Logo hoje, logo hoje eu tive que me atrasar, no dia em que eu iria para escola junto com Camila. Agora estávamos do lado de fora por minha causa.
- O que vamos fazer? - perguntou.
- Tive uma idéia.
Pedi para Camila segurar minha mochila e comecei a subir pelo portão, assim que já estava dentro ela jogou minha mochila de volta para mim.
- E eu, como faço?
- Ué, a mesma coisa.
- Não dá pra chamar alguém para abrir o portão?
- Estamos atrasadas, eles iriam pedir para voltarmos para casa. Então deixa de frescura e pula logo pra cá.
- Aí tá bom. - bufou.
Camila jogou o seu material para mim e com certa dificuldade começou a subir, mas sem se machucar chegou ao chão.
- E o que vamos falar para os professores quando entrarmos na sala? - disse colocando a mochila nas costas.
- Que estávamos passando mau no banheiro e por isso demoramos.
- Eu devia te bater por me fazer pular o portão, mas sua idéia foi boa.
- Eu sei. - me gabei.
- Convencida. - deu a língua.
- As vezes.
Saímos correndo desesperadas, o primeiro sinal tinha tocado. Perdemos a primeira aula. Ainda bem que a minha era matemática, pensei.
Hoje não tinha nenhuma aula que Camila fosse da mesma sala que a minha ou vice- versa, só vi ela na hora do intervalo e agora na hora da saída.
Camila me pediu para acompanhá - lá até em casa, só que o caminho estava sendo diferente. Não questionei, fiquei em silêncio até chegarmos.
- Chegamos!
Paramos em uma espécie de mini floresta com um monte de árvores de diferentes comprimentos e de diferentes folhas.
- Onde estamos?
- Na ponte verde.
Me lembrei que ela tinha me dito que me levaria para conhecer esse lugar. Andando entre as árvores vi várias borboletas passando diante dos meus olhos, os passarinhos cantavam melodicamente, era o único som que se ouvia entre nós duas. Era lindo.
- Por que tem esse nome?
- Verde por causa da natureza e tem uma ponte no centro que divide o lugar em duas partes.
- É muito bonito aqui.
- Realmente, por isso que venho pra cá quando tenho algum problema. Parece que os meus medos ficam pequenos diante a beleza daqui.
- Acho que também vou me aderir a esse lugar. Posso?
- Claro! - disse sorrindo.
Em mais alguns passos, passamos pela tal ponte, que em baixo a água corria tranquila. Depois já dava para ver a rua de novo, estávamos na calçada onde dava para ver sua casa e onde paramos para nos despedir.
- Obrigada por me acompanhar, você foi a primeira pessoa que trouxe aqui.
- De nada. - sorri.
- Também quero dizer que ter pulado o portão foi minha primeira aventura e foi divertido.
- Nossa. - ri - também foi divertido ter conhecido esse lugar. Obrigada.
- Que isso.
- Então é isso, tchau Camila.
- Tchau amiga.
Me virei e Camila acenou para mim sorrindo até desaparecer do meu campo de vista.
Primeiro ela me conta sobre seu pai, hoje me mostra um lugar único para si, onde se esconde dos próprios medos e ainda me diz que fui a primeira pessoa que ela levou lá e para terminar me chama de amiga. Camila me fez sentir especial para ela. Esse dia não poderia ter sido mais perfeito.
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Um amor para se guardar
RomanceAQUELE PAR DE OLHOS VERDES TRANSMITIA SEGURANÇA, O COMEÇO DE UMA NOVA AMIZADE E UM POUCO MAIS... Para Camila o segundo ano do ensino médio não seria diferente do primeiro, garotas magras e bem maquiadas falando de garotos, e os atletas, jogadores d...