Fé & Fidelidade (Fidelidade, Amor e Devoção #1)

V - Relações Quentes

***Matt***

Eles se sentaram juntos no sofá, lado a lado, em sonolento silêncio. Escutando a calma da casa. Matt não sabia o que mais dizer.

Em um dado momento houve movimento escada acima, Miranda preparando-se para ir dormir, e eles se afastaram um do outro a uma distância mais respeitável. Um momento depois os olhos de Evan foram se fechando.

Matt se via ansioso até que se obrigou a olhar o relógio na parede. Eram quase onze horas e não tinha estado em casa desde a manhã anterior. Ao menos não tinha nenhum mascote. Levantou-se com cuidado para não despertar ao outro homem e em silêncio recolheu suas coisas, colocando seus sapatos e casaco.

Foi até a mesa do computador num canto e escreveu uma nota para Evan, deixando-a sobre a mesa de centro onde a veria quando despertasse. Com ternura agarrou uma manta atirada sobre a poltrona e a estendeu sobre ele. Ao menos, por fim, estava dormindo um pouco. Matt tinha que sair, tinha que voltar para seu mundo real.

Caminhou para a porta, a preocupação lhe incomodando na parte posterior da cabeça. Caminhando lá fora, romperia o pequeno casulo que tinham criado. Esperançoso que à luz do dia, estas coisas entre eles não se evaporassem.

Parado diante da porta jogou um olhar para Evan. Viu-o bem, estendido sob a manta apoiado no respaldo do sofá, a cabeça apoiada sobre um braço se sobressaindo fora.

O achou quente e tentador; Matt agradeceu a Deus pelo ar frio revigorante porque o calor fluía através de seu corpo quando se virou e foi para seu carro. Antes de fazer algo estúpido como despertar a Evan e lhe tirar sua roupa. Não que ele soubesse o que fazer exatamente depois disso.

Estremeceu-se quando esteve sentado no carro, esperando se aquecer. «Não há maneira de que durma logo em nenhum momento com a sensação dele em minha pele e, Oh, em minha boca. Nunca estive tão fodidamente assustado em toda minha vida. É um homem e o quero e acredito que talvez ele também. Não, não vou por aí, e oh merda, que demônios se supõe que devo fazer?»

Bateu sua cabeça no volante. Sentiu-se um pouco melhor. Colocou seu carro em marcha e facilmente saiu do caminho da entrada dos Cerelli.

***Evan***

Evan abriu os olhos quando soube que Matt se fora. Estava envergonhado de si mesmo por fingir que dormia, mas era a única forma que lhe ocorreu para terminar a noite sem ter que responder nenhuma pergunta mais. A nota na mesa de café lhe chamou a atenção e se sentou a lê-la.

Evan, Não quis te acordar. Precisamos conversar. Posso te encontrar no OMalleys? Ligue-me amanhã à noite.
Matt.

Colocando a nota no bolso de seu moletom, Evan se levantou para apagar todas as luzes e então se arrastou de novo ao sofá. Sua pele doía e sua cabeça tamborilava com um sem-fim de conversas internas sobre amor, sexo e a luxúria. Sobre preferências sexuais e sobre que responsabilidades estava Evan arriscando com sequer considerar esta relação.

Deitou-se ali, perguntando-se inutilmente se realmente ele captava a essência da pele de Matt das almofadas ou simplesmente já lhe tinha impregnado no cérebro?

Sabia que o sono não chegaria, assim fixou seus olhos na única foto de Sherri que mantinha na sala, escondida no canto do aparador detrás de um abajur. Sua favorita.

Sherri com um suéter verde que o deixava louco, posando sobre uma toalha de piquenique no Central Park, tirada antes dele viajar com a marinha. Ela queria que ele tivesse uma foto para recordá-la, para que não esquecesse o muito que se amavam. Como se ele alguma vez pudesse.