Capítulo 8 - Parte II

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Realmente me dói que não me ame, mas se ele quer estar comigo, já é um caminho dado. Peter interrompe o beijo quando estamos ofegantes. Em silêncio, ele me leva até o sofá de sua sala, observo-o pegar uma cadeira e sentar a minha frente me analisando. Talvez esteja pensando no que eu disse. Ao que me parece, ele acabou de se declarar, mas não quero tirar conclusões precipitadas. Reparo que ele está com uma aparência cansada e uma barba já grandinha pelo maxilar, confesso que até desleixado ele fica bonito.

- No que está pensando? - ele pergunta de fazendo sorrir.

- Em qual dos dois são bonitos. Se o Peter com barba ou o Peter sem barba. - vejo a sombra de seu sorriso.

- Chegou a alguma conclusão?

- Não... É quase impossível saber. - comento com falsa tristeza e em seguida sorrio. – Você deveria tirar alguns dias de férias.

- Estou tão acabado assim? - indaga e olha para si mesmo.

- Eu não diria acabado mais sim, cansado.

- Hm... Talvez a senhorita tenha razão! - murmura saindo da cadeira e indo até sua mesa. - Suzy... - acompanho vendo seus olhos não saírem de mim. - Quero que desmarque todos os meus compromissos de hoje, de amanhã e de domingo... Isso, os remarque para outros dias, estarei indisponível este final de semana.

Então ele trabalha nos finais de semana, não deveria fazer isso em excesso. Ele volta e se senta a minha frente dessa vez sorrindo.

- Fácil assim?

- O que? - ele pergunta sem entender.

- Você decide tirar alguns dias de folga e pronto?

- É uma das vantagens de ser o chefe! - se gaba e gargalho fazendo rir junto.

Nesse momento a porta se rompe revelando uma mulher. Não qualquer uma, mas sim uma loira com seu corpo definido, porém montado. A roupa justa e colada mostra os seus contornos exagerados pelo silicone. Tem uma maquiagem pesada no rosto e um perfume enjoado. Reconheço-a como sendo a mesma do evento em Miami e por um momento penso que isso deve ser algum tipo de pesadelo. Tudo está tranquilo e daí um mostro aparece estragando tudo, mas ao olhar para Peter, vejo que tudo é muito real. Pelo menos ele adquiriu uma expressão séria enquanto analisava a mulher.

- Desculpe meu amor, sua secretaria me disse que estava com uma pessoa mais como você nunca se importou que eu entrasse e ficasse te olhando, eu entrei. - fala a mulher com voz de taquara rachada, jogando a sua bolsa de mão na mesa de Peter.

Suas palavras entram segundos depois em minha mente. Ela é acostumada a entrar e ficar olhando-o enquanto trabalha? De repente me sinto enjoada e baixo minha cabeça fitando sofá. Com certeza já usaram esse estofado. Levanto-me rapidamente e Peter sobe comigo segurando minha mão. No entanto puxo-a e me afasto dele. O que sinto agora é raiva e nojo só de pensar nos planos que ela tem para hoje. Seus olhos me observam como um pedido de desculpas antes de voltar para a loira.

- O que quer Rachel? - ele indaga com uma voz fria fazendo-a olhar confusa e eu me encolher um pouco. Talvez ela esteja acostumada com os humores dele.

- Hora meu amor, vim lhe ver. - retribui dengosa e se aproxima para tocar seu rosto, porém Peter desvia sua a face.

- Não me chame de amor Rachel. - debocha e ela cresce os olhos assustada. - Nós nunca tivemos uma relação, era só uma foda em dias ocasionais. O que quer? Mais dinheiro?

- Eu quero você Peter. - responde chorosa e cerro meus olhos. Ela parece mesmo triste. Talvez ela seja apaixonada por ele e esteja todo esse tempo esperando para ser vista.

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