De onde eu vim

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De onde eu vim, o homem não fala, não chora: canta.
A lua não se põe, não se esconde, não se perde: despede.
A chuva não cai, não vem, não desce: pinga.
A mulher era mais que alguém, era guardiã de poesia.

De onde eu vim, não há dia, não há noite: momentos apenas.
Não há céu, não há limites, não há cerco: há somente marcas.
Não há criança, não há infância, não há inocência: há homens.
Não há mais jeito, tudo é sem jeito, jeito sem tudo.

De onde eu vim não há mais nada.
Tudo se consumou, ao avesso se virou.
A mulher já é apenas mulher.

De onde eu vim, não há mais limites.
O homem já não é homem, é meio homem.
A mulher já não é guardiã, é apenas mulher.

DelíriosOnde histórias criam vida. Descubra agora