Quatro meses depois
A cidade já se enfeitava de verde e vermelho.
Se ouvia o soar dos sinos por todos os cantos.
Nos últimos três meses nada de muito interessante aconteceu.
Mamãe aprendeu a fazer outros 2 tipos de torta.
Moe e Lauren voltaram (vou sair com eles hoje, por falar nisso).
Eu estou me sentindo até que bem, mesmo que sem ela agora e simplesmente não vejo necessidade de procurá-la pelas ruas, mesmo que as vezes o faça, acho que está tudo bem, é normal a falta que as pessoas fazem.
Papai perdeu o emprego na loja de carros e eu consegui um estágio numa livraria.
Cheguei na cafeteria agindo como se então não tivesse me atrasado, apesar de tê-lo feito.
Moe e Lauren estavam sentados um ao lado do outro, eles pareciam tão felizes...
Moe sempre fora animado e do tipo livre, mas, com ela, era como se fossem livres um com o outro.
Apesar de eu achar que Lauren é outra pessoa com ele, sinceramente.
- Olá!
- Atrasou.
- Oi pra você também, Lauren.
Ela apenas fez um leve movimento com a cabeça que eu acredito que possa ter sido um aceno.
- Já comprou meu presente, Moe?
- Pra falar a verdade, Al. Tenho que te contar uma coisa.
E então, Moe me pareceu sério, de repente.
Provavelmente tava passando muito tempo com a Lauren...
- O que houve?
- Vou pra faculdade...
- Que bom, Moe, fico feliz que tenha passa...
- Em Vancouver.
Isso sim é um clichê.
Pessoa que ainda te ama? Hmmm que tal o universo levar ela embora?
Com uma pitada de solidão e saudade no ano novo, o que acha Al? Não vai perder a chance não é?
Ha ha ha.
Eu, que sempre olhava mais para o chão que para seus olhos, abaixei a cabeça e o tom.
- Quando?
- Dia 26.
- Moe! O ano novo!
Moe sempre foi do tipo que não esconde o que sente e, com os olhos lacrimejantes, me abraçou.
- Sinto muito.
E eu, logo a pessoa mais fraca da família, já havia desabado.
E então não havia mais novo ano, apenas o desejo de que esse acabasse.O natal dos Buenes sempre eram os mais animados e cheios de flashes.
Sempre todos sorrindo e comendo.
Mamãe fez o peru e recheou a torta com framboesa.
Papai, que mal cozinhava fez o molho.
E então, Moe e Lauren que estavam indo para a faculdade de gastronomia, se puseram em frente ao fogão para encher o restante da mesa.
Eu? Eu mal havia achado uma roupa.
Como sempre, acabei de camisa branca, jeans e um tênis qualquer.
Os cabelos mal penteados e o rosto naturalmente cansado lembrando de quantas pessoas eu já não havia perdido esse ano e tentando apostar comigo mesma o quanto esse número aumentaria ano que vem.
Uma parte de mim aposta 20 que o número vai triplicar, já a outra acha que vai se manter porque não vou conhecer mais ninguém.
Ó, dúvidas.
Preparei a risada falsa para as piadas ruins, arrumei o colarinho e, pé após pé, fui até a sala de estar.
A cena já me era comum, mamãe estava pegando as taças no armário, papai já estava sentado a mesa, fazendo carinho no Bobbie, que latia querendo subir em seu colo, Lauren estava de pé ao lado das portas de vidro, recostada olhando para qualquer ponto do espaço que não fosse nós, Moe sorria para ela, da cozinha, era bobo o quanto seu sorriso parecia maior quando a via, ele a olhava como se fosse a última vez e quisesse guardar cada pedaço, me viu olhando e, com as mãos, me chamou para seu lado.
- Como você está?
- Tô pensando num jeito de te fazer ter uma aula de culinária pela internet.
- Desculpa, Al. Eu quero muito isso. Juro que volto logo logo, você sabe.
- É, eu sei. E você vai ser bem feliz, né garoto?
Ele se pôs a olhar para suas batatas recém cozidas, que esbanjavam beleza e provável ótimo gosto e então se virou para Lauren, dos pés a cabeça, ele a viu e, num suspiro que eu bem conhecia, respondeu:
- É, eu vou sim.
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Nós Entre Aspas
Romance"Al, por que você continua comigo?" "Porque você tem mania de mexer no cabelo quando tá nervosa... porque você acredita que as músicas soam melhores quando são ditas em voz alta e sem ritmo, por isso, todas as suas músicas são primeiramente escritas...