29

18 3 0
                                    

O quarto todo cheirava a cigarro, tinta e jazz, com certeza era jazz.
E jazz realmente tocava ao fundo, daqueles antigos.

"Você não sabe o que é o amor
Até que tenha aprendido o significado do blues"

A voz dela soava pelo quarto tingido, pintado de grafite, havia rostos como o do gato, da Alice, havia olhos, como os de Edward mãos de tesoura, havia tudo ali, era essência pura de uma alma provavelmente inquieta e confusa.
Havia cor e havia beleza em tudo, era estranho o modo como as coisas bagunçadas ali pareciam arrumadas, o modo como o seu cabelo parecia bonito e, Aimee não era linda.
Não era aquilo em que se pensa quando pronunciam a palavra.
Aimee era estranha.
Peculiar.
Incrivelmente atraente.
Ela não tinha aquela beleza comum que algumas pessoas carregavam, nos olhos ou no sorriso, ela tinha tudo diferente de todos.
Seu corpo quase que todo tatuado era cheio de cor, de energia.
Enquanto as pessoas consideravelmente lindas a gente não quer parar de olhar, Aimee era impossível se manter olhando.
Algumas pessoas são belas.
Aimee era impressionante.
Do tipo que a gente nunca acha que vai mexer conosco, até que nos ensinam o que significa "perder o ar"
E eu perdi.
O lado do quarto que pertencia a Aimee estava com as paredes rabiscadas, eu pude ler muitas frases como:
"Acredite no hoje, idiota"
"Não acha que alguém vai tomar suas atitudes por você né?"
"Você é quem você é e tudo bem"
Tinha muita coisa rabiscada lá, mas era algo realmente diferente e eu adoro o diferente.
Imaginei logo de cara que eu e Aimee nos dariamos bem, mal entrei e já senti a energia dela no lugar todo, seus tênis e seu moletom jogados na cama, um pé de meia e o outro não, seu cabelo curto estilo "Ruby Rose" sua camisa mal fechada, as calças desabotoadas, seus óculos redondos e o cigarro na boca.
Aimee estava literalmente sentada na janela, uma das pernas dobrada e a outra pendurada para fora, o pouco cabelo que tinha balançava com o vento lá de fora, apesar de estar soprando fumaça, ela parecia ser quieta, calma, mas, se quer um palpite, acredito que ela tenha muito o que dizer.
Tive meio minuto para analisar tudo.
Meio minuto.
E o jazz tocando.

"Até que você ame um amor que tinha que perder"

Em cima da cômoda haviam dois livros que eu não consegui ler os títulos, abaixo deles haviam folhas e folhas rabiscadas a lápis, ao seu lado uma câmera, daquelas que a gente vê e nem sabe como usar, entende?
Eu não conhecia Aimee mas foi só meio minuto que foi preciso para eu realmente querer fazê-lo.
Aimee apagou o cigarro, ergueu os óculos sob a cabeça e olhou pra mim, sem precisar sorrir, apenas levantando as sobrancelhas, desceu da janela e veio até mim, finalmente abrindo um sorriso tão grande quanto se é possível, com os olhos nos meus:
- Seja bem vinda ao meu delírio.

Querido leitor (a) não se esqueça de votar nesse capítulo e comentar suas partes favoritas!

Além de ajudar a divulgar essa história você também vai ter grande participação no crescimento da obra.

Se você tiver alguma crítica ou opinião sobre qualquer coisa que possa me melhorar como escritora será muito bem vinda, se for apenas algo sem fundamento favor não comentar.

Obrigada por ter lido ate aqui, você ja me ajudou muito ❤

Por enquanto os capítulos serão postados de sexta-feira e terça-feira as 23:00 sujeito a alteração com aviso prévio, ate mais.

Nós Entre AspasOnde histórias criam vida. Descubra agora