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~Uma semana depois~

- O Bruno não fala em ter filhos com você? - Deh perguntou.

Estávamos na casa dela, comendo. Eu a olhei com tédio.

- Débora, esquece isso! - mandei e continuei a comer.

- Já faz uma semana que você tá morando aqui, estão praticamente casados e fora... - a interrompi.

- Cala a boca! - falei irritada. - Fora nada e não, ele não fala em filhos! - nessa hora a lasanha que eu tinha comido revirou no estômago, me fazendo correr pro banheiro e vomitar tudo.

- Eu tô falando pra você há uma semana, Mary! Vai no médico, ou pelo menos faz um teste!

- Não! - gritei e algumas lágrimas caíram. - Eu não sei o que eu penso sobre isso, eu não sei o que o Bruno vai pensar e nem sei se eu quero!

- Na hora de fazer quis, né bonitinha!? Agora é fácil falar, mas a criança não tem nada haver com isso!

- A gente não sabe se existe alguma criança!

- Eu vou na farmácia comprar uns testes, fica aqui, tá bom? - alisou meus cabelos enquanto perguntava e secou minhas lágrimas.

- Tá bom! - sussurrei e ela saiu.

Eu estava morando com o Bruno desde aquele dia, minha mãe não gostou muito da ideia mas aceitou... A festa da Priscila foi remarcada, seria amanhã. Bruno estava me tratando super bem, ficava a maioria do seu tempo na boca, mas arrumava tempo pra ficar comigo. A escola já estava acabando, a formatura seria daqui a um mês.

Fui até o quarto da Déh e me joguei na cama, acabei dormindo até ela entrar.

- Vamos Mariana, levanta e vai fazer os testes! - brigou.

- Quantos você comprou? - perguntei surpresa e meio sonolenta.

- Dez! - arregalei os olhos. - Vai logo! - me puxou pra fora da cama e me empurrou pro banheiro, trancando a porta.

- Débora... - ela abriu a porta novamente, tacou o saco com os testes em mim e fechou a porta de novo. - Tá bom!

Fiz todos os testes e oito deram positivos. Suspirei e sai do banheiro.

- E aí? - ela perguntou.

- Oito deram positivos! - ela deu um grito e me abraçou. - Que que eu faço amiga? - comecei a chorar feito criança.

- Agora a única coisa que você tem que fazer é contar pra ele, o resto vocês resolvem juntos!

- Vou pra casa, agora só quero dormir! - ela assentiu e eu fui embora.

Ao chegar em casa, me joguei na cama virando pra parede e uma lágrima escorreu. Depois do que pareceram horas ali, senti o lado da cama afundar e braços agarrarem minha cintura, me puxando pra perto.

- Cheguei! - Bruno disse beijando meu pescoço.

- Percebi! - falei e logo em seguida funguei.

- Eita, o que aconteceu?

- Nada, desculpa... É TPM! - menti. Deve ser os hormônios mesmo.

- Tudo bem! - cheirou meu pescoço e eu fechei os olhos, logo depois me afastei. - Tá acontecendo alguma coisa!

- Já disse que é TPM, me deixa! - falei um pouco alto e levantei da cama, ia pro banheiro quando ele segurou meu braço. - Vai me bater agora? - ergui as sobrancelhas.

- Claro que não! Tá doida? Só quero saber o que tá acontecendo e porque seu olho tá vermelho!?

- Não tá acontecendo nada, pode me soltar? - ele soltou e eu entrei no banheiro.

Não fazia ideia de como contar pra ele, nem de como ele ia reagir... Tá certo que ele já mudou muito, mas um filho? Será que ele quer isso? Um filho é um laço que une duas pessoas pra sempre, o casamento pode acabar mas aquele filho... Ele vai estar sempre ali pra provar que duas pessoas já estiveram juntas.

Depois de tomar banho, sai enrolada na toalha e percebi que ele ficou me olhando, troquei de roupa e desci. Fiquei assistindo televisão até a noite cair e não falei com ele desde então. Fui até o quarto novamente.

- Tem feijão aí? - perguntei.

- Tem! - confirmou olhando pra televisão.

- E ketchup? - ele me olhou estranho.

- Tem, mas pra que?

- Pra comer! - falei óbvia.

- Feijão com ketchup? - arregalou os olhos.

- É... - fui descendo as escadas e ouvi ele vindo atrás.

- Por favor, me diz o que tá acontecendo! - pediu, me abraçando por trás e cheirando meu pescoço.

- Tô com fome!

- Não quero ir pra festa com você assim amanhã! Quero que estejamos bem, pra mostrar pra Priscila que somos o casal perfeito!

- Talvez não sejamos! - me virei pra ele.

- Como assim?

- Você vive no trabalho, eu tento me convencer de que você tenta passar mais tempo comigo... Mas você acorda e vai pra boca, volta aí almoça e volta pra boca, aí chega vê televisão liga pra algumas pessoas e depois dorme! - gritei. - Eu não faço parte do seu entinerário, e namorados devem fazer! - me virei pra ir pra cozinha.

- Eu vou vir mais cedo, juro que vou te dar mais atenção! - concordei levemente e peguei uma colher pra mexer o feijão. Vi ele saindo.

- Onde vai? - perguntei.

- Fazer umas ligações para os morros vizinhos... - falou me virando as costas. A raiva me consumiu e eu joguei a colher em sua cabeça. Ele virou sem entender. - O que foi?

- Sai daqui! - ele continuou parado. - Vai fazer suas ligações, sai daqui!

Ele saiu e eu me derramei em lágrimas enquanto mexia o feijão com ketchup. Sei que é estranho, mas fiquei com muita vontade.

Essa noite dormi no sofá, não conseguia olha-lo, estava triste e com raiva. Pela manhã senti alguém mexendo em meu cabelo. Abri os olhos devagar, dando de cara com Bruno.

- Já pode me desculpar? - perguntou.

- Eu só queria que você ficasse um pouco comigo... Eu vim morar aqui pra isso, né!?

- Sim, e eu vou ficar mais contigo... Hoje por exemplo, vamos na festa e vamos ficar juntos! - sorri e o abracei. - Você tá tão estranha...

- Não é nada!

- Já tô pronto, só falta você ir se arrumar!

Levantei e fui até o quarto, tomei banho e coloquei um vestido branco que ia ate a metade da coxa, um decote em V que era coberto por um tule cor de pele, o vestido era colado até a cintura e dali pra baixo rodadinho. Coloquei um salto branco, e deixei meus cabelos soltos. Usei um cordão com brilhantes prata e uma pulseira e brincos iguais. Desci, e ele abriu a boca. Eu ri.

- Tô pronta! - sorri.

- Tô vendo! - veio até mim, tomando minha boca em um beijo demorado.

- Vamos?

- Vamos!

Continua...

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