Capítulo 25

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A maré calma batia nas rochas , o de olhos avermelhados olhava o céu sem expressão alguma, não o admirava, nem procurava algo, apenas o observava sem interesse. Seus pés calçados pelo costumeiro all-stars que diferente do corpo que se assentava nas rochas, este estava na areia, a barra da calça jeans molhada, já não se importava se algumas pouca onde em hora brava o acertava as canelas. Chara se sentia vazio, mas não procurava um algo para o preencher, na verdade cavava um buraco cada vez mais profundo em si mesmo procurando respostas que não existiam.

Ouvir que Frisk o amava doía, era como se estivesse revivendo um episódio de sua vida, porém sem Asriel, mas não permitiria que dessa vez houvesse perdas.

Duas figuras se aproximaram por trás em boa distância. O mais alto disse algo para o de cabelos azuis dando um beijo em sua testa e o assistindo se afastar aos poucos, quando este já sumira de seu campo de visão decidiu descer entres as rochas e se achegar a Chara.

*Posso me sentar com você ?

*Ah, ruivo… senta.

*Eu tenho nome…

* Seu nome é rídiculo, é nome de gato.

*No seu mundo talvez seja. — Sentou-se preguiçoso tentando se sentir confortável na dura rocha. — O que faz aqui? Está esfriando o tempo.

* Pensando na vida, como sempre. Minha cabeça está girando com tudo para assimilar, você me diz coisas, logo em seguida Asgore diz outra, ambos parecem convincente, não sei no que acreditar.

*O que ele disse dessa vez, tsc — O de cabelos alaranjados.

*Nada… é meu pecado. Sabe ruivo… eu quero sumir daqui… Eu sinto que se eu continuar por perto eu vou fazer uma besteira.

*Eu tenho nome…

*Jeff é nome de gato.

*É nome de assassino.

*Assassino?

*Jeff the killer… — Fizeram silêncio por um tempo, depois da longa pausa o riso que antes começara nasalado agora era alto e contagioso.

*E o que você faz por aqui?

*Eu estava com meu namorado.

*E cadê ele?

*Vi você largado aqui e pedi para que ele fosse pra casa, eu iria tentar ser útil aqui de alguma forma. — Tirou do bolso um maço de cigarro e ofereceu para Chara, que apesar de não ser de seu feitio aceitou já sendo aceso.  — Mas não mude de assunto. O que Asgore encheu sua cabeça dessa vez?

*É uma pergunta idiota, mas você se lembra de Asriel? — concordou com a cabeça — A verdade por trás da sua morte…

*Meu pai sabia, certa vez ouvi ele conversando com o Papai, parece que ele também é do fã clube que odeia o Asgore, não só pelo que aconteceu com Asriel, mas pelo preconceito homoafetivo dele, afinal, meus pais são um casal gay.

*I see.

*Mas , continue…

*Asriel fez aquilo por me amar?

*É o que disseram.

*E se Frisk estiver com Sans pra não cometer o mesmo erro?

*Em? — Engasgou com a fumaça do cigarro pelo susto da frase, tossia enquanto assistia o outro tragar sem muito interesse.  — Você está louco Chara?? Pelo que eu sei Frisk está apaixonada por Sans não?! — O silêncio mais uma vez tomou —  Não me diga que Asgore enfiou essa asneira na sua cabeça?!! Chara, responda-me!! — O outro nada dizia e seus olhos pouco marejavam. — Eu a cada dia passo a odiar mais seu pai. Escuta. — Apagou o cigarro o deixando no cinzeiro de bolso , segurou a mão gelada do menino. — Chara por favor me escuta. — Olha a face agora pálida do menino, quase sem expressão.

*Sou todo ouvidos, mas minha mente está dividida na sua voz e no som do mar. — Só então o ruivo olho para onde os olhos de coloração rósea encarava desde o princípio. — Eu queria ser como o mar, ser livre, ir pra onde o vento me levasse sem me preocupar com hora, lugar, ocasião, apenas ir, sem ninguém pra me impedir.

*Ate mesmo o mar tem seu próprios problemas que não é capaz de resolver.

*Como o que por exemplo?

*Esse bando de surfista chato, seus habitando peixotos sendo tirados de lá, óleo de navio, sujeira que prende e mata as tartaruguinhas, os golfinho estuprando as pessoas. — Chara soltou uma leve risada com a última parte.

*Na verdade até isso o mar pode resolver, se ele quiser ficar irado e matar e destruir o que estiver em sua frente então ele o fará com um lindo tsuname, o que os homens humanos podem fazer para impedi-lo? Nada.

*Vendo por esse ponto de vista psicopata…

*Psicopata… ultimamente é o que quero ser, acabar com tudo e todos, a minha cabeça não para de doer. — Sentiu sua mão sendo apertada pelo amigo.

*Vamos Fugir, você não queria isso?  Vamos Chara…

*Eu, você e seu namorado? Não gosto muito de ficar de vela.

*Eu e você . — O menino parou um pouco para pensar na proposta, era realmente tentadora. — Mas e seu namorado?

*Há um livro “Dom Casmurro” cujo tem uma dita fala de Escobar e diz “As vezes o coração tem princípios que a gente desconhece.”

*Então está com pena de mim?

*Não.— A atenção do de cabelos chocolate finalmente foi voltada 100% ao ruivo assim que seus olhos se encontraram.

*Então?— Sem aviso prévio o mais alto puxou Chara derrubando seu cigarro, este foi pego de surpresa um um beijo, o que não entendia era o porque de seu corpo responder. Enquanto uma mão se apoiava para que seu corpo não caísse a outra se levou até a nuca do rapaz intensificando o beijo, seus olhos fechados e o erótico som das línguas de degladiando. Chara sentiu um arrepio quando a mão do rapaz tocou sua cintura por debaixo da casa, mas parou aí, o beijo se acabou pela falta de, apenas um fio de saliva ainda os conectava. Os olhos arregalados de ambos, com suas maçãs coradas, ninguém sabia o que dizer.

Carmesim: A cor do pecadoOnde histórias criam vida. Descubra agora