Perdida

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Deitada em minha cama, apreciava o teto branco. Sempre que ficava de cabeça vazia logo em seguida vinha um pensamento novo em mente, algo que nunca parei para questionar, uma pergunta que eu não sabia a resposta ou um momento que já passei e que ao fechar os olhos ele passava como um filme no consciente. 

Deixei a imaginação me levar, ligando a TV que ficava em minha cabeça, a apresentadora era Lauren. Assistia seu beijo no banheiro da escola, a dança com a menina na praça, os nossos lábios se acariciando e para terminar a programação, ela dizendo que aquilo na tinha significado nada, que aquele ato foi por impulso.  Será mesmo?

A campainha tocou, me tirando dos meus devaneios, sai do quarto e rapidamente cheguei à sala. Abrindo a porta.

- Oi gata.

- Austin? O que faz aqui?

- Como assim o que faço aqui? - disse entrando. - vim ver minha garota. - ele tentou me dar um selinho mas me esquivei. 

- Eu não sou e nunca fui sua garota.

- Porque está agindo assim agora? - se aproximou de mim.

- Por que desde o momento que descubri que você é namorado da Lauren, que a propósito é minha amiga eu não consegui ver esse nosso envolvimento como algo certo. Pensei que tinha me entendido.  - disse séria.

- Você sempre soube que eu saia com outras pessoas e não se importou. Então relaxa tá.

Antes que podesse falar alguma coisa,  Austin me beijou, me deixando com raiva. O pior é que não só o beijo inesperado, mas seu jeito agressivo apertando minha cintura me tirou a paciência. 

- Para! - o empurrei pelos ombros.

- Qual é. - arqueou as sobrancelhas. 

- Qual é nada, vai embora! - apontei para porta.

- Mas...

- Sem mas, vai embora! - gritei. 

- Isso não vai ficar assim.

Assim que ouvi o barulho do trinco, me sentei no sofá com os dedos entre o cabelo, me perguntando o que tinha acontecido comigo. De repente,  batidas foram direcionadas a porta, me levantei  daquele  jeito.

- Já disse para ir embora! - disse com fúria ao abrir a porta.

- Calma Camila.

- Me desculpe Carlie, entre.

Carlie era minha vizinha e uma das minhas melhores amigas, a considerava como a irmã mais velha que nunca tive.

- Vi o boy saindo daqui todo irritadinho. - disse se sentando. - aconteceu alguma coisa entre vocês dois?

- Você sabe que Austin e eu nunca tivemos nada sério. - me sentei ao seu lado.

- Sim. - Ela assentiu, permitindo que continuasse. 

- Descubri que uma das outras garotas que ele ficava quando vinha pra cá é minha amiga, desisti dele por causa disso, ele achou ruim e ficou bravo.

- Homens. - Carlie riu e revirou os olhos.  - Mais essa sua amiga é aquela que vi com você esses dias.

- Lauren, ela mesma.

- Ela é bem gata. - disse de forma maliciosa. 

Carlie é lésbica, detalhe que não havia comentado. Não tenho preconceito é claro.

- Nem pense em besteiras Carlie. - a repreendi de brincadeira.

- Ela é hetéro? Porque ser for, isso não é problema.

- Lauren é bi, mas não é isso...

- Então, o que que tem? - perguntou olhando em meus olhos. - Acho que tem mais coisa aí.

Não sabia mentir, e não tinha motivos nenhum para esconder nada para minha amiga. Resolvi contar o que tinha acontecido comigo.

- Me incomodei com Austin, ele tentou resolver as coisas... Você sabe. Ele me beijou de forma desesperada e me tocou com agressividade. Austin não foi carinhoso e cauteloso como era antes sabe...

- Só isso? - sua voz saiu doce e macia.

Respirei fundo e cocei a nuca.

- Antes dele chegar, estava pensando em Lauren... - fiz uma pequena longa pausa - no beijo que ela tinha me dado. - fechei os olhos e suspirei. 

O silêncio se fez, os olhos azuis de Carlie me fitavam com carinho, respeitando minha situação. Sorri gentilmente para ela como se dissesse obrigada pelo seu gesto.

- Você sente algo por ela além de amizade?

Não saberia responder nem para ela e nem para mim mesma. Confesso que depois daquele beijo eu não sabia o que sentia, o que pensava. Não era algo que me deixava mal, mas, confusa com meus sentimentos. 

- Eu não sei...

Carlie pousou sua mão em minha coxa e começou a acariciar a mesma, nesse momento nosso olhar entrou em conexão e por impulso me aproximei mais dela.

Sentei em seu colo e a puxei pela blusa a beijando, Carlie me correspondeu com sua língua e aos poucos fomos nós deitando no sofá, ela desabotoava minha calça e percorria seus lábios em meu pescoço.  Me senti tão leve e desejada, mas ao mesmo tempo perdida em meu interior.

Um amor para se guardarOnde histórias criam vida. Descubra agora