O ditador...
Mais uma semana se passou e as horas de treinamento diário entre Sãr Lonios e seu discípulo continuaram. A essa altura Nimbus evoluíra muito, agora seu mestre precisava de pelo menos uma dúzia de golpes antes de derrotá-lo, e isso o deixava muito feliz. Várias e várias vezes Lonios o elogiou pelo seu desempenho e pela sua dedicação ao treino. O garoto também notou que o seu corpo começou a mudar, os seus braços e pernas estavam ficando mais fortes devido ao exercício intenso com as pesadas espadas, que agora nem pareciam ser tão pesadas assim.
Nesse momento eles estavam se aproximando da cidade Solitude, Lonios explicou a Nimbus que a cidade tinha esse nome porque ficava bem no centro do continente e quando o conquistador a construiu, era um Palácio no meio do nada, não se via nada a quilômetros em sua volta. Lógico que, com o passar dos anos, pessoas começaram a fixar residência nos arredores do Palácio à procura de proteção e logo se formou uma urbe, hoje a cidade de Solitude é a segunda maior de Cenferum, sendo menor apenas que Aldair.
Os dois cavalgaram preguiçosamente dentro da cidade. Ao longe Nimbus começou a avistar o imenso castelo, o famoso Palácio da Solidão. Era imenso, com uma dúzia de torres muito altas que terminavam em tetos em forma de cones e podiam ser vistas a longa distância. Depois de mais alguns minutos rumando pela cidade e sendo alvo de olhares indiscretos, eles chegaram aos portões do castelo, que se abriram antes mesmo deles se aproximarem. No pátio alguns cavalariços seguraram os cavalos e os levam para o estábulo, ainda com as mochilas dos dois, presas às celas. Lonios falou para Nimbus não se preocupar e eles seguiram para a entrada, onde se encontraram no centro de um enorme peristilo que formava o pórtico antes da entrada do castelo, com todas as colunas formadas por cariátides que sustentavam as arquitraves. Nimbus estava maravilhado, nunca havia visto arquitetura semelhante, nem mesmo nos desenhos dos livros da escola. Um castelão se apresentou e verificou o documento que Lonios tirou de dentro do sobretudo de couro e depois os acompanhou até um o espaçoso átrio do palácio, onde os dois ficaram à espera do Grande Líder enquanto degustavam frutas que eram trazidas por eunucos.
Após cerca de uma hora, o castelão voltou e escoltou Lonios e Nimbus até um grande portão, que também se abriu antes deles se aproximarem. Quando Nimbus entrou, ficou maravilhado, somente nas histórias do Sãr Lonios ele tinha ouvido falar de tanta beleza, o teto abobadado tinha dezenas de metros de altura e nele haviam pinturas de batalhas, exércitos contra exércitos, talvez cercos contra este mesmo castelo, um tapete de damasco vermelho, bordado com fios do que Nimbus acreditou ser ouro, estava no chão. Esse tapete cobria uma distância de aproximadamente cinquenta metros até terminar nos degraus de uma pequena escada, também recoberta do mesmo tipo de tapeçaria e, no topo, revelava dois tronos, um à esquerda, muito grande e outro à direita, um pouco menor. No maior deles estava sentado um homem que ostentava uma coroa dourada cravejada de diamantes. Tinha barba e cabelos brancos, olhos azuis claros bem típicos da região. Ao seu lado, em vários estágios da escada havia cerca de dez pessoas. Quando se aproximaram, os dois pararam.
Nimbus notou que o castelão não os acompanhava, mas ficou ali ao lado com a cabeça baixa e olhando para o chão, deixando assim Lonios e Nimbus sozinhos para percorrer o caminho restante, o garoto se postou um pouco mais atrás como uma vez seu mestre o instruiu que deveria ser feito na presença de um rei, o que serveria também para o Grande Líder.
Um pouco antes de se aproximarem eles notaram que não eram os únicos que iriam falar com o Grande Líder, pois já havia um homem prostrado de joelhos na frente do trono.
— Negacionistas, são o que vocês são! — o Grande Líder gritava para o homem na frente do trono. — Como vocês ousam ir contra a ciência e dizer que eu estou errado?
— Perdão Grande Líder, não era isso que eu queria dizer, eu estava apenas, trazendo ao seu conhecimento que temos excelentes herbalistas aqui em Cenferum e podemos criar substitutos para os remédios que são importados de outros países, não precisamos fazer mais expedições para comprá-los — falou o homem apressadamente.
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Nimbus e os Cavaleiros de Cenferum
FantasíaEm um mundo onde continentes flutuam sobre nuvens mortais onde monstros colossais ameaçam a humanidade, um jovem idealista e um cavaleiro desonrado embarcam em uma jornada desesperada a bordo de uma das últimas naves, para salvar os últimos vestígio...