eu posso sentir a ira dele no ar, a frustração, a respiração insatisfeita de quem precisa se vingar.

__Sexy bar, ga.ti.nha.

__Na cozinha? Pergunto com esperança, mas eu sei a resposta, eu sei.

__ seria fácil demais não é? No salão! - estremeço- você vai usar esse corpinho a meu favor de um jeito ou de outro, não pode recusar, sabe disso, eu me certifiquei de que já tivessem bastante promissórias atrasadas quando você viesse até mim, também sei que você não estudou, não tem lugar que te pague o suficiente para viver e me pagar.

O próprio demônio deve estar ofendido agora, por eu ter comparado o Anthony a ele.

__ Você não pode me quebrar Anthony, não depois dessa semana e de todos os pedaços de mim mesma que eu tive que juntar.- cruzo as mãos no peito- não pode me fazer curvar mais do que isso.

__ Não vou quebrar você Clarissa, vou fazer você virar pó e então vou te fazer entender que sou sua única saída, ai você vai me ver como uma opção.

Antes disso eu explodo você.

__ vou alugar um quarto perto do bar, começo amanhã e espero que você seja no mínimo justo com o pagamento, e te aviso que não tente nenhuma gracinha, eu não sou a minha mãe, você não vai me manipular.

__ Vamos jogar boneca, vamos ver se você é tudo o que tenta demonstrar, se conseguir ficar no bar por pelo menos três meses, eu dobro seu salário, com isso você termina de me pagar dentro de dois anos.

__ Vou lembrar você disso, daqui a noventa e um dias.

Ele me entrega um papel, um contrato de trabalho e um folheto de instruções.

__ Não vou assinar agora, vou ler e assino depois, não confio em você. - ele ri debochado, mas assente- eu vou agora.

Saio do escritório percorrendo o folheto, a parte que me interessa diz respeito à vestimentas.

De sábado a quinta o bar funciona com rotina normal, mas na sexta, na sexta, as garçonetes atendem sem roupa, droga de sexy bares,.porcaria de negócio, eu não sou obrigada a ficar, posso fugir e correr o risco de ser perseguida, o Anthony não me parece alguém que deixa passar, posso tentar procurar outro trabalho e correr o risco de levar uma surra por semana se não conseguir pagar ele, já vi como ele cobra as pessoas, nas poucas vezes que fui ajudar minha mãe na cozinha, posso denunciar ele a polícia? Não, a verdade é que assinei os papéis do empréstimo, eu o devo, e metade da polícia daqui é cliente do bar, eu vou pagar ele, e vou sumir daqui.

Mamãe dizia, que a dor é de fato uma grande professora, vamos descobrir que tipo de lições eu tiro dela.