Capítulo 21

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Ao longe todos avistaram a imagem da Brighton, e atrás dela, a imensidão do mar. Navios franceses eram discerníveis contra o céu claro, e sobre as muralhas perceberam também arqueiros vigiando e os observando. Era do conhecimento de todos que as muralhas da cidade voltadas para dentro do continente não eram muito reforçadas, já que Brighton era um grande porto inglês e todas suas melhores defesas haviam sido construídas para enfrentar um ataque vindo do mar. Mas isso também significava que os franceses, ao conquistarem Brighton, haviam conseguido quebrar essa maior proteção da cidade com seus navios de guerra, o que fazia todos os ingleses se perguntarem como seria enfrentar tal poderio sobre terra.

Assim que todas as tropas se posicionaram a uma distancia razoável da cidade, Rei Henrique deu um sinal de que todos deveriam parar. Killian olhou para os lados e viu centenas de soldados os acompanhando, se posicionando, formando a longa linha de ataque. Ao lado deles estavam os três aríetes que foram trazidos e que estariam no controle de Killian. Torres de cerco estavam logo atrás, e ainda mais atrás as catapultas sendo empurradas e posicionadas.

Assim como Jones sabia, um batedor seria enviado até o portão da cidade para ordenar, em nome do Rei Henrique, que os franceses depusessem suas armas e desocupassem a cidade e o porto de Brighton, e assim o Rei permitiria que todos partissem sem maiores danos. Caso contrário, o Rei avançaria e expulsaria a todos, sem pretender deixar qualquer um vivo.

Trist se voluntariou para ser o batedor.

Killian o observou de longe, cavalgar a distancia que os separava de Brighton, e parar em seus portões, gritando, àquela distancia, palavras ininteligíveis aos guardas que o observavam por trás dos portões. Todos aguardaram impacientes, sabendo que tudo aquilo eram apenas formalidades irônicas, quando no fundo, tudo que diziam era: "Essa é nossa cidade, e nós vamos atacá-los". Ninguém se admirou quando, após vários minutos, Trist se virou e trotou de volta para onde o exercito inglês estava. Quando se aproximou, Rei Henrique foi de encontro ao soldado para obter a resposta.

Trist negou com a cabeça, indiferente, e murmurou:

- Nem se dignaram a responder propriamente. Soltaram alguns insultos, e disseram que estão preparados para nos enfrentar e dominar nossa terra.

A expressão do Rei se formou num esgar de fúria e ele se virou imediatamente, sobre o cavalo, para encarar a mancha de soldados que se estendia à sua frente.

- Que hoje seja marcado como o dia da ruína da ambição francesa. – o Rei Henrique gritou com toda a força de seus pulmões, os músculos em seu pescoço se retesaram, sua voz ecoou no silêncio dos soldados estupefatos. – Faremos que eles se arrependam por terem tentado, por terem ousado nos desafiar. – o cavalo do Rei trotava em frente à multidão – Não me importo com a destruição da cidade. Que as muralhas de Brighton caiam, joguem tudo ao chão, e joguem-nos juntos! – o Rei se colocou no centro da formação dos soldados, ergueu sua espada e gritou uma última vez – Mandem todos para o inferno!

Enquanto um brado ensurdecedor subia da multidão de armaduras, Jones, assim como todos que ainda berravam, desembainharam suas espadas, agarraram seus escudos, e numa marcha coordenada, começaram a avançar em direção às enormes muralhas de Brighton.

David estava para trás para comandar as catapultas, e após alguns minutos de marcha, um zumbido característico pode ser ouvido. Jones não precisou olhar, apenas continuou trotando, encarando o portão de ferro exatamente à sua frente, e soube que o pedregulho lançado havia acertado algo extremamente sólido: o barulho de uma colisão se ergueu, e depois dele vários se seguiram, causando, ao longe, a reação dos arqueiros sobre as muralhas. Quando a primeira flecha passou zumbindo sobre a cabeça deles, Killian ergueu o rosto e berrou:

If Tomorrow ComesOnde histórias criam vida. Descubra agora