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- Xeque-mate.

Lauren socou a mão no tampo da mesinha de centro da sala de estar da casa onde Camila vivia. Aquela era a décima partida de xadrez que ela perdia naquele dia.

Como podia ser tão difícil ganhar dela?

- Tem alguma coisa acontecendo? - Camila quis saber, enquanto reunia as peças do jogo dentro da caixa.

Lauren negou com a cabeça. Entretanto, estava mentindo.

Depois da aparição de Jennie, as memórias do desastre que ela mesma causara estavam lhe atormentando.

Ela até mesmo podia visualizar seu pai, minutos antes de morrer, lhe dizendo para cuidar de si e ignorar o humano nojento que ele era.

- Eu estou bem - mentiu outra vez - Só estou um pouco cansada.

- Hum - Camila deu de ombros - Isso é uma pena... - ela sorriu - Eu estava pensando em te levar à uma festa hoje.

Festa. Outra palavra que ela odiava.

- Não gosto de festas - ela murmurou - Me trazem lembranças ruins.

Camila estalou a língua, deixando sua falta de preocupação tomar conta do ambiente.

- Não há nada o que temer - ela tamborilou os dedos sobre a mesinha de centro e, despreocupada, segurou a mão de Lauren - Eu vou te proteger se alguém ousar te perturbar.

A hóspede fez uma careta. Ninguém a perturbaria, uma vez que  era ela quem perturbava toda a ordem do Olimpo.

- Por favor...- Camila fez beicinho, feito uma criança de um ano e meio prestes a chorar.

A filha de Afrodite pensou um pouco. Agora ela não tinha seus poderes, seu arco tinha sido tomado como punição e, mesmo que Jennie quisesse lhe causar problemas, ninguém poderia lhe acusar.

- Tá, eu vou - ela sussurrou, como se sua vida tivesse saindo pela boca.

Camila adorava ir à festas. A sensação de liberdade e o toque constante da multidão era o suficiente para lhe tirar da densidade constante de negatividade que a cercava diariamente.

Sua família mal a visitava. Amigos? Ela só tinha Vitória. E, agora que ela tinha a companhia de Lauren, a garota faria o possível e o impossível para se soltar do plástico bolha que a protegia da vida.

- Eu vou, mas precisamos fazer um trato - Lauren falou, cheia de autoridade, como se fosse uma juíza no meio de um julgamento importante.

- O que você quer de mim? - Camila tombou a cabeça, esperando pelo pior e pelo mais bizarro.

- Você vai me levar para fazer compras.

Camz assentiu. Não seria tão ruim assim levá-la ao mercado, seria?

- Vem - ela sorriu, cheia de empolgação - Vou te arrumar algo decente pra usar.

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Acampamento de Semideuses

Tony mirou a flecha no rumo do centro do alvo. Quando não estava trabalhando para sua mãe, tentando unir humanos deprimentes com vidas deprimentes, ele se deixava sair para caçar com seu irmão,  Liam.

- Parece que teremos uma folga daquelas hoje - Liam comentou, acertando o cervo que o seu irmão cobiçava levar para o jantar.

- Ela deve estar de bom humor hoje, talvez as coisas estejam indo como o planejado.

Liam deu uma olhada rápida no cervo, certificando-se de que o tinha abatido e, muito animado, estufou o peito e sorriu para o irmão.

- Talvez... devêssemos visitar nossa amada irmã.

Tony revirou os olhos. Era óbvio que visitar sua irmã que havia sido banida provocaria a ira de Afrodite, mas se tinha algo que seu irmão amava fazer, esse algo era, sem dúvidas, irritar a deusa da fertilidade.

- Se eu disser que vai dar merda, você vai do mesmo jeito não é? - Tony resmungou, começando a ficar desanimado só de imaginar o discurso polêmico que teria que ouvir por causa de uma visita planejada com más intenções.

- Mas é claro que vou - Liam deu de ombros - Ela precisa ficar mal humorada para que as coisas funcionem direito.

Tony assentiu, e com o dom que os dois rapazes tinham, os arcos e flechas que estavam segurando desapareceram de vista.

- O que acha que ela está fazendo agora? - Liam ponderou.

Tony deu de ombros. Era difícil adivinhar os passos de Lauren, principalmente agora que estava vivendo com os humanos normais.

- Liam, ela odeia surpresas - ele tentou argumentar para fazer o mais novo mudar de ideia.

- E eu com isso? A surpresa é minha e eu faço ela como eu quiser, e você - ele segurou o irmão pela gola da camisa - Vai vir comigo e surpreendê-la também. 

Tony mordeu o lábio. Aquilo ia dar merda. E como ia.

Meu Cupido Deve Estar LoucoOnde histórias criam vida. Descubra agora