Capítulo 12

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Desafio...

Nimbus estava ali, encarando aquele senhor de idade e, olhando daquela perspectiva, sem portar nenhuma arma, ele parecia mais aqueles idosos que ficavam o dia inteiro bêbados no bar do pai de Anabele, no entanto ele possuía um ar de superioridade, maior do que qualquer homem que o garoto já houvesse visto, mais elevado até do que Lonios.

— Mas o senhor está com um ramo fininho desse aí e sem armadura, eu vou feri-lo gravemente se eu usar a minha espada — Nimbus falou, nitidamente assustado com a possibilidade de ferir o velho e obeso cavaleiro.

Sãr Lonios achava muita graça naquilo, encostado no marco da porta ali ao lado, apenas observando com o seu sorriso irônico.

— Não seja bobo garoto, eu sou um cavaleiro e você um escudeiro. Faça o que eu estou mandando.

— Não posso, é muito arriscado para o senhor — repetiu Nimbus.

Lonios deu algumas gargalhadas ali, ao lado.

— Tudo bem, vamos deixar as coisas mais interessantes então, se você conseguir pegar a bandeira atrás de mim ou me tirar pelo menos uma gota de sangue, amanhã mesmo falarei com o Grande Líder e você será proclamado cavaleiro! Certo? — Ahbran parecia inquieto.

Lonios ria ainda mais.

Nimbus ignorou o seu mestre e pensou sobre a possibilidade de ser um cavaleiro. E pensou nos anos de treinamento que ainda teria, ele também se indagou porque aquele velho obeso na sua frente tinha tanta autoconfiança.

— Então? Eu não tenho a noite toda. Vamos! Você tem três tentativas!

— Tudo bem, vou tentar, mas não me responsabilizo se o senhor ficar muito ferido — Nimbus falou com a voz meio trêmula devido à adrenalina entrando na sua corrente sanguínea.

—Hahahaaa — Lonios agora não estava conseguindo conter a risada.

— Vem com tudo garoto, dê o seu melhor golpe — Sãr Ahbran exclamou com um tom de desdém e agora com os braços cruzados na frente do peito.

— LÁ VOU EU! — gritou o escudeiro.

Ele correu na direção do Sãr Ahbran com toda a sua velocidade, no último segundo antes de ferir o cavaleiro ele desviou e tentou passar pelo lado do velho, quando ele notou que o cavaleiro já estava na sua frente novamente, ainda de braços cruzados.

"Como esse velhote se mexeu tão rápido?" Nimbus pensou enquanto se recompunha em posição de combate. "Certamente, ele vai esquivar com o meu ataque e vai sair da frente assim me dará uma brecha para passar", e o garoto começou com uma nova estratégia.

Em investida ele saltou sobre o cavaleiro e atacou com a sua espada em um golpe diagonal de cima para baixo. Quando a lâmina desceu com toda força em direção ao corpo do cavaleiro, ele ergueu um pouco o ramo seco que ele empunhava como uma espada e, sem ao menos sair da sua posição, bateu com o ramo na mão do garoto, desarmando-o.

Em seguida, Nimbus sentiu um forte impacto em seu abdômen e seu corpo voou vários metros para trás, arrastando as costas no chão de terra batida. Seu estômago doía muito onde o cavaleiro o havia acertado.

"O que aconteceu? Como ele fez isso?" pensou enquanto se punha em pé, com a mão sobre a barriga que doía muito e quando levantou a cabeça viu sua espada cravada no chão no lado esquerdo do velho cavaleiro e ele próprio estava há cerca de quatro metros de distância de ambos.

— O que houve garoto? Eu não ia me ferir se você me atacasse com a sua espada? — Ahbran falou contendo o riso e chutando a espada para Nimbus.

O garoto pegou a arma no ar e, ignorando a dor no abdômen, se levantou e ficou em posição de combate novamente.

