XII - Visitações

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***Evan***

Evan nadou através da escuridão, através de piscadas de som e luz. Um disparo. Gritos. Seus filhos. Matt.

Começou a sentir um redemoinho de pânico em seu peito quando seus olhos não
se abriam ao querer fazê-lo. Tomou compridos e frustrantes minutos mover suas pálpebras, até que pôde ver uma fibra de luz. Doía quando respirava, seu peito, sua garganta, sua cabeça.

Estava no hospital. Lembrava do teto, de ter tentado falar com seus filhos e Vic e o doutor. Helena estava bem. Matt havia dito. - "Matt." - Voltou a respirar dolorosamente. Abriu os olhos um pouco mais. A luz era diferente. Possivelmente era manhã.

Voltou a cabeça ligeiramente, olhando ao redor do quarto. Não estava mais na UTI. Menos máquinas que a última vez que despertou. Aquilo provavelmente significava que ia viver. A porta mais à frente do pé da cama se abriu e o rosto sorridente de uma mulher apareceu.

- Bom dia, senhor Cerelli! Sou Pam, sua enfermeira. - Entrou no quarto carregando uma pequena cesta de plástico. - Só irei verificar seus sinais vitais rapidinho antes que o doutor chegue.

Evan abriu a boca para responder, mas só pôde fazer um suspiro rouco. Pam pareceu notar sua moléstia.

- Não se preocupe com isso, sr. Cerelli. Ainda está se recuperando da cirurgia. O sr. teve um tubo descendo por sua garganta durante muitas horas. Sua voz voltará logo.

Ela realizou sua rotina com facilidade enquanto Evan olhava o teto, frustrado e exausto. Queria fazer perguntas, averiguar onde estavam seus filhos, onde estava Helena, queria que alguém chamasse Matt e lhe dissesse que viesse aqui para que não ficasse sozinho. Houve uma pequena batida na porta enquanto Pam substituía sua tabela ao final da cama.

- Entre, por favor. - Disse Pam enquanto reordenava a folha e o lençol sobre o corpo de Evan.

Um doutor, com uma ficha em mãos, entrou. Evan lentamente procurou em seu cérebro por seu nome. Ele parou junto à cama.

- Sou o doutor Waresa, lembra de mim?

Evan esforçou sua voz outra vez, obtendo um fraco: Sssím. O homem parecia satisfeito. Deu uma olhada ao histórico por uns momentos mais, assentindo.

- Bem, senhor Cerelli, você é um homem afortunado. Sem danos neurais ou nos órgãos vitais. Sem nervos machucados. No pior dos casos, tem as próximas semanas para tentar ler as listas de livros que tinha pendente. Repouso na cama é o que lhe espera.

Evan revirou os olhos. Tomou um pouco de esforço, mas valeu a pena. Ambos, o doutor Waresa e Pam, riram.

- Valerá a pena. Quase posso garantir que voltará ao trabalho, se seguir minhas instruções.

Evan assentiu.

- Voz? - disse asperamente.

- Dê algumas horas, fale o menos possível. Estará bem de novo antes que note.

Ele assentiu de novo.

- As crianças? - Conseguiu dizer, tossindo levemente pelo esforço.

O doutor Waresa olhou a Pam, obviamente despreparado. Pam sorriu alegremente a Evan.

- Algumas pessoas vieram e as levaram de seu amigo bem depois de vê-lo. Seus pais?

Evan tragou dolorosamente. Claro. Os pais de Sherri eram ainda sua notificação de
emergência. Deviam ter ido ao hospital levando as crianças a casa com eles. Racionalmente pensou que era o melhor lugar para eles, mas em seu coração, queria-os perto. Queria-os em casa.

Fé & Fidelidade (Fidelidade, Amor e Devoção #1)Onde histórias criam vida. Descubra agora