I - Encontro de Despedida

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***Matt***

Matt Haight sentou em seu carro, olhando a entrada do Stag Bar, sentindo borboletas no estômago. Pensando melhor, sentia mais como se levasse nas vísceras, uma vespa.

Podia sentir o cheiro de todos os policiais que havia ali do outro lado da rua, em seu interior, nesse mar de azul, era o último lugar no qual queria estar no mundo. Só a festa de despedida do Abe Klein poderia levá-lo a cidade, em um ambiente cheio de detetives e policiais; recordou a Matt uma e outra vez o que já não tinha em sua vida.

Tinha passado muito tempo desde que se reuniu com os policiais de Manhattan. Staten Island poderia ser uma colônia de leprosos, e para eles, ele era um leproso que estava mal da cabeça. Porque ninguém queria estar ali, e ninguém queria admitir conhecer Matt Haight. Por outra parte, não tinha sido policial há quase um ano, por isso, basicamente, a ninguém importava sua presença. Cristo, ele realmente necessitava de uma bebida.

Com as mãos mais trementes do que jamais admitiria, Matt tirou seu alto, e musculoso corpo fora do sedan, ele supôs que se tratava de algum tipo de coisa psicológica, continuar conduzindo o carro de detetive, além disso, seguia vestindo como se ainda estivesse no corpo de polícia.

Ele só não podia renunciar à ilusão de sua vida anterior. Chamavam-no de tenente Matt na empresa de segurança em que trabalhava, e com um sorriso que se via forçado e falso, ria da brincadeira enquanto se afastava. Ele havia chegado a uma curta distância, uma difícil lição aprendida por si mesmo, sendo Matt, mas supôs que aos quarenta e dois anos, bem... poderia começar a agir como um. Ou ao menos isso gostava de dizer a si mesmo antes que caísse bêbado.

De repente, encontrava-se dentro do bar, fazendo um inventário automático dos painéis de madeira, objetos de lembrança do boxe, e televisores em cada extremo do bar para ver as partidas de beisebol. Caramba, cara! Quanto este lugar parece familiar.

Um rápido exame lhe disse que não conhecia nenhuma pessoa no salão principal, podia escutar os rugidos das risadas e o zumbido estridente da conversa da parte de trás. Em algum momento teria que ir procurar a Abe nesse mar de caras estranhas e conhecidas e lhe dar seu mais sincero parabéns, mas Matt se transladou primeiro ao bar, viu a pontuação dos Yankees, e esperou que o garçom anotasse seu pedido.

Sabia que estariam sussurrando e ele não queria ouvi-los. Assim esperaria até embebedar-se um pouco. A porta se abriu detrás dele e se voltou para ver se havia alguém conhecido. Era o maldito Vic Wolkowski! Um grande sorriso cruzou o rosto de Matt.

- Ei, Vic!

O calvo capitão estava tirando a jaqueta e se voltou para a voz.

- Matt! Que diabo está fazendo aqui?

O comentário não estava destinado a ser um insulto, mas de todos os modos lhe doía.

- Não podia faltar à despedida de Abe.

Os dois homens apertaram as mãos cordialmente.

- Tudo bem, Matt? Disseram-me que deixou a força.

- Sim, sim. Era o momento de uma mudança. - Encolheu de ombros, fingindo que não era grande coisa. - Estou trabalhando para uma empresa de segurança corporativa. Analisamos a segurança das empresas, protegemos o traseiro dos peixes gordos dos empregados descontentes. Essa classe de merda.

- E ganha bem?

Matt se pôs a rir.

- Digamos que... bem melhor do que antes. «Posso me dar o luxo de jantar cada noite em uma espelunca situada na mesma rua de meu apartamento.» Estou muito bem, penso.

Fé & Fidelidade (Fidelidade, Amor e Devoção #1)Onde histórias criam vida. Descubra agora