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- Você precisa ser feliz, vai dar tudo certo por aqui.
- Jane, você lembra de quando a gente fez aquela festa do pijama? A gente disse que ia ficar acordado até tarde... Deu 22 horas estava todo mundo cansado e ninguem queria admitir... A gente resolveu brincar de verdade ou desafio, você lembra? Você não respondia nada... Então a Emma S. Te perguntou se era verdade que você ainda amava ele... Ela tocou na ferida e você saiu da roda e veio correndo me abraçar, parecia aquelas criancinhas, eu sabia que tinha que cuidar de você...
- Você cuidou.
Ela, já em prantos, me abraçava, do mesmo modo que fez quando nos conhecemos.
Essa aí me marcou.
Garota incrível.
Me virei para Andy.
- Você não precisa tomar aqueles remédios, você é um garoto incrível, sabia?
Ele, provavelmente num bom dia ou então para evitar me preocupar, sorriu:
- Eu sei. Eu te amo, Al.
- Lembra quando a gente virou amigo? Você tava no quarto ao lado do psicologo... Parecia tão pequeno... Você sorriu pra mim, mesmo assim e eu vi que você não queria ficar ali e entrei na sala correndo e gritando 'ela vai ter o bebê, ela vai ter o bebê!' até o psicólogo acreditar e te deixar sair...
Por mais que estivéssemos chorando, ainda conseguíamos rir, por isso continuei:
- Sabe garoto... Você se abriu comigo naquele dia, e eu por exemplo, nunca mais fui no psicólogo... O garotinho me ensinou que o remédio que eu precisava tinha nome e morava no fim da minha rua.
E lá se foi o garoto, dez centímetros a menos do que eu me abraçar, baguncei seu cabelo e só então me toquei que eram despedidas.
Mal pensei a respeito e eu já estava chorando.
Como vou viver sem eles?
Mal pensei nisso e a namoradeira chegou correndo no aeroporto.
Já com todas as minhas coisas empacotadas, eu sentia como se precisasse ir, mas por mim eu levaria todos eles comigo.
- E você? O que posso dizer? O que é um dia se eu não olhar pra sua janela e te ver sorrindo? Você é tão linda e tão incrivel... Você é um tipo raro... Não precisou atuar, cantar e nem nada assim para se fazer inesquecível... Porque você é.
Ela, ainda com aquele brilho no olhar, pouco mais alta que eu, também quis enrolar seus braços em mim, chorando como aquelas princesas de filme, sabe? Em que sai uma lágrima solitária ali, chegava a ser bonito.
Eu? Estava realmente num estado de desidratação.
- Não esqueça que sempre terá a gente.
- É bom que estejam aqui quando eu voltar.
Dessa vez, como nos clichês, soou no auto falante a última chamada para o meu vôo, limpando as lágrimas e lembrando do papai e da mamãe que eu já me despedi em casa, me virei para a cabine pensando que eu precisava ter coragem, uma vez na vida, um passo pra dentro, e eu tive.
Horas depois acordei vendo todos os passageiros andando a caminho da porta, com as malas em mãos, desci.
Eu já havia falado com a diretora da universidade e tudo o mais, eu ia morar lá, igual naqueles filmes, tirando a parte das repúblicas, eu ia morar no Campus.
E eu precisava de mais coragem.
Cada vez mais, eu sabia que isso só ia aumentar.
O lugar era lindo.
Realmente incrível.
Era mais.
Bem mais.
Era o meu novo mais.
Sem Margareth's aqui.
Sem beber e acabar dormindo com Penny's.
Sem mães evangélicas e doidas.
Sem nada.
Só eu.
Coragem Al, coragem.
Num segundo, eu entrei.
E era o começo.
O começo de uma nova vida.
Mal entrei e Lynne, que eu entendi como sendo a representante de alguma sala ou do grêmio, não sei ao certo, perguntou o meu nome e me guiou pelos corredores.
- Aimee é uma garota muito legal, sabe? Ela tá no seu quarto, ela é muito boa, engraçada, mas ela se mete em cada uma... Ela tá em todas as festas, adora beber... Aquela garota sabe entrar numa encrenca.
- De onde ela é?
- Ninguém sabe direito. Ela não fala muito, só sabemos o nome porque tá na ficha, ela é bem guardada sabe. Ouvi dizer muitas coisas dela.
- Tipo o que?
- Bom, ela ta com 21 agora né, uns três ou quatro anos mais velha que a maioria aqui... Ouvi dizer que ela perdeu a virgindade com 14 anos... Ouvi até dizer que ela começou a dormir com todo mundo porque alguém abandonou ela ou algo assim... Tem uma garota, que faz Ciências que disse que ela dormiu com alguém e foi tão diferente pra ela que até hoje ela tenta achar alguém igual... Esse alguém até eu quero porque acredite, Aimee não é das que se impressiona fácil.
Acho que vamos nos dar bem, Aimee.
- Bom, é aqui, manda um oi pra ela por mim, ok?
Quando ela se virou, olhei para os números dourados na porta branca, conseguindo de algum modo achar engraçado:
"102"

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