Capítulo 06

165 18 3
                                    

Emma sentia fome. Agora mais que nunca.

Ela estava sendo levada para trabalhar – acorrentada - com as outras mulheres que serviam à sede bucólica.

Pelo que Dale havia murmurado, o general havia dado ordens de que Emma deveria ficar sob vigilância máxima; o que irritava a mulher,
pois sentia os olhos dos soldados sobre si, e desconfiava que eles não estavam observando apenas as ações dela.

Ela não podia olhar para os lados, conversar, ou dar mais que três passos em falso.

Seu trabalho era a única coisa em que poderia se focar, e depois era levada de volta a sua cela solitária. Seu nível de comida permanecia o mesmo, o que fazia seu estômago urrar com mais desespero do que o costume.

A água era escassa, e no período da noite seus olhos ardiam constantemente e suas costas doíam, a fazendo pensar pela milésima vez que era melhor estar morta, a estar presa naquele lugar.

Ela tentava relembrar o dia da batalha, e se perguntava onde estava seu erro. Quem a havia derrubado, quem a havia capturado? Ela se
lembrava de poucas coisas, e que freqüentemente não passavam de borrões.

A batalha de Dover. Ela se perguntava quando as tropas voltariam, se eles teriam conseguido expulsar os franceses das terras inglesas...

Mas na verdade as tropas haviam caído. Metade dos soldados estavam mortos, e a Inglaterra havia recuado.

Os franceses estavam em terras inglesas, invadiram os portos de Dover, e os britânicos não haviam conseguido impedir. Era o que Dale
murmurava dias depois, enquanto guiava Emma pelo corredor já conhecido, a caminho do que a mulher estava acostumando-se a chamar de “sala de reunião”.

A porta de bronze de duas faces estava na frente de Emma e Dale, quando Trist a abriu e revelou o interior da sala. As únicas pessoas ali eram Axel, o general; e
Killian, curvado a um canto, apertando a lateral do corpo.

Emma manteve seus olhos no comandante, esperando que ele levantasse os olhos para encontrar aos dela, mas isso não aconteceu.

Dale se retirou da sala em silêncio, e Trist voltou a fechar a porta. Emma então se perguntou o que eles queriam com ela, visto que os três homens permaneceram em profundo silêncio.

Iriam eles culpa-la por sua derrota? Até onde ela sabia seu conselho havia sido exatamente o contrário do plano que Axel estipulara.

- Você já sabe. – o general murmurou se virando finalmente para encarar a
prisioneira.

Emma assentiu.

- Precisamos saber qual será o próximo passo deles.

A mulher permaneceu em silêncio.

- Brighton também recuou. Crawley está vindo nos ajudar. Precisamos de um plano. – Axel terminou e esperou finalmente uma resposta da francesa. Ela continuou em
silêncio.

- O que tem a dizer? – o general perguntou energicamente.

- Vão me ouvir desta vez? – Emma perguntou ironicamente.

- Você não faz perguntas, francesa. Você as responde. E eu decido o que levar em conta. – Axel deu um passo ameaçador na direção da mulher.

- Pare de achar que eu me importo com algo. – Emma desviou o olhar rapidamente para Killian, que continuava em um canto da sala. A mulher pensou ter visto sangue entre os dedos do rapaz.

Axel bufou, e ela voltou sua atenção para o general. – Eu não amo a França, mas isso não significa que eu me importe com a Inglaterra. Não me importo com o maldito plano de vocês.

If Tomorrow ComesOnde histórias criam vida. Descubra agora