Capítulo 10

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Theo
Surpresas...

   Era estranho me sentir cada vez mais conectado com as duas, Jéssica e Marisa pareciam ter alguma força sobre as pessoas, incluindo a mim, que me pegava as observando e as vezes até mesmo trocando algumas palavras com ambas, principalmente com Jess, em quem eu via um grande potencial para trabalhar comigo na empresa.

  -senhor - Andreza, minha secretária, me chamou ao adentrar minha sala, a olhei, não precisava falar nada, ela já sabia que devia falar tudo, sem enrolação - a Senhora Smith pediu pra avisá-lo que irá visitar o senhor pela próxima semana

  Naquele instante, se estivesse tomando algo, com certeza teria cuspido, era uma raridade minha mãe me visitar e quando visitava, era um Deus nos acuda, mas essa era ela, Mildred Smith, uma senhora em seus quase 70 anos que colocava medo até mesmo em meu falecido pai, que digamos era um homem poderoso, incrivelmente destemido, que não se dobrava pra ninguém exceto sua esposa.

  -ela vai chegar em algumas horas no aeroporto, aconselho ao senhor, que se apresse - disse enquanto eu me levantava, preferia encarar empresários raivosos do que a minha própria mãe levemente irritada.

   Em pouco tempo já estava em meu carro, indo em direção ao John F. Kennedy Internacional Airport. Sabia que ela provavelmente iria me agredir por estar demorando tanto, só que sempre se esquecia de me avisar antes das visitas, só que fazia questão de que eu a buscasse.

  Ao chegar, tentei ao máximo não demonstrar que tinha acabado de correr apenas pra chegar a tempo de ver minha querida mãe descer as escadas. A mulher, de cabelos loiros, agora sustentava algumas rugas que ela nem ao menos de preocupava em cobrir, dizia ser a marca de sua sabedoria.

  -meu Deus, há quanto tempo não dorme? - perguntou ela, ao chegar perto de mim, soltei uma risada fraca.

  -estou bem também mãe, obrigado por perguntar, como foi em Londres? - perguntei e vi seu sorriso, que sempre dizem que é ao qual o meu se assemelha, a abracei - fico feliz que a senhora esteja bem.

  -digo o mesmo meu menino, mesmo que esteja parecendo ter 50 anos, não 29 - sorriu, a cada ano minha mãe dizia que eu parecia muito mais velho, a cada ano ela aumentava um número

  -talvez ter uma filha de 10 meses e uma empresa pra cuidar seja mais do que suficiente pra fazer parecer que eu sou velho - comentei indo pra fora do aeroporto com ela, lembrando que a última vez que viu Atenas ela ainda era uma recém-nascida.

  -é, eu sei meu menino, tem muitas coisas em suas costas, coisas que estão te cansando - falou num tom quase filosófico, a olhei fascinado, havia momentos que minha mãe me lembrava os monges, tão calma e sábia.

*****

  Ao chegarmos em casa, no mais absoluto silêncio, me deparei com Jéssica arrumando a mesa, provavelmente para ajudar Rosa, que deve ter sido a primeira a ser avisada da chegada de Mildred

  -que menina mais linda - a senhora ao meu lado falou, indo até a garota e lhe apertando as bochechas, antes que a mesma ao menos tivesse terminado a tarefa - parece até um anjinho

  Por impulso, deixei um pequeno sorriso se fazer presente em minha face, deixei Jess com minha mãe na sala de jantar e fui em direção a cozinha, tinha esse costume de ver o que Rosa preparava, era um dos poucos hábitos que se perpetuou de minha infância até minha vida adulta, mas ao passar pelo pequeno corredor que divide a sala de jantar da cozinha, me surpreendi com o vislumbre de Marisa vestida com um vestido azul claro de tecido leve e mangas longas, brincando com Atenas na sala de estar.

  -hey, cuidado senhor Smith - advertiu Rosa depois de afastar uma bandeja de lasanha de meu terno - o senhor está distraído demais, não acha?

