30

16 2 0
                                    

- O que te deixa feliz?
Não era algo que me perguntavam sempre.
A dois anos atrás? Margareth.
A um ano atrás? Margareth.
A seis meses atrás? Margareth.
A quatro meses atrás? Penny.
A três meses atrás? Penny.
A dois meses atrás? Margareth.
Agora? Sinceramente eu não sei.
Eu gosto de muitas coisas.
- Gosto de café, de dançar, de escrever... Acho que gosto de desenhar.
- E porque você não faz isso o tempo todo, pra ser feliz sempre?
- Ah, não faria sentido, certo? Quando a gente come o nosso doce favorito muitas vezes, ele perde o gosto.
- Você me parece interessante, continue.
- Estou dizendo, Aimee, que a felicidade só é grandiosa porque é rara.
Aimee, sentada em frente a mim, segurando seu copo de algo como whisky ou vodka, que eu não sei bem misturado com frutas ou chocolate, que ela chamou de "drink da segunda" colocou os pés sob a mesa, deitou-se na cadeira e sorriu.
- Acho que isso merece um lugar aqui.
Soltou o copo, se levantou e remexeu em uma sacola no fundo do quarto, tirou de dentro uma lata de spray preto e, com uma mão sob o queixo, olhou para o quarto, imaginando onde seria melhor escrever.
Achando uma parte em branco na parede ao lado da minha cama, semicerrou os olhos para mim.
Andou devagar até ficar frente a frente comigo.
Eu, que estava sentada, fiquei com o rosto na medida de sua barriga e lhe estendi a mão.
Já me levantando pra escrever, parei por meio minuto e ajeitei sua camisa mal arrumada, com apenas um botão preso, bem no meio, sorri de canto para seus fios que balançavam e me virei.
De cabeça erguida segui até a parade pensando que, se as pessoas fossem mesmo lugares, eu seria terra firme e Aimee seria descrita no vasto oceano.
Silenciosa, misteriosa, cheia de segredos mas incrivelmente bela em sua profundidade.
Eu fechei os olhos no instante em que ouvi o soar do spray, me lembrando dos tempos no clube de artes, logo abri e me pus a escrever.
Ao canto, Aimee me olhava e eu sentia seus olhos passando por mim, me vendo escrever, minhas mãos não tremeram nem por um segundo e eu não poderia estar mais orgulhosa de mim naquele momento.
- Terminei.
Aimee chegou bem próxima a mim, ajoelhou ao meu lado e, com o rosto a milímetros do meu, pegou a lata:
- Faltou as aspas.
- Por que aspas?
Ela respirou fundo e fechou seus olhos quase que por completo antes de responder, passou as mãos nos cabelos e ergueu os olhos pras paredes, evitando olhar nos meus:
- Por que tudo nessa droga é metáfora.
- Tudo?
- É, até eu e você.
- Nós?
Se virou para mim, com cuidado para que não estivesse perto demais e, séria, respondeu:
- Até mesmo nós fomos escritos entre aspas.
Me virei para a parede recém pintada.
"A felicidade só é grandiosa porque é rara"

Querido leitor (a) não se esqueça de votar nesse capítulo e comentar suas partes favoritas!

Além de ajudar a divulgar essa história você também vai ter grande participação no crescimento da obra.

Se você tiver alguma crítica ou opinião sobre qualquer coisa que possa me melhorar como escritora será muito bem vinda, se for apenas algo sem fundamento favor não comentar.

Obrigada por ter lido ate aqui, você ja me ajudou muito ❤

Por enquanto os capítulos serão postados de sexta-feira e terça-feira as 23:00 sujeito a alteração com aviso prévio, ate mais.

Nós Entre AspasOnde histórias criam vida. Descubra agora