Capítulo 19

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Emma encarou boquiaberta o mar de soldados que se deslocava sobre os campos ingleses. Se não soubesse, nunca imaginaria que aquela mancha escura era composta de pessoas – soldados armados com espadas, machados, escudos, protegidos por três de camadas de armaduras que rangiam a cada passo de cada um deles. O Rei Henrique ordenara que todo jovem e adulto capaz de lutar deveria servir no exército. No final, Swan não imaginara que a Inglaterra possuísse tantos combatentes. E todos aqueles infinitos soldados não eram tudo – eram apenas a parte do exército que estava partindo com Killian . O Rei Henrique partiria para a batalha com o resto da tropa dois dias depois, varrendo de todo o território qualquer velho, homem, rapaz, ou criança do sexo masculino.

Isso justificava a onda de nervosismo que percorreu Emma por míseros segundos quando se viu como a única mulher, desprotegida e desarmada, no meio de tantos homens. Mas sabia que isso não duraria muito. No primeiro vilarejo que passassem, concubinas surgiriam em cada curva da formação. Já vira isso acontecer quando se juntara ao exército francês.

Mais cedo naquele dia, Emma se despedira de Erin e Shaunee após contar que estava sendo levada junto na guerra, e vira estampado em seus rostos a compreensão da abominação que aquilo significava. Emma , no entanto, assegurou às duas que não era algo novo para ela – viajar no meio de soldados – e que estava preparada para o que quer que tivesse de enfrentar – matar ou morrer. Mas abaixara os olhos logo depois por não conseguir encarar o horror e a tristeza estampados no rosto de mãe e filha.

E ao começar a marchar com as tropas, Emma percebeu que naquele momento não havia nada que ela pudesse fazer. Por isso apenas mastigou o lábio, entediada, e se pôs a caminhar.

Não demorou muito para começar a ouvir todos os comentários dirigidos a ela. Deveria ter previsto.

"O que ela está fazendo aqui?"

"Não sabiam que mulher no meio da guerra traz má sorte?"

"Ela só está aqui para nos ajudar a relaxar antes da batalha." E a esse comentário muitas gargalhadas foram ouvidas.

"Ela é francesa! Dizem que a matarão para irritar o exército francês quando as batalhas começarem!"

Desviou os olhos após esta última observação.

Emma sabia que estar partindo com as tropas lideradas por Killian era um privilégio que o próprio deveria ter arranjado para ficar de olho e protegê-la melhor. Ela estava sob a vigilância de um cavaleiro desconhecido, chamado Warren. Ela havia ouvido Killian lhe dar estritas ordens de não deixar que os outros soldados a tocassem ou a importunassem. Mas Warren nada fez para calar os comentários que a acompanharam por quase todo o dia.

Ao anoitecer, os soldados se instalaram sobre o terreno e começaram a montar suas barracas. Emma passou alguns momentos confusa, não sabendo ao certo o que fazer, quando Warren se aproximou e a segurou pelo braço.

- Durante a noite você muda de pelotão. – e sem mais nenhuma palavra a guiou vários metros a frente, por entre soldados, montarias e tralhas, até um círculo de barracas já montadas, onde uma fogueira já estava sendo acesa. - Nolan ! – Warren rugiu. – Ela é sua responsabilidade agora. – e sacudiu Emma pelo braço como um saco de batatas. – Ordens do general.

David , que estudava um mapa aberto sobre seu escudo, levantou os olhos e fitou Emma . Depois assentiu, e quando Warren a deixou, David se levantou. Deu um sorriso fechado e puramente educado a Emma e falou em voz baixa:

- Você ficará aqui por questões de segurança, caso você esteja planejando alguma fuga. – ele lhe deu uma piscadela – Pode nos ajudar com os mantimentos enquanto isso?

If Tomorrow ComesOnde histórias criam vida. Descubra agora