Carmesim: A cor do pecado

Capítulo 31

*Sans!! — Chamou o amado antes que esse saísse de casa.

*Sim, meu anjo?? — Voltou um pouco o percurso beijando a menina que até o momento ainda não tinha visto. — Acordou um pouco tarde hoje. Mas entendo, pela noite de ontem. — Riu baixo e viu as bochechas do pai corarem.

*Desculpe, bem, sobre o que falamos ontem. — Cochichou. — Você não vai cancelar a... você sabe, a compra da casa e ...

*Amor, eu entendo que você estava nervosa ontem e... — Olhou de relance para o pai e se abaixou para falar próximo ao ouvido da menor. — Será aquela nossa casa, e eu não vou a lugar nenhum se não for com você, então tenha um bom dia. — Deu um selinho na amada e um peteleco em sua testa se retirando da casa com o saquinho de resto de comida para os cães da rua. A outra suspirou vendo Sans se distanciar lentamente.

*Vai pra faculdade? — Cortou Gaster o pensamentos de Frisk.

*Oi? — Olhou para trás um pouco assustada vendo o cunhado e o Sogro tomando café.

*Perguntei se vai pra faculdade...

*Sim, acho que já faltei demais, Suzzy não vem hoje??

*Creio que não, mas ela também vai a aula, como namorado e pedagogo não posso permitir que vocês sejam tão irresponsáveis.

*Agora falou como um professor. Desse jeito você até parece a Alphys, hehe. Eu vou me arrumar. Já ven-- — Subiu as escadas tão rápido que nem puderam ouvir o final da frase.

Gaster ouviu o som da porta e se levantou para abrir, era Grillby seu bom e velho amigo que prometeu ficar com Papyrus até o horário de levá-lo a escola. Se despediu do filho com um beijo e esperou a menina que recusou o café animada, tal ânimo tranquilizou o coração do sogro que pensava que as enchurradas de notícia a deixaria triste por uma vida toda, muita pressão sendo posta sobre a pequena, mas de certa Sans já teria dado seu jeito.

Foram juntos a universidade, como um dia normal, mas Janny só chegou terceiro turno, dizendo que havia se encontrado com alguém, não disse que era Torial mas deixou que acreditasse que era algum paquera, apenas deu graças por não citarem no nome de Doggo.

Do outro lado Sans fazia seu trabalho como sempre, mas esse em especial um pouco mais rápido, quem o via poderia achar que era para chegar em casa e ver a amada o quanto antes, mas não dessa vez, uma mensagem que recebera antes de Frisk chegar em casa na noite passada o preocupava, um número desconhecido dizendo ser Asgore, marcando um encontro, preferiu não dizer isso a Frisk pois quantidade de coisas que ela já estava absorvendo era um pouco demais , mas chamou outra pessoa por via das dúvidas, assim não estaria sozinho contra o "chefe final", afinal, de todos os obstáculos esse era o mais difícil de ultrapassar.

Com seu trabalho concluído foi se arrumar para ir ao ponto combinado.

Ficou impaciente , olhava para todos os lados e nada, já ia embora quando um figura de verde se aproximou de do local.

*Chara?

*Porque a surpresa?

*Achei que era...

*Asgore? Eu sei, eu usei o telefone do Jeff pra te mandar uma mensagem, princeso. Pela tensão em seus ombros a piada foi boa.

*Meu Deus, você não imagina como foi boa, eu vou precisar de outra fralda porque essa aqui já tá toda cagada.

*Espero que esteja assim de tanto rir.

*Hilário, simplesmente . — Batia palmas de forma sarcástica.

*Não vou pedir desculpa, mas eu quero que você me ouça com atenção. Eu não sei qual é o plano do Asgore, mas posso dizer com convicção que a primeira parte fracassou.

*Espera... o que?

*Eu preciso te contar uma história antes, sobre nosso irmão Asriel...

*Frisk já me contou e eu lamento por isso.

*Que seja, então você sabe que meu irmão gostava de mim, e que por muito tempo eu me culpei por não ter correspondido ele da forma certa.

*Essa parte não.

*Basicamente eu me odiei por ser uma criança inocente naquela época, quando entendi o que meu irmão sentia eu me culpei, talvez se eu tivesse correspondido como ele queria ele ainda estivesse aqui e Asgore jogou com as palavras, ele queria que esse meu medo retornasse mas agora com Frisk.

*Continue. — Prestava atenção em cada palavra, e seu aliado não muito longe não era diferente.

*Ele me fez crer que Frisk me amava, assim como Asriel, só que diferente dele, não cometeu um ... você saber, na verdade ela estava se iludindo fingindo amar você. Eu acreditei, eu fui patético e acreditei. Mas teve algo que eu reprimi a minha vida toda desde aquela época, eu pretendia testar Frisk, mas isso que voltou a tona me pegou desprevenido, mas é um ponto de vantagem.

* E o que exatamente seria?

*Eu sou Gay.

*Que?

