Dream

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CAMILLE

Sabe quando você acorda e vê que tudo que você tinha simplesmente some? Um dia você tem tudo e no outro nada.

Eu era ninguém, meus pais sempre brigavam por causa do meu irmão, eu achava conhecer ele, mas ele sempre foi mais velho e mais bagunceiro, o pai sempre gostou mais dele por ser homem e tudo mais.

Mãe gostava mais de mim por eu ser mulher e ser mais "delicada" que ele. Sempre fomos próximos e meu irmão sempre cuidou de mim, mas depois que nossa mãe morreu tudo mudou, ele ficou violento e começou a beber muito, nosso pai não parava em casa e sempre que parava estava com uma mulher nova.

Eu tinha 12 anos e meu irmão 17, não tenho boas lembranças de meu pai, pois eu nunca tive a atenção dele, minha mãe era a única pessoa que importava para mim, a única mulher que eu amei incondicionalmente.

Depois de alguns anos eu foi apresentada ao basquete, vi os garotos jogando e queria jogar junto a eles, mas não podia, pois além de ser mulher eu ainda não sabia jogar. Aos 16, voltei aquela quadra e desafiei cada um daqueles garotos, treinei durante 2 anos intensivamente e claro que o resultado era visível.

Ganhei respeito e comecei a competir pelo time da escola, depois competir por prêmios maiores e então a WNBA, aquilo era tudo que eu queria, aos 18 minha história já estava escrita e eu tinha tudo, mas algo meu pegou de surpresa, meu pai morreu em um acidente de carro, meu irmão foi a loucura e então no dia do funeral onde compareceram apenas eu e meu irmão, ele bebeu inúmeras garrafas e apareceu embriagado no meu apartamento.

Não queria deixar meu irmão entrar, mas ele me empurrou e entrou trancando a porta, ele veio para cima de mim e me derrubou, após tirar minha camiseta ele tirou meu short, naquele mesmo dia eu passei a odiar ele.

Eu nunca disse a ninguém que minha mãe morreu de tanto apanhar do meu pai e nem que fui estuprada por meu próprio irmão, depois de um tempo sem jogar eu fui escalada para um campeonato onde teria a oportunidade de mostrar ser uma ótima capitã, foi um jogo difícil e eu acabei me machucando feio.

Meu último jogo foi aos 20 anos, quem iria imaginar que alguém como eu acabaria em um banco por machucar o joelho? Ninguém esperava isso.

Quando fui jogar eu não estava com cabeça para nada, mas tive que esquecer tudo e mostrar a todos o quão boa eu era, um garoto que estava disputando o primeiro campeonato dele foi quem me deu mais apoio para vencer.

Clayton Hosts um garoto de 15 anos que jogava melhor que muitos ali, ele esteve do meu lado durante o jogo e depois dele.

~Mas o que é isso?! O que acabou de acontecer?!

~Pelo que vejo Sebastian o número 01 caiu com o joelho esquerdo direto no chão, imagino que ela tenha quebrado algo, no mínimo.

~Ela não vai ficar no banco, vai terminar o jogo.

~Então ela ainda está inteira.

E ele tinha razão, depois de uma enterrada e um empurrão eu cai em cima do meu joelho e acabei quebrando o que era mais importante para mim.

O tema de jornais por semanas foi o diálogo dos dois comentarista, eu mal terminei o jogo com muita dor e um joelho quebrado que agora tem pinos.

Eu tinha uma namorada, mas ela acabou me deixando depois de um tempo, disse que não era mais a mesma e que perdi meu sorriso, essa foi a segunda pessoa que eu amei e que me deixou.

Ela passou anos ao meu lado, mas no fim, depois do último jogo a dois anos atrás, pedi que ela seguisse a vida dela ao invés de ficar com alguém como eu.

A única pessoa que permaneceu do meu lado foi o Clayton, com 21 comecei a fisioterapia e ele me acompanhava, um garoto de 16 anos andava sempre ao meu lado, então um dia eu perguntei a ele o motivo de tanta atenção, então ele respondeu:

"Eu admiro você Hunter, quando eu finalmente pude jogar ao seu lado, você se machucou. Você é o motivo pelo qual eu jogo, quando você começou a jogar em campeonatos eu pedia a minha mãe que me levasse nos seus jogos porque eu adorava ver você jogando, gostaria que você me treinasse. Saiba que sempre estarei ao seu lado, não porque eu admiro você, mas porque eu gostei de conhecer a Camille, e eu sinto que você precisa de alguém."

Eu o abracei forte nesse dia, eu ganhei não só um admirador mas também um amigo, coisa que era muito rara para mim.

Eu aceitei dar aula de basquete na escola dele e transformei o em um jogador, treinávamos sempre que podia e às vezes eu arriscava jogar com ele.

Clayton ganhou um contrato com time profissional, mas precisa terminar o colégio, hoje eu tenho 22 anos e ele 17, desde os 15 anos ele treina comigo para ser o melhor. Minha hóstia até agora pode ter acabado bem, mas ainda tem aquela líder de torcida que vai me dar muita dor de cabeça.

I Depois do último jogo (português BR)Onde histórias criam vida. Descubra agora