That Should be me | Erik Durm

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Ainda doía. Eu não poderia mentir dizendo que estava tudo bem principalmente porque eu sabia que eu mesmo tinha provocado aquilo. Um tempo nunca era de fato um tempo, principalmente pelos motivos errados. Felicie só era mais inteligente que eu para perceber que as coisas estavam destinadas ao fim. As palavras estavam na minha mente mesmo seis meses depois.

- Não existe tempo para uma coisa que já acabou Erik. - E ela estava certa. Não importava o quanto eu ainda a amava, ela não merecia toda a confusão que eu mesmo fazia.

Mas ter consciência de que o fim era inevitável não me impedia de pensar que aquilo estava errado. Felicie Behringer deveria estar comigo. Eu quem deveria estar levando-a para jantar após o seu desfile. Eu quem deveria ter passado a tarde a acalmando no vestiário e dizendo que tudo ficaria bem.

Eu deveria estar com ela, não aquele jornalista. Joseph Gottschalk era a nova sensação no meio jornalístico. O cara estava se destacando em todas as coberturas esportivas e, merda, ele realmente era bonito. Ele merecia estar com Felicie. Mas reconhecer isso não significa que doía menos.

A princípio eu não queria ir a este desfile. Muitos fotógrafos e fãs para o meu gosto. Mas era um evento da Puma e eu tinha um contrato. Quis fazer birra, alegar que precisava cuidar da lesão no joelho que sempre se repetia e me deixava fora dos campos, mas meu agente alegou que exatamente por isso eu precisava aparecer no desfile.

Daqui a pouco as pessoas nem se lembrariam mais quem era Erik Durm. E, por incrível que pareça, eu não sabia se isso era uma coisa ruim. Tudo que eu mais queria era me afastar: da mídia, de Dortmund, de tudo que me lembrasse Felicie.

E agora ali estava eu, observando-a andar na passarela como se o mundo pertencesse a ela e o resto de nós estivéssemos aqui apenas porque ela deixava. E eu não duvidava que realmente fosse assim. Eu só estava ali porque ela tinha permitido.

Estava inquieto no meu lugar, o tempo inteiro me mexia procurando algum conhecido, porém nem sequer Joseph eu encontrei. O pop chiclete tocava no som ambiente e eu sabia que voltaria para casa com Little Mix na cabeça.

Eu ri. Felicie passava horas cantando esses Pops chicletes no meu ouvido. Domingo de manhã era de lei interpretar uma música do Justin Bieber usando apenas uma camiseta minha, o que nos levava a mais crises de risos e sexo matinal.

Pensar nisso me levou de volta ao pesadelo.

Diziam que para superar uma pessoa era preciso conhecer outra. Eu não tinha tido sucesso nenhum com isso. Nos últimos seis meses pulei de cama em cama tentando tira-la da minha cabeça, mas aqueles olhos verdes pareciam ter sido grudados com super bonder na minha mente. Nada me surpreendia mais. Minha vida não tinha mais cor sem Felicie.

Mas ela havia aprendido a seguir em frente. Mais uma vez, ela sempre fora mais inteligente do que eu.

O desfile finalmente acabou e eu me levantei para ir embora. Minha missão era apenas aparecer, sorrir para algumas fotos e tudo estaria resolvido. Mas, ao tomar rumo à porta, uma repórter me segurou.

- Erik, você pode dar uma palavrinha com a gente? - Reconheci o logo da emissora na roupa da repórter. Era de um desses canais de fofoca e dizer não seria pior do que encarar de vez o que quer que ela quisesse perguntar.

- Claro.

- O que você achou do desfile?

- Intrigante. Esses estilistas conseguem se superar a cada ano. - O tipo de resposta que pode ser tanto positiva quanto negativa, tudo era uma questão de perspectiva.

- Você veio assistir a sua namorada na passarela? Felicie Behringer conseguiu ter todos os holofotes em cima dela. - Tive que respirar para não começar a chorar na frente da câmera. Conseguia até imaginar a manchete do dia seguinte "Erik Durm chora por final de relacionamento".

- Eu e Felicie não estamos mais juntos. - E sem mais nenhuma explicação me afastei. Se ficasse mais um segundo ali eu não iria me segurar.

Deixei o calor do salão para trás e encarei o frio das ruas de Berlin. Meu carro estava estacionado a algumas quadras e eu estava cogitando dirigir até Dortmund naquela mesma noite.

- Erik? - Escutei aquela voz me chamando e travei. Era a mesma voz que havia estado na minha vida por dois anos e tinha simplesmente ido embora.

- Felicie! Como vai?

- Tudo bem! E você? - Aquele sorriso honesto dela poderia conquistar o mundo. Ou melhor, ele havia conquistado, eu só não estava lá para ver.

- Tudo bem também. Parabéns pelo desfile, você realmente conseguiu.

- Sim! Nem consigo acreditar que realmente subi naquela passarela hoje. Não sei descrever a sensação a não ser de pertencer a todo esse universo. Próximo passo é a Victoria Secret. - Ela sorriu mais ainda ao falar de um sonho que havia compartilhado comigo logo no início de relacionamento.

Era um domingo de manhã, ela tinha dormido na minha casa após uma vitória do Borussia Dortmund. Quando percebi, Felicie estava desfilando pelo meu apartamento apenas de lingerie e eu apenas falei:

- Quem são as modelos da Victoria Secret perto de você. Eu sou um puta sortudo mesmo. - Ela veio até mim e me beijou.

- Será que algum dia eu chego lá?

- Com certeza.

Eu era sim um puta sortudo. Era. No passado. Agora eu era apenas o idiota que tinha deixado ela ir embora.

E sim, eu a entendia. Eu também teria me largado. Ela merecia conquistar o mundo, não ficar presa à um jogador de futebol com uma carreira medíocre que não sabia o que seria do dia de amanhã.

- Amor, está pronta? - O tal jornalista novo namorado de Felicie chegou.

- Sim, vamos. Bom te ver Erik.

- Igualmente.

E então eu fiquei parado observando os dois se afastarem. Eu era o idiota que tinha deixado a mulher da minha vida ir embora. Deveria ser eu levando-a para casa após realizar o sonho de subir em um passarela. Deveria ser eu a fazer café na cama para ela no dia seguinte. E deveria ser eu no voo para Nova York com ela, para onde Felicie com certeza se mudaria em poucos meses.

Mas aquele não era eu. Eu era o cara que tinha quebrado o coração dela. E, se eu realmente a amava, agora era hora de deixá-la ser feliz. Ela merecia todos os presentes, sorrisos, viagens, cafés da manhã e todas essa baboseira romântica.

Felicie Behringer merecia o mundo. E eu simplesmente precisava deixá-la ir. 

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