Chuva

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As gotas, como sempre geladas, se chocam contra a pele protegida pela camada de calor criada pela magia da garota que se esforça no temporal.

Apesar de não estarem tão longe da civilização, as chuvas torrenciais ainda castigam a terra como se estivessem no meio de uma floresta.

Pleno terceiro dia ao lado de Hoseok, e Annye se pega admirando o sorriso do rapaz enquanto a própria se repuxa para cima, formigando ao imaginar como deve ser o contato com os lábios do rapaz que uma vez sequer beijara a garota, e deixando impaciente.

Em teoria, o sol deveria estar em seu pico, mas as nuvens pesadas ocultam parte de sua claridade. Forçando mais seus próprios músculos, Annye se ergue do chão pela milésima vez, sentindo o corpo reclamar quando tenta acertar o mais velho usando a espada, mas tudo o que consegue cortar é a água que cai em direção ao chão, a risada sussurrada lhe arrepiando por sobre a chuva.

- Atenção, Annye... - Ele cantarola. - Pare de pensar em como sou incrivelmente delicioso encharcado desse jeito e concentre-se no combate.

- Quando foi que deu para ler mentes? - Annye bufa, vendo as gotinhas espirrarem de seus lábios.

- Nunca, apenas deduzi que você esteja pensando sobre o mim o mesmo que estou vendo em você. - E com outra risada, é como se ele sumisse por entre a água, a voz ainda presente. - É bom saber que anda pensando coisas mais divertidas ao meu respeito, Annye.

- Divertidas... - Ela ri sozinha, repetindo a palavras baixinho. "Se ao menos soubesse a minha situação... não está muito divertido."

- Sabe por que é bom saber disso?

- Pois assim você pode se gabar mais tarde? - A risada dele agora soa atrás da menina, perto o bastante para que ela sinta as gotas lhe atingindo de outra ângulo, mas ao se virar, não encontra nada além dos vultos embaçados de milhares de gotas.

- Porque assim eu posso fazer isso sem tem meu peito perfurado pela espada que você segura. - E como a voz soa mais uma vez às suas costas, Annye faz menção de se virar, mas as mãos lhe envolvem antes, o corpo rígido colado ao seu.

As mãos são gélidas, sem vida. O corpo musculoso parece a engolir quando os braços se fecham ao seu redor, o cheiro insistente do perfume masculino que preenche o quarto todas as manhãs como um ótimo despertador lhe embriagando quando enterra o rosto na camiseta encharcada.

As mãos lhe pressionam a cintura, descendo sem pressa até os quadris, apertando sua bunda com vontade antes de retornarem, para a cintura, quase lhe erguendo do chão enquanto fica na ponta dos pés, procurando enxergar o rosto por entre as gotas que lhe chegam.

E ao erguer o rosto, Annye por fim pode parar de imaginar como seria beijar aquela boca, sentindo as língua se infiltrando por entre seus lábios, as presas roçando contra sua própria boca, a fazendo arfar, os dedos nos cabelos da nuca do mais alto.

Quando o ar passa a faltar dentro dos pulmões da garota, ela se afasta, mas ainda sente as presas lhe raspando pelo pescoço enquanto arfa, buscando por ar com mãos em seus quadris.

- Tudo bem que você não precisa respirar, mas eu ainda estou viva. - Annye resmunga, vendo o sorriso branco de Hoseok em sua frente, os lábios lhe tocando a pontinha do nariz num contraste de sensual para fofo que a faz se derreter nos braços do vampiro.

- Você está mais quente do que o normal. - Hoseok aponta, "testando a temperatura" da menina com mais um beijo. - Realmente... vamos entrar, não quero que pegue um resfriado.

- Mas não é... - Sem que possa terminar, já está no colo do mais velho.

E ao contrário de como se costuma carregar um doente, Hoseok a puxa pelas pernas, enlaçando-as na própria cintura enquanto abraça o corpo da menina, vendo-a sorrir com o rosto um tanto rubro.

Um De Sete {BTS}Onde histórias criam vida. Descubra agora