c a p í t u l o s e t e

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Estamos entrando e saindo de nadas

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Estamos entrando e saindo de nadas.
Como o Lance diz: que grande merda.
Estamos todos sendo massacrados por vazios.
Ninguém sabe o que está acontecendo, não há ninguém que possa nos ajudar.
Queria ao menos ter visto meus pais uma última vez, ter pedido desculpas por não chamá-los assim, por ter desobedecido suas ordens, passado por cima de suas regras e bagunçado suas normas.
Me desculpem. Eu sei que é tarde.
Somos os garotos de Raven Town, disse Pearce, perdidos em Raven Town.

— Johann Yungberg

Sempre que entrava em uma casa, Johann sentia a claustrofóbica sensação de estar sendo observado bem de perto

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Sempre que entrava em uma casa, Johann sentia a claustrofóbica sensação de estar sendo observado bem de perto. Sua teoria sobre o desaparecimentos das pessoas não era mais estranha que as demais, mas ele estava começando a achar que ela já não passava de uma simples suposição.

Com a ajuda de um banquinho azul de plástico, ele checou as caixas de cereais sortidos na parte mais alta do armário da cozinha dos D'Angelo. Com uma mochila cheia da pior comida já inventada e não havendo muito cereal naquelas caixas, ao contrário do que consistia o plano de "sair, encontrar comida e trazer essa comida", Johann resolveu comer tudo sozinho enquanto procurava algo mais... “cheio” para os outros.

Na geladeira dos D'Angelo, queijo fedido, ovos, alfaces murchos, pizza de algo verde e um belo pudim com muita calda enfeitiçavam os olhos e, principalmente, boca de um garoto, deveras, faminto. Ele largou as caixas na mesa e tateou a cozinha à procura de colher e qualquer coisa que comportasse aquele pudim gigantesco.

Após enfiar metade do doce numa panela e comer boa parte do que ficou para trás, o garoto continuou sua procura.

Biscoitos amanteigados se escondiam entre as maçãs de vidro na mesa do chá, sacos de carne desidratada e empanados de frango estavam bem ao lado dos hambúrgueres prontos, no freezer. Johann iria precisar de, ao menos, mais uma mochila para levar tudo aquilo. Ah, e costas, costas e braços bem fortes para suportar o peso.

Após enfiar o que conseguiu numa pequena mala com rodinhas que encontrou em um quarto, ele voltou a comer seus cereais e saiu da casa dos D'Angelo, sempre com a sensação de que os fantasmas dos moradores estariam lhe esperando do outro lado da porta para reclamar sua comida roubada, devorada e arruinada.

Os Garotos de Raven TownOnde histórias criam vida. Descubra agora