23 de janeiro de 2018, 7:58 AM.

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23 de janeiro de 2018, 7:58 AM.
23 dias depois do ano novo

No meu bairro tem um garoto meio triste.
Esse garoto é muito sozinho, sabe?
Quando a gente era criança eu até lembro de tentar falar com ele.
Mas ele só disse que tinha muita coisa pra fazer naquele dia.
Eu perguntei o que era e ele, com sorriso tristonho, respondeu "tenho que lutar um pouco"
Só depois de vários anos que fui saber que aquele garotinho tinha depressão.
E eu lembro de ter ido falar com ele denovo.
Ele me contou que, depois que começou a tomar os remédios, era melhor mas que as vezes se sentia mal, muito mal.
Ele disse que dava muito sono e que ele nem saia mais, esse menino se chama Andy.
Hoje, Andy é um dos meus melhores amigos.
Andy é mais novo que eu, tem seus 14 anos, mas se o assunto era estar triste, o Andy sabia tudo.
Ele sempre foi um cara que ajudava a gente, sabe? Ele sempre se importou muito e eu adoro ele.
Acordei e fui vê-lo, hoje o Andy tinha consulta e ele sempre fica meio nervoso nesses dias.
A minha outra amiga, Jane, morava lá também e foi comigo até ele.
A Jane tinha a minha idade, ela dizia que tinha a mania de se apaixonar pelas pessoas erradas.
Conheci a Jane quando vi ela e o ex namorado discutindo na rua.
Lembro que ele gritava muito com ela, e ela chorava.
Eu fui sim até lá.
E tirei ela de perto dele.
Ela me contou como aquele cara era, como ele escolhia suas roupas e como ela devia abaixar o tom, no fim ainda disse que o amava.
Foi só depois de muito tempo que a Jane percebeu que amor não machuca e sim, pessoas.
Eu e a Jane fomos ver o Andy.
-Hey.
Ele estava sentado a beira da porta com o olhar tristonho, como se pensasse em muitas coisas e, então, ergueu os olhos por um milésimo de segundo até nós e quase que esboçou um sorriso.
Sentei ao seu lado.
- Tudo bem?
- Não.
- O que houve?
- Eles vão me dar mais remédio, eu não quero.
- Então não tome.
- Mas olha pra mim... Eu preciso.
- Olha pra você, tenho certeza que não precisa.
Ele, cabisbaixo se recostou em mim, devagar.
- Porque você tá aqui ein, Al?
Sorri.
- Porque você quem me ensinou que amar alguém não tem nada a ver com paixão, não tem a ver com atração, é importância, e eu te amo, pessoas que amam, se importam. Eu não vou sair daqui.

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