"Acho que vou ter que pegar pesado com esse velhote. Mas se eu fizer outro ataque de cima para baixo ele provavelmente vai me desarmar com aquele ramo novamente, tenho que usar uma tática diferente", Nimbus pensou, ao sair em uma nova investida contra o velho cavaleiro.

Dessa vez ele não desviou no último segundo, mas se abaixou tentando golpear as pernas do velho cavaleiro, imaginando que ele iria saltar e assim ele conseguiria rolar até a bandeira passando por baixo.

Mas não foi isso que aconteceu, o cavaleiro saltou em direção ao garoto e chutou o seu pulso, novamente a espada escapou da sua mão e saltou longe, com o garoto olhando a sua trajetória. De repente ele sentiu uma pancada no peito e voou novamente para longe, outros quatro metros arrastando de costas no chão.

— HAAHAHAHAAAAA — novamente Sãr Lonios estava rindo, mas dessa vez segurando a barriga.

"Droga, como ele faz isso?", pensou Nimbus novamente, dessa vez com o peito e o abdômen doendo.

Sãr Lonios mal conseguindo segurar a risada, chutou a espada de Nimbus que estava caída perto dele.

— Última tentativa, garoto. Vai ou não pegar essa bandeira? Acho que não vou precisar mais disso — falou Ahbran, e jogou o ramo seco para longe.

Nimbus notou a oportunidade. "Agora eu passo por ele, quero ver ele conseguir me desarmar de um ataque de cima sem aquele ramo".

Nimbus pegou a espada que Lonios havia chutado para perto de si e saiu novamente em investida com toda a velocidade em direção a Ahbran.

— AHHHHHHH — ele saltou quase dois metros para cima e três metros de distância e, em um movimento de parábola, caiu com a espada em direção à cabeça do cavaleiro, o velho jogou uma das pernas para trás para conseguir apoio e em um movimento como se fosse bater palmas, segurou a lâmina da espada do escudeiro entre as duas mãos.

Novamente Nimbus sentiu outro forte impacto no abdômen, e saltou vários metros para trás e outra vez caiu de costas no chão de terra. O cavaleiro, outra vez, havia dado um chute na sua barriga. Ele olhou para o Sãr Ahbran e se sentou no chão batido, então notou que o cavaleiro ainda estava com a sua espada entre as duas mãos.

— É uma pena garoto, você não vai ser armado cavaleiro, amanhã, hahahahahha — Sãr Ahbran girou a espada no ar e a segurou pelo cabo, e depois a jogou para Nimbus que novamente a pegou no ar.

Nimbus se levantou do terreiro, totalmente sujo de terra, o velho cavaleiro já estava entrando no salão e o seu mestre foi em direção a ele para ajudá-lo a se levantar.

— Hahaahahaha, não se sinta envergonhado por isso Nimbus, Sãr Ahbran é um dos melhores guerreiros do mundo, é uma lenda viva. Ele é um dos sete cavaleiros lendários, tenho certeza que até mesmo eu, nas mesmas circunstâncias, teria tomado uma surra daquele velho. — Sãr Lonios caminhou em direção ao salão amparando Nimbus no ombro.

— Você se saiu muito bem Nimbus. — Sãr Ahbran estava sentado à mesa. — Esse garoto tem futuro Sãr Lonios, ele fez eu me mover. Parabéns!

— Eu sei, ele é um garoto especial, mas temos que nos retirar Sãr Ahbran, amanhã partimos antes do sol raiar, como de costume.

— Tem razão, devemos dar uma oportunidade para esse garoto se recuperar para a viagem amanhã, hahahahaaaa.

Nimbus quase mostrou a língua para ele e, se desvencilhando da ajuda de Lonios, correu para seus aposentos no segundo andar.

Até pouco antes do escudeiro deitar, os dois cavaleiros estavam conversando de maneira velada no salão abaixo, Nimbus pensou em descer e tentar escutar algo, mas desistiu quando seu abdômen começou a reclamar ao ser forçado, então dormiu.

* * *  

Nimbus e os Cavaleiros de CenferumOnde histórias criam vida. Descubra agora