  -foi só...algo que vi...- respondi ajeitando meu terno, meu rosto, pela primeira vez em muito tempo, quente e vermelho, me fazendo lembrar do garotinho que um dia fui, ouvi a velha cozinheira rir de uma maneira descontraída, já que sempre me foi uma segunda mãe, lembra-se de como eu era quando menino.

  -talvez possa vê-la mais de perto, logo - comentou e foi para a sala de jantar, revirei os olhos e como parecia que tudo já estava pronto, fui para meu escritório, ainda tinha coisas pra resolver, ainda mais depois de ter desmarcado vários de meus compromissos.

  Poucos minutos depois de ter entrado no local, ouvi uma das grandes portas ser deslizada e levantei minha cabeça, tendo a visão da minha mãe com um sorriso nos lábios.

  -não virá jantar conosco? - questionou, franzi meu cenho ao ouvir a última palavra, e recebi um olhar incrédulo da mulher a minha frente - sabia muito bem que eu iria convidar todos da casa pra jantar

   Suspirei e me levantei, arrumando mais uma vez meu terno, logo saíndo do escritório com minha mãe, fomos em direção a sala onde todos estavam, nos sentamos em nossos lugares, fizemos uma oração, como é tradicional em minha casa, ainda mais com minha mãe ali e começamos a comer.

  Observei todos a mesa, minha mãe ao meu lado direito, Marisa ao lado esquerdo, alimentando minha filha, Rosa ao seu lado, Antony na extremidade oposta da mesa e Jessica de frente para Rosa e ao lado de minha mãe, que fizera questão que a garota sentasse ao seu lado, algo que para mim não foi tão surpreendente.

  -então Jess, se me permite lhe chamar assim, está no último ano do colegial, já sabe que faculdade cursará? - indagou minha mãe, em um tom carinhoso, aparentando conhecer a menina havia anos

  -administração com mestrado em gestão de empresas - respondeu timidamente, olhando pra moça ao seu lado, um brilho de certo fascínio em seu olhar.

  -talvez possa até mesmo estagiar na empresa do Sr. Smith - comentou Rosa, por já ter intimidade com todos ali, sabia o que deixava alguns desconfortáveis e o que os agradava conversar sobre - já vi você cuidando de projetos pequenina, é brilhante

  -ela é mesmo...- Marisa e eu dissemos ao mesmo tempo e todos na mesa riram conosco, existia algo diferente ali, que não houvera em anos, e ninguém sabia definir o que era.

  -ela é muito inteligente mesmo, espero que diferente de mim, ela possa utilizar de sua formação - continuou Marisa e naquele momento fiquei curioso para saber do que ela falava, meu olhar recaiu nela, uma admiração crescente em mim, pela moça fascinante e incrível que se encontrava ao meu lado.

Segundos se passaram e houve uma breve, mas intensa troca de olhares entre nós, até que uma voz fora ouvida por todos ali:

-Mama - a vozinha de Atenas parecia ressoar na casa inteira, chamando a atenção de todos, principalmente a de quem ela chamava, em busca de atenção, a loira ao meu lado a olhou e a pequena menina sorriu com seu resultado - mama, mama...

  Naquele instante, eu me ensurdeci, limpei minha boca com um guardanapo, me levantei, pedi quase que em um sussurro licença pra sair do ambiente, ao sair, me direcionei ao meu quarto, precisava de um tempo pra processar tudo aquilo...

  Naquele instante, eu me ensurdeci, limpei minha boca com um guardanapo, me levantei, pedi quase que em um sussurro licença pra sair do ambiente, ao sair, me direcionei ao meu quarto, precisava de um tempo pra processar tudo aquilo

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Demorei, mas publiquei e foi um capítulozinho longo hein, espero que gostem e preparem lencinhos, o próximo capítulo pode ser bem emocionalmente forte, mas por agora, até o próximo capítulo Beijos 😚

Família Acima de Tudo - Volume I da Série FamíliaOnde histórias criam vida. Descubra agora