Capítulo 04

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Killian observou David caminhar até ele mancando e ergueu os olhos para o amigo. Ele não ficaria nada feliz quando soubesse. Muito menos quando soubesse o que Killian andava fazendo.

- Axel falou algo sobre um prisioneiro francês. – David começou, se sentando no banco de madeira ao lado de Killian.

Ele estava com uma caneca de alumínio na mão, e olhou para o amigo a procura de mais alguma novidade.

- Não é uma coisa que se está divulgando entre as tropas. É informação restrita. – Killian disse, se fingindo distraído.

David assentiu, tomando um gole de sua bebida.

- Foi pego na batalha do canal não é? Quem é ele?

Killian permaneceu calado. Depois de alguns segundos encarando a superfície da mesa, tomou ar para falar:

- O mesmo soldado que te feriu.

Não ousou olhar para o amigo.

- Aquele... – David rosnou depois de alguns segundos. – Mas Axel disse que ele havia concordado em dar informações... E ele parecia tão furioso na luta que...

Vocês bateram muito nele, não foi? – ele aprovou com um riso na voz.

- David... – Killian respirou fundo, e encarou o amigo. – Aquele soldado ele... Na verdade era uma mulher. Ainda é uma mulher. Disfarçada de soldado e infiltrada nas tropas. E sim, ela concordou em nos dar informações.

David se chocou ao ouvir a informação e permaneceu calado por longos minutos.

- Uma... Francesa?

Killian assentiu.

David foi quem passou a examinar a superfície da mesa, tentando assimilar a informação de que havia sido derrubado na batalha por uma mulher.

- Nos dois primeiros dias, eu a visitei na cela. – Killian começou a dizer. David não expressou reação. – À noite. – Killian completou vendo o amigo levantar os olhos questionadores. – Ela estava machucada, David.

- Vocês realmente bateram nela? – o outro homem perguntou, dessa vez, cético.

- Trist. – Killian rosnou.

David suspirou e tomou mais um gole da bebida.

- Você disse que... A visitou na cela? – ele perguntou pela primeira vez percebendo o efeito do que Killian havia dito.

Killian porém não respondeu imediatamente. Fez desenhos aleatórios sobre a superfície da mesa e então desviou os olhos para encarar David.

- Eu me preocupei. – ele se justificou.

- Qual é o seu problema? - David se indignou se debruçando sobre a mesa e olhando para o amigo.

- Espere até ver ela. – Jones disse suspirando e não se importando com a reação do homem ao seu lado. – Acho que você vai me entender.

- Como? – Killian a olhou confuso.
Emma, em sua frente, sentava-se sobre uma cadeira de espaldar reto, com os pulsos e calcanhares acorrentados. David estava ao lado de Jones, encarando Emma intensamente, mal ousando desviar o olhar do rosto da francesa.

- Eles vão esperar vocês pelo oeste, Killian. Eles sabem que é o caminho mais rápido. A tropa que ficará esperando a leste será mais fraca.

- Você sabe o quanto temos que nos desviar para chegar pelo leste? – Axel bufou chocado encarando a francesa.

- Eles sabem. Por isso que não esperarão vocês pelo leste. – Emma explicou com uma feição de tédio.

- E qual é a vantagem nisso? – o general mostrava sinais de não gostar nem um pouco do que a mulher acorrentada falava.

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