→ ᴄʜᴀᴘᴛᴇʀ ᴛᴡᴇɴᴛʏ

892 84 17
                                    

𝒜𝓁𝓁ℴ𝓌 𝓎ℴ𝓊𝓇𝓈ℯ𝓁𝒻 𝓉ℴ 𝒸𝓇𝓎


— ᴘ.ᴏ.ᴠ.  ᴍɪɴ ʏᴜʀᴀ —


Eu o conheço. Essa frase rondou a minha mente durante a uma hora inteira que SeokJin demorou para vir a meu encontro.

Eu o conheço, e me sinto uma estúpida por conseguir saber disso apenas agora. E claro, tudo isso graças a NaoMi. Obviamente, eu preferia que fosse em outras circunstâncias. A morte dela ainda é algo surreal para mim.

Apesar da minha vontade imensa há algumas horas atrás de dar uma surra nela por ter me enganado, agora tudo o que sinto, é algo que eu não gostaria: o sentimento de perda. Perdi NaoMi para o assassino, pois não cheguei a tempo para impedi-lo.

- Não é sua culpa. - Jin repete pelo que parece ser a milésima vez. - Você não tinha como saber, YuRa.

- Esse desgraçado fez tudo embaixo do meu nariz, Jin. - suspiro.

- Isso não faz de você a culpada.

- Não, não faz. Mas o fato dele ter feito isso apenas para me "presentear", faz. - rebato.

- Ele é a droga de um sociopata, YuRa. Não faz sentido você se culpar por algo asqueroso que esse monstro fez.

Sua fala foi seguida de um longo silêncio. Discutir com Jin não esta na minha lista de prioridades no momento, por isso, opto pelo longo e tranquilizante silencio, que invade a minha sala durante vinte minutos.

- Eu o conheço. - a frase foi dita em uma espécie de sussurro por mim, enquanto Jin, apesar do espanto em seus olhos, maneou a cabeça para que eu continuasse. - Ele foi um aluno da Universidade Kyung Hee, a mesma que passei aqueles dois ou três meses.

- A que foi transferida por engano?

- Sim. Essa mesma. - encaro o chão. - Acredito que pode ter sido lá que ele me viu a primeira vez. Talvez eu tenha o visto também, mas não consigo me lembrar de nada relevante durante as semanas que passei lá. Pelo menos não relevante o bastante para poder identifica-lo.

- Como você se sente em relação a isso? - ele pergunta, calmamente.

Isso foi algo que eu sempre admirei em SeokJin. Ele sabe a hora certa para falar, assim como sabe exatamente o que falar. Ele não é do tipo que pressiona você 24 horas por dia. Mas também não vai passar a mão na sua cabeça quando fizer algo errado. Ele é um equilíbrio perfeito entre o investigador sério e o amigo brincalhão.

- Uma idiota. - respondo sua pergunta, com uma risada seca.

- Você não tinha como saber.

- Pare de defender as merdas que eu faço, Investigador Kim. - bufo. - Nós dois sabemos que eu deveria ter sido mais atenta aos detalhes. Assim como sabemos que eu deveria ter procurado NaoMi e conversa com ela sobre tudo, ao invés de me trancar dentro do departamento e fingir que o mundo lá fora não existia.

- Você estava magoada, YuRa. É compreensível que tenha optado pela distancia.

- Pode, por favor, parar com isso?

- Com isso o que? - ele me olha confuso.

- Você esta achando justificativas quando sabe que fui eu quem errou. - expliquei, enquanto ele me olhava e dava um longo suspiro.

- As vezes eu queria saber o que se passa pela sua mene, YuRa. Não entendo como pode achar que tudo que acontece é culpa sua.

- Porque, na maioria das vezes, é culpa minha.

- Não, não é. E você sabe disso. - SeokJin se levanta, se aproximando de mim e logo em seguida se agachando para ficar do meu tamanho, já que eu estava sentada em minha cadeira. - Você não tem culpa, YuRa. Sabe disso. E se não souber, estou aqui para avisar você. Só, por favor, pare de se culpar.

