Capítulo 6

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Aprendizado...

Lonios estava com esse garoto há mais de um mês e cada vez mais intrigado, sempre pontual, obedecia às ordens sem reclamar, e o mais surpreendente era a velocidade com que ele aprendia, isso lhe lembrava alguém da sua infância que ele não via há muito tempo. A medida que seu nível de habilidade com a espada melhorava, Nimbus estava se mostrando um adversário ardiloso e, naquele dia, estava deveras inspirado, por duas vezes Lonios já tinha sido obrigado a usar de sua astúcia em combate para conseguir sobrepujá-lo, e ele se mostrava incansável.

Haviam começado outra rodada de treinos, Lonios avançou até Nimbus e o atacou com um golpe em diagonal que, como esperado, o garoto conseguiu aparar sem dificuldade, Lonios então lhe deu um chute mirando acertar a sua perna e o desequilibrar, Nimbus foi rápido o bastante para saltar para o lado e rolar no chão, após o giro do corpo ele se pôs em pé novamente e Lonios já estava em cima dele se preparando para outro golpe, o menino aparou o golpe novamente antes da espada sem gume o acertar no ombro.

Quando Lonios ergueu a espada e se preparou para desferir outro golpe o garoto o atacou, rapidamente Lonios conseguiu, de um giro da espada, transformar o seu ataque em uma defesa, batendo na lâmina do seu discípulo e a fazendo desviar a trajetória e ir para longe. Nimbus se aproveitou desse momento para se erguer e, como uma extensão do mesmo movimento, ele girou o corpo e atacou novamente, Lonios outra vez se defendeu.

Depois atacou tentando espetar o garoto com a ponta da sua arma, dessa vez Nimbus defendeu e atacou girando o corpo e se aproveitando da força do giro para tentar acertar seu mestre na linha da cintura, novamente seu ataque foi defendido pela espada do cavaleiro. Provavelmente o garoto havia notado que seu mestre havia tido dificuldade em se defender desse último ataque devido à grande força proveniente do giro e tentou girar o corpo no sentido contrário para desferir outro golpe igual ao anterior, no entanto quando ele fez isso, Lonios o empurrou e ele caiu de bruços no chão. Quando se recompunha, notou que o seu mestre apontava a espada direto para seu rosto.

— Nunca tente fazer repetidamente o mesmo ataque, sempre que um espadachim experiente recebe um golpe, ele instintivamente o memoriza e mentalmente imagina o que deve fazer para se defender se o receber novamente. — O cavaleiro baixou a espada e ajudou seu discípulo a se levantar.

— Mas eu mudei, uma vez girei para um lado e na outra girei para o outro lado — o garoto falou, após ficar em pé novamente e começar a bater os pedaços de grama que estavam presos à sua roupa.

— Pequenas variações não são mudanças propriamente ditas, em uma luta real, você tem que ser o mais imprevisível possível, antes de fazer uma manobra pense duas vezes, ou como meu mestre costumava falar, faça a segunda coisa que vier à sua mente não a primeira, a primeira sempre será a mais óbvia.

— Tudo bem mestre, vamos lá, outra rodada. — Nimbus se pôs em posição de combate.

— Por hoje chega, temos que descansar e já está muito tarde, guerreiros têm que aproveitar os tempos de paz para dormir bem, porque provavelmente terão de passar várias noites sem dormir, dependendo da missão para que forem designados.

— Mas antes vamos comer? — Nimbus deu um sorriso, guardou a espada na bainha e começou a caminhar calmamente até a barraca, até que Lonios o alertou.

— Comer? Quem chegar primeiro pega o maior pedaço. — Quando o cavaleiro começou a falar imediatamente se pôs a correr em direção à barraca, quando Nimbus notou ele já estava bem afastado na sua frente. Lonios chegou antes na fogueira e pegou uma das coxas da perdiz que estava no fogo cozinhando há algum tempo.

— Mestre! Não vale, o senhor trapaceou.

— Foi uma aposta justa, você estava com vários metros de vantagem, não esperava que eu o avisasse antes de sair correndo. — O cavaleiro deu uma generosa mordida.

Nimbus fez uma encenação, como se estivesse chateado e os dois riram muito. Lonios imaginou que garoto extraordinário ele tinha ali com ele, apesar de ser um pouco tímido, mas aos poucos ele estava se soltando na sua presença, tinham até estabelecido uma boa relação. Depois disso, seu treinamento foi relâmpago, Lonios não lembrava de ter como aprendiz, alguém que aprendesse tão rapidamente, naquele dia, por exemplo, ele havia superado as expectativas, entretanto ele ainda tinha muitos pontos a melhorar, o principal deles era a falta de autoconfiança, afinal um cavaleiro deve ser, acima de tudo, um líder, e líderes devem ser bons comunicadores e seguros de si, mas tudo ao seu tempo, esse aspecto do menino ele iria trabalhar com o passar dos anos. Pelo menos era isso que ele imaginava.

* * *

Obrigado por ainda estar lendo até aqui, espero que esteja gostando.

Nimbus e os Cavaleiros de CenferumOnde histórias criam vida. Descubra agora