prólogo:

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— como eu amo morar em Aspen!

Solto um suspiro pesado e dedilho com a caneta sobre a papelada da mesa, enquanto estico o pescoço para espiar a vista da minha janela no escritório.
Eu sempre amei trabalhar ali, tenho a melhor visão da cidade, o alto da colina mais gelada de todo o Colorado.

Estamos no começo do inverno, a cidade já está completamente coberta de neve e eu usando minhas roupas chiques de frio. É possível sim ficar linda e maravilhosa, mesmo tendo que andar toda empacotada.
Hoje o dia estaria maravilhoso, se não fosse pelos meus dois amigos, Denzel e Mason, e a namorada do Denzel, agindo estranho comigo desde que acordei. Não faço ideia do que está acontecendo, e isso me deixa completamente irritada.
Para completar, não dormi nada bem essa noite, só pensando no quanto de trabalho acumulado que tenho.

E em pensar que vou entrar de férias daqui duas semanas e preciso deixar tudo isso em ordem.

Eu trabalho como administradora na Aspen Mountain, é uma estação de esqui, a mais antiga daqui. Aspen é uma cidade pequena, luxuosa e cheia de turistas, mas eu não me importo. Gosto mesmo de cidade pequena.

É com esse trabalho quase escravo que pago o apartamento onde vivo. Eu divido apartamento com meu melhor amigo, o Denzel. Ele é modelo e acabou se mudando para cá quando recebeu algumas propostas de algumas lojas de marcas famosas que existem aqui. Eu amei, claro, já que foi muito sofrido eu deixa-lo em Denver. Nos conhecemos quando eu tinha 15 anos, quando me mudei para Denver e fui a droga da novata na escola. Hoje tenho 30 anos e nossa amizade continua firme e forte. 

Eu saí de casa quando eu tinha 18 anos, sempre me achei independente demais para continuar morando com minha mãe. Somos apenas eu e ela, meu pai morreu quando eu tinha 10 anos e nossa família sempre foi muito pequena, principalmente pelo fato dos meus pais, ambos serem filhos únicos, assim como eu. Minha mãe e eu nos damos bem na medida do possível, sei que ela morreria por mim se fosse necessário, mas vivemos em eterno pé de guerra. Ela não é uma pessoa má, mas gosta muito de mandar na minha vida. Ela põe defeito em quase tudo que faço. É aquele tipo de mãe que apesar de ser sua mãe, você a quer bem longe.

E o que me mata é o seu costume ridículo de dizer que eu já deveria ter pelo menos um namorado, já que meu relógio biológico está “tic taqueando” mais depressa. Ou seja, corro o risco de casar tarde e não poderei ter filhos. Quero morrer quando ela começa a falar sobre isso.

Não vou nem contar sobre os vários vexames que ela me fez passar nas várias festas que a acompanhei e a mesma saiu me apresentando todos os homens que conhecia. Principalmente os filhos das suas amigas. Tenho vontade de estapear minha testa só em lembrar.

Nunca quis que ela viesse me visitar, detesto a ideia de tê-la em minha casa, falando de tudo e de todos, e ela sabe disso. Quando ela menciona em me fazer uma visita, eu logo tento arrumar qualquer desculpa para dispensá-la. Até hoje me pergunto como meu pai conseguiu viver com ela por tanto tempo.

Encosto na cadeira para descansar, quando a porta da minha sala abre e vejo o Denzel e sua cabeça enorme.

Ok, não é enorme, só gosto de zoar ele.

— você.- ele aponta para mim.- vem comigo, vamos almoçar juntos. E adivinha onde?

— não faço a menor ideia.- sinto minha barriga roncar só em pensar em comida.

— pode começar a me aplaudir porque eu consegui fazer reserva no Il Poggio.

— você está brincando?

Il Poggio é simplesmente o melhor restaurante de comida italiana dessa cidade, e infelizmente, é uma luta constante conseguir fazer uma reserva lá. É sempre muito lotado.

Quando em AspenOnde histórias criam vida. Descubra agora