Um De Sete {BTS}

Mergulhar

A magia dentro de si se agita, como uma animal dentro de uma jaula pequena demais. É como uma estranho formigamento em seu interior, uma leve dormência enquanto seu coração acelerado e os pulmões frenéticos não a permitem voltar a dormir.

Tendo acordado no meio da noite por um motivo completamente inexistente, Annye se encontra sentada na própria cama, a penumbra do quarto envolvendo seu corpo arrepiado e o ventilador produzindo o vento que se choca contra e pele fumegante da menina, abraçada às pernas com o olhar perdido por entre o escuro.

Na tarde do último dia de seu treinamento, como prometido por Carina, a anfitriã avaliou a garota em todos os aspectos.

Mira tanto com revólveres quanto com facas, arco e flecha e qualquer coisa que ela pudesse atirar contra os alvos. A luta corporal e armada. O uso dos poderes, a resistência e, após perder uma aposta que fizera com Jimin, pulou no lado de águas cristalinas, porém misteriosamente frias, assim que a lua chegou ao ápice no céu.

Com a certeza oferecida pela Vidente de que, assim que a manhã do dia seguinte chegasse, a menina iria iniciar sua semana com Jungkook -que de forma quase metódica caiu exatamente numa segunda-feira- Annye vem pensando desde então o que a mais velha pode querer fazer.

Não que a garota esteja com medo de passar uma semana sozinha com o rapaz, que lhe lançou olhares quase desafiadores durante o jantar, mas a jovem não faz ideia de onde será, pois as palavras foram "...uma semana sozinha com cada menino...".

Como ficar completamente sozinha com alguém numa casa com mais sete pessoas?

Com um arrepio lhe percorrendo a coluna, Annye suspira, batendo a testa contra o joelho repetidas vezes.

Sem saber se é por conta do escuro ou da dormência que se espalhou por sua mente, Annye se vê andando pelos corredores, os pés colocando-se um frente ao outro em passos silenciosos, da forma como Namjoon lhe ensinou, enquanto a menina desce as escadas, logo abrindo a porta do salão de entrada e inspirando fundo o ar fresco da noite.

Além de afastado de qualquer centro urbano, a propriedade, com extensas terras, tem o campo de proteção mantido por Carina, o que deve explicar o fato de ser possível ver tantas estrelas no céu escuro, a lua iluminando cada folha que balança tranquilamente na brisa noturna.

Continuando seu caminho enquanto adentra as árvores, em momento algum os pés da menina fazem qualquer barulho. Mesmo com as folhas secas no chão e galhos obstruindo o caminho pelo qual a menina segue, apenas sua respiração, agora mais lenta, acompanhada pelo som das árvores que parecem se mover em direção ao brilho da lua ocupa seus ouvidos.

Quando as árvores começam a ficar mais espaçadas, por fim Annye se vê de frente para um dos três lagos que há no pequeno bosque ao lado da casa.

Este, sendo o maior, tem as águas mais limpas, mas ainda assim mais geladas.

Com as pequenas ondulações movendo a água, que reflete a lua, causadas pela queda de algumas folhas, Annye se abaixa sobre os calcanhares, mantendo o olhar fixos na pequenas ondas, sentindo seu corpo balançar-se suavemente a cada lufada macia do vento lhe embalando, as mechas de seu cabelo deslizando por seus braços e pescoço, acariciando-lhe a pele coberta por uma fina camada de suor.

Voltando a ficar de pé, sem movem o olhar do lago, Annye respira fundo, dando um passo à frente.

Com o pé direito já imerso na água, lhe enviando calafrios pelo corpo, Annye estica o outro pé, andando até que a água chegue em suas coxas expostas pelo pijama, uma camisola que Carina, na visão de Annye, manipulara a garota a usar, já que os shorts e as calças simplesmente desapareceram do guarda-roupa da menina.