XXIII - Tão Familiar

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***Evan***

Evan estava sentado no chão da sala após duas dolorosas horas de lágrimas, um pouco de raiva e muitas tentativas de encontrar palavras para explicar coisas que ele ainda não tinha certeza.

No final, os gêmeos ficaram confusos com as informações, mas se fixaram no ponto em que Matt estaria de volta; o que era bom. Kathleen compreendeu um pouco, mas parecia dividida entre o desejo de agradar o pai, aceitar o que disse e conflitante sobre o que aquilo significava. Ela assentiu com a cabeça muitas vezes, os olhos molhados e o sorriso confuso. Mais uma vez, Matt estava por perto e era mais do que uma vantagem para ela.

Miranda foi algo diferente, mas ele não ficou surpreso com isso. Começou inexpressiva e acabou querendo falar com ele sozinha com um olhar significativo para as outras crianças. Depois que eles saíram, Miranda lançou:

"Ele sempre foi gay?", "O que ele iria dizer as pessoas?", "Será que poderia perder seu emprego?" e "Realmente amou sua mãe ou foi um monte de mentira?"

Ele manteve seu temperamento, mas respondeu. Compreendia a confusão dela, porque ele ainda estava lidando com isso. Como se mantivesse uma vida inteira a pensar uma coisa e depois a transformou em um segundo. A explicação não foi fácil porque Miranda estava muito nervosa para ouvir. Ele tentou falar sobre Sherri e acabou se afogando, o que não ajudou muito. Por fim, desistindo, Miranda fez um som de frustração e disse:

- Eu não quero ficar ligada a Matt novamente para então o senhor mandá-lo ir. Pensem nas crianças. - E então ela subiu as escadas. - Não me dê outra pessoa para amar, se for mandá-la embora.

Foi a mensagem alta e clara e não poderia discordar. Bebeu uma cerveja, largou a garrafa na reciclagem e passou um tempo limpando a cozinha. Fez o lanche da escola e encheu a lava louça. Tudo parecia tão normal após o que só poderia ser definido como um dia estranho. Um bom lembrete de que a vida não iria acabar. O telefone lhe atraía e ele mal podia esperar para ligar e dizer a Matt como as coisas correram.

Mas queria esperar até a manhã, ver como as crianças estariam quando despertassem. Havia também o fator nervosismo. Ele queria que Matt viesse. Perdeu mais do que pensou ser possível e, agora, com isto tornando-se sério de novo, foi difícil não discar seu número. Uma semana havia passado, ele ligou e deixou um recado, apenas para que Matt soubesse que as coisas estavam sendo discutidas e estavam muito bem e ligaria em breve.

Certamente, a atitude de um covarde, mas se eles se falassem, Evan sabia que haveria um convite e que o aceitaria. Mas ainda não era o momento certo.

***Matt***

Matt encrencou com o horário de aula na volta à rotina de estudante.

Pensou em comprar um peixe, pois ouviu dizer que ajudavam a aliviar a tensão. A mensagem de Evan ajudou. Mas em alguns momentos fugazes considerou ir a um bar, apenas para ter umas bebidas. Talvez começar um flerte. Talvez transar. E então, voltou a pensar em peixes, séries e filmes na HBO. Concluiu que talvez devesse adotar um gato.

***Evan***

A próxima reunião seria com sua cunhada. Elena sugeriu tomar um café em seu apartamento e ele concordou.

Evan ficou nervoso e a espera de que Elena lhe fosse favorável. O apartamento estava escuro e um pouco triste, não é que Elena assim o fosse. Mas desde a morte de Sherri, parecia afundar em sua calma, falando pouco a não ser em torno das crianças. Evan não conseguia lembrar da última conversa real que tiveram. Ela saiu da cozinha com duas xícaras de café. Evan agradeceu, pegou uma e se sentou no sofá de veludo verde suave.

Fé & Fidelidade (Fidelidade, Amor e Devoção #1)Onde histórias criam vida. Descubra agora