Unnamed

Blue Sky | Nils Petersen

Blue olhava para o namorado sorrindo do outro lado da mesa. Nils conversava com Sven Bender como se ele se encontrassem todos os dias. Eles não eram melhores amigos, mas Elena havia convidado o casal para sua festa de noivado.

Nils conversava com os outros jogadores na mesa, rindo como se fosse melhor amigo deles, e não um outsider que na verdade era.

Blue apenas observava tudo isso, pensando em como sua vida havia mudado em seis meses.

Ela fora para o Brasil trabalhar nas olimpíadas. Um jogo de folga, Elena inventou que ela poderia escolher qualquer jogador da seleção alemã. A jornalista riu, se divertindo com a brincadeira infantil.

O que ela não imaginava era que, uma coisa que de início era apenas para ser divertido, tomaria proporções tão grandes em tão pouco tempo.

Nils Petersen era um cara divertido, mas reservado. Ele gostava de contar piadas, sempre brincando com os amigos, mas quando se tratava de relacionamentos, ele não sabia fazer joguinhos.

Se orgulhava de ser um cara de atitude, e se surpreendeu em chamar a jornalista de cabelos negros para um jantar a poucos dias do final das olimpíadas. Eles ainda estavam no Brasil, e o céu azul do país tropical combinava com a leveza do início do relacionamento.

Tudo começara quando Elena lhes apresentaram. Ele não resistiu em brincar com a profissão dela, mas adorou que ela sabia mais sobre futebol do que ele. Ela era a garota mais inteligente que ele já conhecera, apesar da sua péssima escolha para time de futebol.

Claro que isso já havia sido pauta de discussão para eles durante os cinco meses em que estavam juntos. Nils não cansava de implicar com Blue, principalmente em aniversário de namoros.

O que tinha acontecido justamente em um sábado a tarde. Era aniversário de quatro meses de namoro, cinco desde que ele havia pedido, tendo a certeza que responderia um não, se poderia beijar a garota.

A garota assistia o seu time inglês jogar contra o Manchester City, atenta a televisão quando o time de Pepe Guardiola ia vencendo o jogo por 1 a 0 e a jornalista roía as unhas esperando por uma virada.

- Mas porque você torce para esse time ruim? - Petersen ainda não conseguia acreditar na ironia de uma garota chamada Blue torcer para o Chelsea. Era como se a vida quisesse brincar com a obviedade das coisas.

- Ei. Não é time ruim.

- Você deveria torcer para o Freiburg.

- Mas eu torço pro Freiburg na Alemanha e pro Chelsea na Inglaterra. Qual o problema? - Nils sabia que isso não era exatamente verdade. A garota tinha uma afinidade com o Borussia Dortmund, afinal era amiga de metade das wags do time. Mas se dava por satisfeito dela considerar o time que ele defendia.

- Você não pode ter dois times!

- Eu não deveria nem ser que TER um time Nils! - Ela havia aprendido na faculdade de jornalismo que para trabalhar na área de esportes, era preciso deixar as suas paixões de lado.

Na teoria isso poderia estar correto, mas como falar para uma pessoa que passou vinte anos cantando "Blue is the colour" que ela não poderia mais defender o seu time do coração?

- Mas pelo menos escolhesse um tive bom... - Ela olhou impaciente para o namorado, passando a mão por seus cabelos.

Nils Petersen estava deitado no sofá desde que chegara do treino. Não queria sair de perto da namorada por nenhum segundo, afinal, no dia seguinte teria jogo e quando ele voltasse, ela já teria ido embora para Londres.

Ele sabia que seria complicado ter um relacionamento a distância, mas agradecia todos os dias por ter Blue Aaron ao seu lado.

- No final do dia, você é meu time. Só isso que importa. - Ela olhou em seus olhos, e ele sabia que ela estava certa.

Não importava qual camisa vestia dentro dos estádios, seja no campo, na torcida, ou até mesmo por baixo da roupa social na área de imprensa, o que importava, era que um tinha o outro.

Ele a beijou, a puxando para seu colo. Blue poderia dizer que escutou todos os três gols que o Chelsea marcara contra o City, mas a verdade era que ela estava mais preocupada em passar o tempo com o homem que ela amava do que em assistir outros 11 jogadores correndo atrás de uma bola.

Porque no final do dia, o jogador de futebol que ela mais amava, era Nils Petersen. Camisa 18 do Freiburg. Especialista em pênaltis. E que sempre sabia marcar gols também fora do campo.

E ali, vendo seus amigos darem mais um passo na vida, ou talvez dois se considerassem a barriga de Elena que crescia um pouco mais a cada dia, ela se sentia feliz.

Era claro que seu relacionamento a distância não era fácil. A vida corrida dos dois deixava pouco tempo para que eles de fato passassem juntos. Mas Blue e Nils sempre davam um jeito de se encontrarem.

Para eles, aquele momento era o ideal. Talvez dali a alguns anos pensassem diferente, talvez viessem a se casar, ter filhos.

Mas para eles, o céu era o limite. O mesmo céu azul que sempre lhes fora tão importante. O caminho que já estavam costumados a traçar entre as pontes aéreas entre a Alemanha e a Inglaterra.