O Fim da Linha

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P.O.V Claire

Não estava feliz em fazer aquilo. Eu sabia que Bryan ficaria magoado e eu realmente não queria isso. 

Nós estávamos sentados à mesa de sempre. Ele olhava o cardápio e eu o encarava enquanto tentava achar uma maneira de dizer que acabou. 

- Bryan.

- Oi? -ele disse sem me olhar

- Precisamos conversar...

- Nada de bom vem depois dessa frase. O que aconteceu? Olha, se foi por causa do que aconteceu na festa, eu sei que eu exagerei e te peço desculpas. Não vai acontecer de novo. -ele disse segurando a minha mão

- Não é só por causa do que aconteceu na festa. A gente não está dando certo. Eu achei que poderia ter um relacionamento com você e te fazer feliz, mas eu não consigo. Minha prioridade sempre vai ser o meu trabalho e você merece mais do que isso. Você quer um romance do tipo que acontece nos livros e eu simplesmente sou fria demais para dar isso para alguém. 

Bryan me fitou com os olhos marejados por no mínimo dois minutos e não emitiu nenhum som. Foi então que ele limpou do olhos com o verso de suas mãos, deu um sorriso e então chamou o garçom.

- Olá, boa tarde. O que vão pedir?

- Bryan, para. 

- Eu vou querer essa salada caesar e uma taça de vinho branco suave. 

- E a senhorita? 

- Nada, por enquanto. 

O garçom saiu e então Bryan me olhou com uma expressão pacífica. 

- Para com isso. O que você está fazendo?! Não escutou nada do que eu disse?

- Eu escutei, mas estou te dando a chance de fingir que não disse nada. Você não quer terminar comigo. Eu sei que o Antony aparecer foi uma surpresa e que fez você reviver momentos especiais na sua vida, mas não é ele que você quer. Eu sou o homem ideal para você. 

- Eu não estou terminando com você por causa do Antony. Eu realmente não posso lidar com um relacionamento agora e talvez nunca. "Nós" não está funcionando e eu quero terminar. 

- Então é isso, se trata só de você? Você não se importa com os meus sentimentos?! Eu preciso de você, você não pode fazer isso comigo! Por favor...

- Me desculpa, Bryan. Eu não vou ficar com você por pena e nem vou me manter infeliz para que você fique bem.

- Como você pode ser tão fria? Tudo o que eu fiz foi por amor, porque eu me importo com você! 

- Eu sinto muito, de verdade. 

- Não sente, não. Acho que você nem sabe o que é sentir algo. Quer saber? Vai embora. Deixa pelo menos eu ter o prazer de almoçar sem que você fique me olhando com essa cara de pena. Eu não quero olhar pra você. 

E então eu atendi seu pediu. Respirei fundo e saí do restaurante. Não sabia como tinha tido força para fazer isso, mas eu fiz e agora não tinha mais volta. 

Não nasci para ser controlada nem pelo Antony, nem pelo Bryan ou por quem quer que fosse. Eu nasci para ser independente; para lutar minhas próprias batalhas e brilhar com as minhas conquistas. Talvez um dia eu ache alguém que aprecie as minhas manias e que saiba que ao invés de disputar com o meu trabalho possa me ajudar a aprimorá-lo, mas por enquanto isso ainda não aconteceu. 

Voltei para a empresa segurando o choro. Eu nem sabia exatamente o motivo de querer chorar, mas ele estava lá. Desabei ao chegar na minha sala e eu torcia ferozmente para que Dylan não me visse nesse estado. Eu não ia aguentar suas piadinhas ou sua estranha preocupação comigo. Eu não queria nada vindo dele. 

No entanto, após já estar mais calma, Dylan entrou na minha sala sem bater e me pegou limpando o rímel borrado. 

- Aconteceu alguma coisa? Por que está aqui? 

- Resolvi voltar mais cedo do almoço, nada com que deva se preocupar. 

- Acho que prefere ficar sozinha... Estarei na minha sala, caso precise de alguma coisa, qualquer coisa. 

- Eu estou bem.

- Então okay. -ele disse olhando em volta e então saiu

Após isso a semana até que passou rápido, mas não foi nada tranquila. Antony havia se instalado na empresa e eu sabia que cedo ou tarde ele iria provocar um estrago, mas por enquanto ele não estava fazendo nada de absurdo. 

A presença dele me incomodava, então constantemente eu mandava ele ir buscar café ou procurar documentos que eu nem sabia se existiam, mas ele acabou percebendo.

- Você precisa parar de me mandar documentos que não existem. Eu só estou tentando fazer o meu trabalho e não estou perturbando ninguém. Eu juro que assim que aparecer uma oferta melhor de emprego eu vou embora, mas por enquanto tem como você não ferrar a minha vida? 

- Sua presença me perturba. Se eu conseguir um emprego pra você, você vai embora?

- Se for um emprego melhor, sim. 

- Eu vou me esforçar muito para achar. 

- Não precisa ter pressa. Eu gosto da empresa e até que não é tão ruim poder te ver todos os dias. Você sei lá, não sente falta da gente?

- Não, não sinto. - respondi sem tirar os olhos da tela do computador

- Eu acho que sente sim, mas não quer admitir. Qual é, nós passamos ótimos momentos quando estávamos juntos, nem sempre você esteve infeliz. 

Ele estava certo, uma parte de mim havia sido feliz ao lado dele, mas eu sabia que Antony possuía uma parte obscura da qual eu tinha visto poucas vezes e que me assustava. 

- Eu sei disso, mas agora eu estou em outra dimensão e meu trabalho é a minha prioridade. 

- É, eu ouvi dizer por aí que você e o bonitinho terminaram. Espero que tenha sido por minha causa. 

- Bom, não foi. Desculpe. 

- Tudo bem, só o fato de vocês dois terem terminado já é uma conquista para mim. 

- Aham -disse sem dar muita atenção enquanto desligava o meu computador e me preparava para ir embora. Finalmente era sexta-feira a noite. 

- Já está indo embora? Eu posso te levar em casa, se quiser. 

- Não quero. -respondi a medida que o acompanhava não tão gentilmente para fora da minha sala para que a mesma fosse trancada - Você pode ficar com o elevador, prefiro ir de escada.

- São vinte e cinco andares! - ele disse horrorizado

- Exatamente. São vinte e cinco andares sem ouvir a sua voz, olha que delícia. Boa noite. -afirmei enquanto tirava os saltos e começava a descer a longa escadaria que me esperava. 

Eu precisava fazer algo diferente hoje, precisava extravasar. Lembrei-me de um bar muito famoso cujo eu frequentava na minha época de faculdade e então sem hesitar peguei um táxi até o local. 

Ao chegar lá percebi que nada havia mudado. A música ainda era uma mistura de pop/rock e o lugar tinha uma energia boa com a decoração rústica e o cheiro de bebida de procedência duvidosa.

Me sentei  perto do barman e perdi não só a conta de quantas doses ingeri, mas também perdi a consciência. 

Apenas acordei no dia seguinte em um quarto desconhecido e muito bem arrumado. Lençóis de seda e uma decoração extremamente impessoal. Onde será que eu havia me metido?!

Suporte-me, se puderOnde histórias criam vida. Descubra agora