*É isso mesmo, eu... eu reprimi isso achando que era algo ruim, mas meus namoros nunca deram certos então alguém apareceu na minha vida agora, diferente de qualquer menina que eu já tenha ficado eu me sinto bem com ele, mesmo que essa pessoa já tenha alguém.

*E você disse que testaria Frisk, o que é?

*Huuh' não fique com raiva, foi necessário, se Frisk me amasse de verdade então ela cederia as minhas iniciativas não acha? — Sans concordou com a cabeça e olhos semi-cerrados. — É , acontece que eu tentei sexualemnte me aproximar de Frisk, e ela me rejeitou, não que eu fosse ir até o fim, mas eu fiquei aliviado, além disso ela agiu muito bem depois como se não passasse de mais uma das minhas piadinha. — Sans suspirou aliviado. — Ela gosta de você isso é certeza.

*Frisk estava com um pouco de raiva ontem, conversamos a noite quando ela chegou, estava com umas ideias de fugir. Conversamos bastante e nos resolvemos, foi só estresse momentâneo, mas agora que tem Asgore como um problema a menos, só preciso resolver sobre a Catty.

*Fugir? hahahah acho que somos gêmeos mesmo. Catty? A do golpe da barriga? Eu dou um jeito nela. — Deu uma piscadela para Sans.

*O que pretende fazer?

*Só me mostre uma foto dela e um lugar fácil de achá-la e me deixe trabalhar, eu lidei com mulheres minha vida toda, ainda tenho meus encantos héteros. hahah'

*Você não vai torturá-la né?

*Amigo, tortura é tão medieval, estamos no século 21, a era dos adolescente irresponsáveis, acredite, assim como o álcool faz uma pessoa esquecer o que fez na noite passada, você é prova disso, ele também faz outras mágicas, acredite você ou não , mas eu nunca vi um bêbado mentir. — Moveu os ombros de forma engraçada com um sorriso debochado.

*Chara você realmente é a metade diabólica da Frisk.

*Obrigado. — Mandou um beijo no ar para Sans. — Só não se apaixone.

*A propósito você... pretende fugir?

*Bem, sim e não, tecnicamente os próximos a mim vão saber pra onde eu fui, mas meus pais não podem saber.

*Vai com alguém?

*Quer me fazer companhia? Frisk vai ficar meio solitária. — Riu da expressão do cunhado. — Não, eu vou com uma pessoa, vai ser bom ficar longe daquela casa tóxica.

*Como vai sobreviver ? não é tão fácil assim arrumar emprego.

*A família dessa pessoa com quem eu vou sabe de uma coisa ou outra, eles meio que estão adorando a novela, então estamos sob os cuidados deles, estaremos em outra cidade em uma casa deles, emprego é o de menos, a gente consegue com o tempo, eu voltou quando estiver em paz comigo mesmo, ou você acha que eu vou perder a chance de ser titio?

*Ér... — Sans corou. — Chara... eu estive pensando, Frisk mencionou isso, se tivermos um filho menino que se chame Asriel, mas penso que possa ser um pouco torturante para ela e...

*Não é... acredite, sinceramente seria uma benção para nós termos uma criança na família com esse nome. Bem, eu vou indo, eu tenho mais coisas pra resolver em envie uma foto dessa Catty e a informação que te pedi, tá gatinho? — Concordou com a cabeça. — Touchê. Até mais Sans, cuida bem da minha gêmea boazinha.

*Tá bem. — Sorriu de canto. — E você se cuida seu descabeçado. — Recebeu um aceno de costas. Doggo saia de seu esconderijo terminando de digitar no celular.

*E aí?

*Ouviu isso?

*Cada palavra, e acho que só odeio ainda mais esse Asgore, tentando usando um trauma do próprio filho. Patético.

*Esses irmãos... — Sans estava com a cabeça longe. — Dizem que o dinheiro não compra a felicidade, eu posso concordar agora.

*O que quer dizer?

*Eu e minha família nunca tivemos as melhores condições possíveis, mas estamos todos bem e unidos sempre, e esses garotos? Tiveram tudo, a melhor casa, o melhor ensino, melhores roupas, comidas, tudo, mas no fundo eles parecem tão infelizes. Eu espero que Chara possa encontrar sua felicidade agora. — Ajustou a gola da camisa com um sorriso divertido. — Porque a da Frisk já está garantida. — Riu e Doggo não pode evitar rir também.

*Mas e a Catty?

*Vamos deixar Chara trabalhar.

*Que medo.

*Eu não, esse garoto é brilhante e vai fazer qualquer coisa pela irmã, só nos resta confiar e ir pra casa?

*Sim, casa, e por falar nisso, preciso encontrar minha pitanga.

*Sério, mal voltou do treinamento militar e já está entrosando? E a Jenny?

*Calado. — Suspirou. — Resolve tua vida aí que eu resolvo a minha. — Tentou esconder o rosto envergonhado tirando mais um riso de Sans.