O olhar de SeokJin era tão intenso, tão verdadeiro, que, naquele momento, ele poderia me dizer que o céu é verde, que eu acreditaria.

- Agora...- ele pega minhas mãos, e entrelaça com as suas, em um gesto acolhedor, como se quisesse transmitir o quanto ele estava do meu lado. -...me diga como você realmente se sente.

Como eu realmente me sentia? Esta é uma das muitas perguntas que eu realmente não saberia responder nesse momento. Irritada. Triste. Frustada. Talvez, até mesmo magoada. Eu não consigo distinguir qual dos tantos sentimentos dentro de predominam. Já que todos eles estão embolados ocupado grande parte do meu coração. Já que cada um deles está me sufocando mais que o outro.

Sinceramente, eu não conseguiria dar uma resposta exata para ele, mesmo que a procurasse por dias dentro da confusão em se encontram minha mente e meu coração. Por isso, dou a única resposta que poderia dar nesse exato momento, em uma voz tão baixa, que faz com que eu me pergunte se ele poderá ouvir:

- Não sei. Eu realmente não sei.

Sem falar mais nada, SeokJin me puxa para um longo, acolhedor e terno abraço, que faz com que eu me lembre o porque de o considerar um irmão.

Seu abraço me passa tantas emoções. Tantos sentimentos. Ao tocá-lo, posso ver todos nossos momentos juntos. Todos os momentos junto do meu irmão. Todas as vezes em que ele escondeu em sua cassa, quando eu fugia de casa por um motivo bobo de adolescente. A vez em que eu criei uma paixonite por ele, e ele carinhosamente disse que sou como sua irmã mais nova, e que não poderíamos ter nada. As vezes em que ele me acolheu em um abraço como esse, quando eu mais precisei. Tudo passou como uma cena de filme, fazendo com que meus olhos se fiquem embasados pelas lágrimas. Lágrimas que eu tenho evitado durante todas essas semanas.

- Você não pode fazer isso. - suspiro, em uma voz embargada. - Eu já chorei na frente de JiMin, não quero chorar na sua frente também.

- Não seria a primeira vez. - ele diz, enquanto ainda estou envolvida em seus braços. - Você não precisa se fazer de forte para mim, YuRa. Eu sou seu irmão mais velho, mesmo sem laços de sangue. Eu sou aquele que deve te acolher. Que deve deixar você chorar em seu ombro.

- Não quero parecer fraca.

- Você é a pessoa mais forte que eu conheço, YuRa. Chorar não vai fazer de você uma fraca. Chorar vai fazer de você uma humana. As pessoas tem uma imagem retorcida da força. Ser forte não nunca chorar. Ser forte é: mesmo chorando, não se deixar abater. Não se deixar cair. E você, minha pequena dongsaeng, além de ter força para não se deixar cair, levanta os outros a sua volta. Portanto, você é a pessoa mais forte e incrível que eu tive o prazer de conhecer. - ele aperto seu abraço, para afirmar suas palavras,enquanto acaricia minha cabeça, e continua: - Agora, pare de tentar bancar a durona, e use o ombro dessa pessoa que mais se importa com você, para desabafar tudo o que tem sentido. Se permita, pelo menos uma vez, desabar. Se permita chorar, YuRa. Chore o quanto precisar. Eu estarei aqui, consolando e segurando você, para que não caia.

E assim eu fiz. Não lembro exatamente quanto tempo ficamos ali, na mesma posição, enquanto eu molhava sua camiseta com minhas lágrimas. Tudo o que eu me lembro, é que naquele momento eu me permiti desabar, pois sabia que ele jamais me deixaria cair.


 Tudo o que eu me lembro, é que naquele momento eu me permiti desabar, pois sabia que ele jamais me deixaria cair

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

To  be  continued...

COROA DE SANGUE → ʙᴛs ғᴀɴғɪᴄOnde histórias criam vida. Descubra agora