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12 de junho.

Uma tarde maravilhosa em Patrocínio do Muriaé*, vários casais apaixonados - ou não -, caminhando pelas ruas do município de mãos dadas. Uma vez ou outra aparecia algum solteiro sem sorte que ficava observando toda aquela agitação calorosa, com um aperto doloroso no peito.

Camila se sentou em um dos bancos próximos ao balcão de atendimento da sorveteria em que trabalhava, permitindo-se observar o movimento lá fora. Ela desejava, todos os dias, poder ter alguém ao seu lado para amá-la intensamente e jurar protegê-la todos os dias até o seu último suspiro.

Sua amiga do trabalho, Vitória, sentou-se ao lado, segurando dois picolés em mãos. Um deles era de chocolate, que provavelmente deveria ser para Camz, uma vez que a garota amava esse sabor.

-Eles são uns tolos - Vitória resmungou, mordendo um pedaço de seu picolé de leite condensado - A maioria deles não ama de verdade, só estão preenchendo a carência que sentem usando os sentimentos de outras pessoas.

Camila repousou a cabeça no ombro da colega e sorriu, sentindo-se um pouco melhor por saber que não era a única insatisfeita naquela data.

Um rapaz de cabelos pretos, alto e de boa aparência entrou na sorveteria, acompanhado por outro rapaz, este, era mais baixo que ele e tinha cabelos enroladinhos.

Camila imaginou o que aqueles dois estariam fazendo, andando juntos naquele lugar em pleno dia dos namorados, afinal, aquela cidade era pequena e, como toda cidade pequena, havia gente preconceituosa e fofoqueira por toda a parte.

O baixinho se aproximou de onde Camila estava e falou:

- Ele não sabe falar português então... eu vou traduzir o pedido dele.

- Ah - Camila se levantou do banco e atirou o palito de seu picolé já inexistente na lixeira mais próxima - Podem dizer o que querem.

O gringo sorriu afetuosamente para ela, fazendo o estômago da garota borbulhar. Ele disse algo em inglês para o tradutor e se retirou de perto deles, indo se sentar em uma mesa mais afastada do balcão.


- Ele fica me arrastando para baixo e para cima e quando achamos um lugar agradável... - o tradutor revirou os olhos -... ele só quer água.


Vitória abafou uma risada levando as mãos à boca. Ela estava começando a achar que aqueles dois formavam um casal muito fofo.

- Há quanto tempo estão juntos? - ela perguntou, deixando seus bons modos de lado.

O rapaz arregalou os olhos, chegando a recuar dois passos como se quisesse evitar responder tal questão.

- Nós não estamos juntos - ele engoliu em seco, enquanto Camila colocava a garrafa d'água sobre o balcão - Eu trabalho para ele.

O rosto de Vitória ficou rubro de vergonha. Camila se segurou para não dar altas gargalhadas diante daquela situação desconfortável.

Ela sabia que sua amiga sempre acabava em situações constrangedoras por causa de sua curiosidade excessiva. Não era algo que pudesse ser julgado, mas havia uma pontada de defeituosidade naquilo.

- Obrigado - o rapaz murmurou, totalmente sem graça para Camz.

Camila deu um tapa no braço da amiga, assim que o cliente virou as costas para elas.

- Ficou maluca? -sussurrou -O que eles vão pensar de nós?

- Ah, que se dane - Vitória resmungou, saindo de sua zona de conforto e indo atender os outros clientes que estavam chegando. Ela não fazia o tipo que ficava remoendo por vários minutos sobre seus erros catastróficos - Camz - ela chamou a amiga, enquanto os visitantes escolhiam qual picolé iriam comprar -  Tenho certeza que existe alguém bem mais atrapalhado que eu por aí.

Meu Cupido Deve Estar LoucoOnde histórias criam vida. Descubra agora