Capítulo 01

510 30 7
                                    

Jones desviou o olhar do céu claro, assim que ouviu a porta ser aberta.          Ouviu barulho de movimentos contínuos, alguém arquejando, armaduras contra o chão, e a porta sendo fechada novamente. Odiava fazer aquilo. Nunca adiantava, de qualquer jeito. Eles apenas se sacrificavam mais para defender um país sem honra nenhuma. Era desgastante.

Colocou a mão na bainha da espada e se virou para encarar o prisioneiro algemado e ajoelhado ao chão. E então estacou surpreso.
Conhecia esse cavaleiro em particular. Havia lutado com ele na batalha mais cedo e quase havia sido derrotado. Conseguiu reconhecê-lo pela armadura diferente, com
alguns detalhes em vermelho, símbolo de classe social alta.

Aquilo divertiu Jones, o fazendo abrir um sorriso cínico. Aquele homem em questão havia lutado bravamente, conseguindo desferir em Jones, dois cortes profundos na coxa, e ferindo gravemente David, seu braço direito. E agora ele estava ali, debaixo das garras da Inglaterra. De que havia servido de sua fúria afinal, além de mostrar a mediocridade da força Francesa?

Jones deu um passo a frente, observando o olhar intenso do prisioneiro acompanhar
seus movimentos. Seu olhar não era furioso, Jones percebeu. Eram tão profundos que causavam mal estar ao homem. Não havia dor ou raiva, e sim uma sinceridade avassaladora. Uma impertinência desafiadora estampada em suas íris.

- Bem vindo à Inglaterra. – ele disse observando atentamente o prisioneiro ao chão.

– Qual é a sensação de se tornar agora, servo eterno do maior exército britânico?

O homem aprisionado passou o olhar pelo redor sem responder. Jones percebeu que ele avaliava suas chances, seus recursos para uma possível fuga.

- Não encontrará muitas chances por aqui. – ele avisou previamente, andando em volta do prisioneiro – Sua fúria de nada adiantará. Será respondida com violência, e
agora você não é nada mais do que um simples servo britânico, mais miserável que um escravo. Precisamos de informações e você, um guerreiro francês fraco, não é
nada mais que uma fonte de informação.

Para sua surpresa, viu o prisioneiro assentir.

- Você não fala, soldado? – Killian perguntou o observando.

A maioria dos prisioneiros respondiam com arrogâncias e ofensas contra à Inglaterra, juravam morte em honra da França, do que vida miserável servindo os
ingleses. Mas este prisioneiro continuou calado, e Killian deu vários passos a frente, puxando o capacete da armadura que o soldado usava.
Uma cascata de cabelos loiros caíram de dentro do capacete. Killian deixou o capacete cair, e se afastou perturbado.

- O que é isso? – ele perguntou fracamente.

Ele encarou aquele rosto feminino de traços delicados e se sentiu estático.

- A França está alistando suas mulheres? – Killian perguntou chocado.

- Pelo menos elas lutam mais bravamente que os guerreiros ingleses. – a mulher respondeu pela primeira vez.

Killian se ofendeu com a resposta, se lembrando de David machucado devido à sua batalha com aquela exata pessoa à sua frente.

-Lutam bravamente? Elas são pegas prisioneiras pelos guerreiros ingleses. – ele respondeu agressivamente. – Faz alguma idéia do que vai acontecer com você nessas masmorras?

Ele perguntou se referindo aos lugares onde eles guardavam os prisioneiros, infestados de guerreiros a beira da morte, ou extremamente violentos.

- Não tenho medo. – ela respondeu com indiferença.

Jones levantou as sobrancelhas.

- Tudo isso é amor a pátria?

A mulher soltou uma risada sem humor e desviou os olhos.

- Ou você não tem medo de todas as práticas que vão aplicar em você?

- Isso é uma ameaça? – ela voltou a levantar o rosto, erguendo uma sobrancelha desafiadoramente.

Killian abriu um sorriso cínico.

- Ameaça? Isso é a realidade. – ele disse como se cuspisse as palavras à mulher - Não imaginou que poderia ser presa, quando se alistou secretamente no exército francês? Não se preocupou em se esconder de seus próprios comandantes, e não
imaginou o quanto poderia ser pior se fosse pega pela nação inimiga?

- Cale a boca. – ela respondeu com a voz carregada de fúria. – Não há nada mais nojento do que a prepotência inglesa.

Jones num impulso puxou a espada da bainha, fazendo o assovio do metal soar por alguns segundos.

Impulsionou a ponta da espada contra o pescoço da mulher ao chão, e a forçou levantar o queixo.

- E agora você serve a essa prepotência inglesa. Portanto respeito é a primeira das regras. Você é uma prisioneira. Encare o conceito dessa palavra. – ele disse observando com nojo a pele da mulher brilhar contra a luz clara que entrava pela
janela.

- Vão me queimar com aço em brasa? – ela murmurou ainda desafiadora.

- Ou pior.

If Tomorrow ComesOnde histórias criam vida. Descubra agora